Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : junho 2013

Eleitores do Nordeste, mais velhos, menos instruídos, pobres e do interior sustentam Dilma Rousseff
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Fernando Rodrigues

Marina Silva já está à frente no Sudeste e entre jovens

Quando se faz um recorte na taxa de intenção de voto de Dilma Rousseff para presidente (29% a 30%, segundo o Datafolha), nota-se que a presidente se sustenta com base em eleitores do Nordeste, mais velhos, menos instruídos e os que vivem no interior.

O cenário ainda mais provável para a sucessão de 2014 inclui Dilma, Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Eles pontuam 30%, 23%, 17% e 7%, respectivamente.

Mas veja o que acontece com os 30% Dilma Rousseff quando se estratifica o resultado:

 

– Região: a presidente tem 45% no Nordeste contra apenas 22% no Sudeste, 27% no Sul e 28% no Norte/Centro-Oeste;

– Natureza do município: Dilma tem 24% em capitais e regiões metropolitanas e 34% em cidades do interior;

– Idade: a petista tem 33% entre os eleitores de 60 anos ou mais e 27% na faixa de 16 a 24 anos;

– Escolaridade: Dilma tem 38% dos votos dos eleitores com ensino fundamental, mas só 19% daqueles que têm curso superior;

– Renda familiar mensal: a presidente recebe o apoio de 36% da faixa até 2 salários mínimos e 19% no grupo que ganha mais de 10 salários mínimos.

 

O que tudo isso significa? Que o voto de Dilma Rousseff é bem menos homogêneo do que foi em levantamentos passados. E que os apoios estão no estrato do eleitorado que até hoje mais se beneficiou das políticas sociais petistas.

Nesse cenário (a petista contra Marina, Aécio e Campos), Dilma Rousseff já perde numericamente para Marina Silva no Sudeste (24% a 22%) e no Norte/Centro-Oeste (30% a 28%). A diferença percentual nesses casos está dentro da margem de erro, mas ainda assim é um sinal inédito para a presidente no atual ciclo eleitoral.

Entre os jovens de 16 a 24 anos, Marina Silva tem 31% contra 27% de Dilma.

No caso dos eleitores com nível superior, a diferença é grande: Marina vaia 33% contra apenas 19% de Dilma.

Eis as tabelas do Datafolha com todos esses dados (clique nas imagens para ampliar) apurados no levantamento de 27 e 28 de junho, com 4.717 pessoas em 196 cidades país (e margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos):

(clique na imagem para ampliar)

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Plebiscito ou crise
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Fernando Rodrigues

BRASÍLIA – O Planalto encalacrou o Congresso e deixou dois caminhos principais para deputados e senadores. Um deles é aprovar o plebiscito sobre a reforma política a jato, como deseja a presidente. A outra saída é derrotar Dilma Rousseff e dar início ao fim de seu governo. Leia mais (para assinantes do UOL e da Folha).


Um exemplo do que pensam aliados de Dilma
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Fernando Rodrigues

Frase agora no começo da tarde de um governador aliado do Palácio do Planalto:

“Dilma tem de demitir Guido Mantega já. Não é amanhã. É hoje. Precisa também fechar uns 10 ministérios. Dez é um bom número, redondo. Dar provas para a sociedade de que vai reorganizar o governo para atender as demandas reais da sociedade. Precisa chamar alguém para a Fazenda que tenha condições de conquistar a confiança dos agentes econômicos. Tem de chamar também mais umas duas pessoas da sociedade para ajudar o governo a ganhar credibilidade e interlocução. Ela precisa retomar aquele perfil de grande administradora, pensando em oferecer um governo eficiente. Tem de deixar a política de lado agora, proibindo que se fale em eleição de 2014. Se fizer tudo isso, quem sabe possa em 2014 ter condições de disputar”.

E mais: “Ela precisa demitir já esses 10 ministros que não servem para nada. Até porque, na segunda-feira [1º.jul.2014], imagine como  será a repercussão da reunião ministerial com 39 ministros, sendo que nem a metade terá o direito de falar alguma coisa? Uma desmoralização. Vai ficar cada vez mais evidente que ela tem dificuldade para governar e que era algo irreal a imagem de grande gestora. Ela precisa resgatar essa imagem, pois é isso que a segurava com força antes da atual crise”.

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“Dilma está muito atenta a isso”, disse João Santana em novembro de 2012
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Fernando Rodrigues

Vale a pena ler a análise do marqueteiro a presidente há poucos meses

“Há um desejo de continuidade forte, e nenhum sinal de fadiga de material”

Em entrevista à Folha, na edição de 26 de novembro de 2012, o marqueteiro João Santana foi indagado sobre se estaria em gestação na sociedade brasileira algum novo tipo de demanda que poderia desafiar a permanência do PT no poder.

Santana disse que “mudanças sóciodemográficas alteram algumas demandas”, mas que a presidente “Dilma está muito atenta a isso”.

Para ele, havia no final de 2012, “um desejo de continuidade forte, e nenhum sinal de fadiga de material, o PT sai vencedor nesse debate”. Sobre Dilma: “Ela está [em novembro de 2012] com uma imagem boa e num patamar raro. E qualitativamente vai melhorar ainda mais”.

E o prognóstico para 2014: “De todos os [candidatos] que apareceram, só tenho certeza mesmo sobre o nome de Dilma Rousseff. Ela será candidata e vai ganhar a eleição. Provavelmente no primeiro turno”.

Uma ressalva: João Santana não foi o único a ter dificuldade para antever o que se passa agora. Há cerca de um mês, todos os analistas políticos ainda não enxergavam as mudanças que estavam para ocorrer no país. O máximo que se dizia era que o discurso de “o Brasil melhorou, mas dá para fazer mais” seria insuficiente para alavancar algum candidato de oposição tradicional. Essa avaliação se mantém, pois os nomes dos partidos do establishment anti-PT não estão se saindo melhor do que Dilma na nova conjuntura.

Eis aqui o trecho que merece ser lido da entrevista de João Santana:

Folha – Com a ascensão de muitos brasileiros para a classe média não mudam os patamares? As demandas?
João Santana –
As mudanças sóciodemográficas alteram algumas demandas, mas as questões centrais permanecem: melhorar a vida, mais oportunidade, mais serviços públicos de qualidade, emprego e segurança. Dilma está muito atenta a isso.

Folha – Mas em 2014 o eleitor pode dizer: o PT está no poder há 12 anos e muita coisa ainda está ruim…
João Santana –
Se for assim, o PT também poderá dizer que está no poder há 12 anos e tudo o que está bom é por causa de sua administração. E vai dizer, ainda, o que pode melhorar. E como há um desejo de continuidade forte, e nenhum sinal de fadiga de material, o PT sai vencedor nesse debate.

Folha – Por quê?
João Santana –
Primeiro, a imagem de Dilma. Ela está com uma imagem boa e num patamar raro. E qualitativamente vai melhorar ainda mais. Segundo, o grau de afinidade dela com o Lula. Terceiro, depois que passou a haver reeleição para presidente, o brasileiro tende a pensar num ciclo de oito anos para presidente. E, por último, a oposição não tem candidatos fortes nem vai ter tempo nem circunstância para construir um projeto competitivo.

Folha – E a economia?
João Santana –
Terá um papel importante, porém, não o único. Na hipótese que me parece completamente improvável de a economia ter sérios abalos, a população verá Dilma com muito mais capacidade de controlar o timão num momento de crise do que alguém da oposição.

Folha – Como FHC em 1998?
João Santana –
O que eu quero dizer é que com a economia em bom estado, Dilma está fortalecida. Com uma crise, que não virá, ela também estaria. Porque com o cardápio de candidatos que está sendo oferecido, as pessoas vão confiar muito mais nela. Isso não falo da minha cabeça, mas de simulações que a gente faz. E mais, a percepção da crise internacional é forte em todas as camadas socioeconômicas do Brasil. O pobre está vendo todos os dias na TV como estão os Estados Unidos, a Europa.

Folha – Dos nomes citados para 2014, quem deve mesmo concorrer?
João Santana –
De todos os que apareceram, só tenho certeza mesmo sobre o nome de Dilma Rousseff. Ela será candidata e vai ganhar a eleição. Provavelmente no primeiro turno.

Folha – No primeiro turno?
João Santana –
Tem todas as condições. Não será surpresa [risos].

Folha – Aécio Neves é competitivo?
João Santana – Mais para o futuro. Não me parece que vai chegar com força suficiente em 2014.

Folha – Eduardo Campos?
João Santana – Acho que ele é muito inteligente para querer ser candidato. Ele sabe que o melhor momento dele será depois.

Folha – Joaquim Barbosa?
João Santana – Acho também que é uma pessoa inteligente e saberá tomar a decisão certa. Caso se candidatasse poderia ter um final de carreira melancólico. Não se elegeria, faria uma campanha ruim e teria uma votação pouco expressiva. Não tem apelo para ser candidato presidencial.

Folha – Joaquim Barbosa não tem apelo?
João Santana –
Certeza absoluta. Mesmo com os pontos positivos que tenha, não tem perfil de presidente. Não tem preparo político para enfrentar o embate de uma campanha. Não tem base partidária que lhe forneça uma estrutura sólida. O povo separa bem as coisas: sabe que uma coisa é ser juiz outra é ser presidente.

Folha – Marina Silva?
João Santana – É uma boa candidata, mas acho que neste interstício de dois anos ela perdeu muito espaço. E não conseguiu recompor uma base partidária. Ela saiu bem da campanha de 2010, mas perdeu o vigor nesses dois anos, durante os quais poderia ter feito um trabalho mais consistente.

Folha – Ciro Gomes? Acabou o ciclo dele?
João Santana – Não sei nem se ele tem condições de se impor como candidato em seu partido.

Folha – E Lula em 2014?
João Santana – Não quer ser candidato a presidente da República, em 2014. Defende, de toda alma, a reeleição de Dilma.

Folha – A presidente está fazendo uma aliança partidária muito ampla para 2014. Deixa poucas opções para o PSDB. Essa é a ideia?
João Santana – Isso é muito bom se se confirmar em 2014. Porque Dilma vai ter condições de mostrar muita coisa que ela tem realizado e isso será possível na campanha eleitoral.

Folha – Para esse cenário se consolidar é importante que o PSB e Eduardo Campos se mantenham na aliança dilmista?
João Santana – O ideal não só para a presidenta Dilma como para Eduardo Campos é que o PSB fique no campo governista. Ele poderia se transformar num forte candidato para 2018.

Folha – Mas o PT jamais apoiaria para presidente um nome do PSB…
João Santana –
Não sei. Isso aí é o PT que pode responder. Mas que Eduardo Campos seria um candidato a presidente melhor em 2018 do que seria em 2014, sem dúvida alguma.

Folha – O que Eduardo Campos ganharia esperando até 2018? Não é melhor concorrer em 2014 para acumular capital político?
João Santana –
Depende. Visto de um lado, sim. Visto de outro, não. Se você examinar, historicamente, entre os candidatos que seguiram essa linha de acúmulo gradativo de forças só houve um que se saiu bem nesta estratégia, que foi Lula. Adhemar de Barros [1901-1969] foi um caso patético. Leonel Brizola [1922-2004] fracassou. Ciro Gomes não teve resultados. Então, é uma faca de dois gumes. Um candidato jovem que vem pela linha da renovação torna-se muito mais forte se trabalhar no momento preciso, com impacto, do que tentar no varejo, aos pouquinhos. Foi o que aconteceu, positivamente, com Haddad em São Paulo: chegou no momento correto e causou uma grande surpresa. Por sinal, Fernando Haddad tem tudo para ser presidente da República, em 2022 ou 2026. É jovem, vai fazer um bom governo em São Paulo…

Folha – Não é muita futurologia?
João Santana – É… Mas se a política não permite futurologia, as entrevistas permitem. Fernando Haddad tem hoje 49 anos. Tem tudo para fazer uma grande administração em S. Paulo. Vai ficar oito anos em São Paulo, porque ele vai se reeleger. Em 2022, 2026, vai ter um pouco menos ou um pouco mais de 60 anos.

Folha – Esse seu raciocínio é todo construído a favor do projeto da reeleição de Dilma. Se Eduardo Campos se lançar candidato a presidente em 2014, ele não força a realização de um segundo turno?
João Santana – Se a eleição fosse hoje, novembro de 2012, Dilma ganharia no primeiro turno. Se fossem candidatos de oposição, a Aécio Neves e Eduardo Campos não teriam, somados, 10% dos votos. Não significa, obviamente, que não possam melhorar. Mas uma mudança grande só poderia ocorrer caso haja fortes mudanças no quadro politico, econômico e social. Isso parece muito pouco provável.

Folha – O sr. citou Fernando Haddad como presidenciável. Mas em 2014 tem eleição para o governo paulista. Haddad pode ser o nome do PT nessa disputa?
João Santana – Ele não quer e sabe que seria um erro mortal repetir a mal sucedida experiência de Serra. O PT não precisará de Haddad para vencer as eleições. Tem outras nomes para isso.

Folha – Qual deve ser o candidato do PT a governador de São Paulo em 2014?
João Santana – Não sei, é uma decisão do partido. Mas vou fazer uma provocação. É uma pena o nosso candidato imbatível, Lula, não aceitar nem pensar nesta ideia de concorrer a governador de São Paulo. Você já imaginou uma chapa com Lula para governador de São Paulo tendo Gabriel Chalita, do PMDB, como candidato a vice? E mais do que isso. Já imaginou o que seria, para o Brasil, Dilma reeleita presidente, Lula governador de São Paulo e Fernando Haddad prefeito da capital? Daria uma aceleração incrível no modelo de desenvolvimento econômico e avanço social que o Brasil vem vivendo.

Folha – Lula vai ser candidato?
João Santana – Ele não aceita. Se isso sair publicado ele vai xingar até a minha quinta geração.

Folha – Já conversou com ele a respeito?
João Santana – Não, mas sei que ele não aceita.

Folha – Como sabe que ele não aceita se não conversou com ele?
João Santana – Sei por conversas com interpostas pessoas.

Folha – E qual será o nome do PT para concorrer ao Bandeirantes?
João Santana – Há vários nomes. Marta Suplicy, Aloizio Mercadante, Alexandre Padilha, José Eduardo Cardozo, Luiz Marinho. Todos muito fortes.

Folha – Quem Lula prefere?
João Santana – A coisa mais difícil do mundo é saber quem Lula deseja antes que ele queira que as outras pessoas saibam. Há uma necessidade forte de renovação, uma onda que já passou pela capital. Todos são nomes muito bons e dentro de um campo de renovação. Agora, me parece que o sempre novo e cada vez mais novo é Lula. Sua candidatura, em São Paulo, inclusive não iria contrariar esse sentimento de renovação. Ao contrário. Seria reforçado pela capacidade que ele tem de se renovar.

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Influência de Dilma tende a derreter no Congresso
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Fernando Rodrigues

Chegou a hora de a presidente Dilma Rousseff experimentar para valer a antipatia que construiu laboriosamente nos últimos dois anos e meio entre deputados e senadores. A queda de 27 pontos em sua popularidade, medida pelo Datafolha, será sentida agora a cada necessidade de negociação.

Na relação com os congressistas, presidentes da República são temidos ou admirados. Às vezes, raramente, as duas coisas. Dilma era sempre muito temida até maio passado, pois tinha a popularidade mais alta entre todos os ocupantes do Palácio do Planalto pós-ditadura nesta fase do primeiro mandato.

Do alto de sua aprovação popular, a petista acostumou-se a agir de forma imperial. Não dava entrevistas, exceto para a mídia amiga com quem podia opinar sobre novelas e culinária.

Até agora, foi fácil se comportar como um Emílio Garrastazu Médici sentado dentro do Planalto, ouvindo o jogo da seleção brasileira pelo rádio e olhando com desdém para o Congresso, do outro lado da Praça dos Três Poderes. Agora, com uma aprovação mais próxima da de João Figueiredo, o cenário ganha em complexidade.

Políticos são pragmáticos. Não gostam de arranjar briga com uma presidente da República que é bem avaliada e ruma para a reeleição.

Na nova conjuntura em formação, entretanto, o poder da presidente tende a derreter momentaneamente dentro do Congresso. Ela poderia compensar essa perda de popularidade com as relações pessoais e políticas. Ocorre que essas relações sempre foram muito tímidas ou inexistentes, por decisão da própria Dilma.

O Blog conversou ao longo da sexta-feira, 28.jun.2013, com vários presidentes de partidos e com líderes governistas no Congresso. Todos apoiaram a ideia do plebiscito para a reforma política de nariz virado. Em público, fingiram muito bem. Faz parte.

Na semana que vem, a conjuntura talvez mude. Os deputados e senadores devem se sentir mais à vontade para exercer sua sinceridade em público, quando tiverem de manifestar suas impressões sobre a forma como Dilma Rousseff conduz seu governo.

Mas é importante fazer duas ressalvas.

Primeiro: essa pesquisa foi realizada agora, no auge dos protestos de cidadãos indignados. Não é certo que algum outro político possa herdar de maneira definitiva o capital político-eleitoral que antes estava com Dilma e o PT para 2014. É necessário esperar mais algum tempo, talvez alguns meses, para saber como o cenário atual vai decantar.

Segundo: no auge do mensalão, em 2005, Luiz Inácio Lula da Silva também foi dado como morto e sua popularidade ficou num nível baixo e similar ao de Dilma agora. O restante da história é conhecido: o país voltar a crescer de maneira vigorosa e o petista foi reeleito em 2006.

O que diferencia o cenário de hoje do de 2005 é algo muito simples. O presidente lá atrás era Lula: um político esculpido na escola das negociações difíceis e das relações pessoais sólidas com seus aliados. Hoje, a presidente é Dilma, uma política quase sem grupo de confiança com quem possa governar nem um círculo generoso de amizades no Congresso.

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Transparência Brasil quer PEC para reduzir número de cargos de confiança
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Fernando Rodrigues

A Transparência Brasil enviou nesta 4ª feira (26.jun.2013) a todos os membros do Congresso Nacional manifesto pela redução do número de cargos de confiança. A entidade afirma que a livre nomeação de servidores não concursados é a “grande geradora de ineficiência e corrupção” no país.

Na carta, o diretor da Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, sugere uma proposta de emenda constitucional que limite essa prática nos três poderes da República, nas esferas municipal, estadual e federal. Hoje, não há nenhuma lei que defina um teto de nomeação de funcionários de confiança em todo o país.

Segundo artigo acadêmico publicado no Blog, a capacidade dos órgãos públicos para fazer o seu trabalho está diretamente relacionada ao número de cargos de confiança. Quanto maior o aparelhamento por indicações políticas, menor a capacidade.

Apesar da profusão de notícias sobre mau uso de verbas públicas na esfera federal, a Transparência Brasil alerta que o loteamento de cargos é ainda pior nas esferas municipais e estaduais. A prática, para a entidade, neutraliza a efetividade dos partidos políticos e destrói a independência do Poder Legislativo, pois coopta seus integrantes em troca de cargos.

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52 jornalistas sofreram agressões em protestos
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Fernando Rodrigues

Levantamento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) indica que 52 jornalistas sofreram algum tipo de agressão durante a atual onda de protestos de rua em todo o Brasil.

O estudo mostra que 34 agressões e ameaças foram de autoria da polícia, 12 vieram dos próprios manifestantes e ocorreram também 6 prisões –tudo em 11 cidades brasileiras.

“São Paulo foi o local onde houve mais casos –25, quase a metade do total. Fortaleza vem logo em seguida, com seis casos. O Rio de Janeiro teve cinco. O jornal Folha de S.Paulo foi o veículo com mais vitimas: 7 profissionais, entre repórteres e fotógrafos”.

No site da Abraji está disponível uma tabela com a relação completa dos jornalistas que sofreram as agressões e um breve relato de cada episódio.

O levantamento é parcial: há casos que podem não ter sido computados por diversas razões, inclusive quando veículos ou jornalistas preferem não ter suas estatísticas divulgadas.

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OAB e MCCE devem retirar apoio ao plebiscito
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Fernando Rodrigues

Ordem dos Advogados e Movimento Contra Corrupção Eleitoral não querem alterar Constituição

Quando foram recebidos pela presidente Dilma Rousseff, na última segunda-feira (24.jun.21013), representantes da OAB e do MCCE saíram do encontro com a impressão de que o governo se convencera de que não deveria incluir itens constitucionais na proposta de plebiscito para a reforma política.

Só que o Palácio do Planalto tem reiterado que o possível plebiscito deve incluir perguntas sobre forma de votação (sistema distrital ou proporcional), algo que só pode ser feito com alteração constitucional. Por essa razão, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o MCCE (Movimento Contra Corrupção Eleitoral) devem retirar o eventual apoio que dariam ao governo durante o processo de reforma política.

“Houve uma conclusão na reunião de segunda-feira com a presidenta. Saímos com uma conclusão coletiva: que o plebiscito seria feito nos moldes da Constituição de 88. Ou seja, sem incluir alterações constitucionais. Agora, fico surpreso com as informações de que o governo vai incluir temas como voto distrital no plebiscito”, diz o juiz Márlon Reis, representante do MCCE e um dos idealizadores do movimento que culminou com a Lei da Ficha Limpa.

Segundo Márlon, “houve manifestação de concordância” de todos os representantes do governo presentes na reunião de segunda-feira sobre os limites do plebiscito. Estavam no encontro a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente, Michel Temer, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Os três concordaram que não deveria se mexer na Constituição”, relata o juiz.

Do jeito que as coisas acabaram sendo encaminhadas, “o MCCE cai fora”, afirma Marlon. “Acredito que a OAB também não participará, mas não falo em nome da entidade”, diz.

post scriptum 1: depois da publicação deste post, a OAB soltou a seguinte nota:

Plebiscito não pode alterar a Constituição, adverte OAB

Ao receber nesta quinta-feira (27) o constitucionalista Paulo Bonavides, o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado, afirmou que a entidade irá lutar para que as perguntas a serem incluídas no plebiscito a ser realizado sobre reforma política não levem a alterar a Constituição em vigor. “Em hipótese alguma o plebiscito deve propor mudanças na Carta, pois estaríamos caindo numa Constituinte plebiscitária, e ferindo o próprio texto constitucional”, disse. “A crise precisa encontrar soluções dentro do marco da Constituição de 1988; ela é o remédio”.
Na mesma linha de pensamento, Paulo Bonavides advertiu para os riscos de uma Constituinte plebiscitária que, na sua opinião, significaria uma ruptura. Mudança na Constituição, lembrou, se faz por PEC (Proposta de Emenda Constitucional). Esse entendimento reforça a posição da OAB, pela qual o plebiscito deve se limitar aos aspectos infraconstitucionais para uma reforma política abrangente, ou seja, ao que efetivamente deve mudar para que o processo eleitoral espelhe a vontade da população. Por exemplo, se a população concorda ou não proibir as empresas de financiarem campanhas de candidatos.
“Estamos diante de um momento delicado de nossa vida institucional, que exige uma reflexão séria e responsável sobre as mensagens que nasceram das manifestações de ruas”, afirmou Bonavides. Aos 90 anos, ele é um dos mais respeitados constitucionalistas da história do país, agraciado com a Medalha Rui Barbosa do Conselho Federal da OAB. “Seria um paradoxo resolver a atual crise alterando a Constituição”, disse o jurista.
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post scriptum 2: às 21h05, o juiz Márlon Reis enviou a seguinte mensagem:

Estimado Fernando Rodrigues,
A propósito do encontro da OAB e do MCCE com a presidente Dilma Roussef, não posso supor qual será a postura da Ordem dos Advogados do Brasil em caso de possível inserção, no plebiscito sobre a Reforma Politica, de temas de natureza constitucional. Da parte do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, é certo que a rede discutirá o tema para definir uma posição oficial, deixando claro que de fato confiamos na manutenção dos parâmetros definidos na aludida reunião.
Márlon Reis

 

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Políticos de tocaia
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Fernando Rodrigues

BRASÍLIA – A estratégia de emparedar os políticos deu um pouco de oxigênio político para Dilma Rousseff. Ela aparece na mídia como a “rainha” que faz anúncios sobre como melhorar o Brasil. Magnânima, recebe representantes do Movimento Passe Livre. Coloca governadores e prefeitos de capitais nos seus lugares, mudos, apenas fazendo figuração numa cerimônia no Planalto. Leia mais (para assinantes do UOL e da Folha).