Blog do Fernando Rodrigues

Senado vota na 4ª projeto de repatriação de recursos de brasileiros
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Proposta faz parte da lista da “Agenda Brasil”

Renan Calheiros deseja mudar agenda da crise

Projeto é de Randolfe Rodrigues, do PSOL-AP

Receita para governo pode ir até a R$ 150 bi

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor do projeto da repatriação

Está marcada para esta 4ª feira a votação do projeto de lei que trata da repatriação de recursos de brasileiros depositados ilegalmente no exterior.

De autoria do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o projeto de lei faz parte da chamada “Agenda Brasil”,  a lista de 28 temas anunciados na 2ª feira pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em conjunto com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

A decisão de votar o projeto (PLS nº 298) foi tomada na reunião de hoje (11.ago,2015) entre os líderes de partidos representados no Senado.

Segundo a assessoria de Randolfe Rodrigues, “O Banco Mundial estima que brasileiros detenham, no exterior, ativos que podem chegar a R$ 500 bilhões”.

Se o projeto for aprovado, brasileiros poderão regularizar seus recursos pagando uma alíquota de 35% sobre o total dos recursos. Dessa forma o governo poderá entesourar de R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões.

Se o PLS 298 for aprovado, ainda terá de ser votado pela Câmara dos Deputados antes de seguir para a sanção da presidente Dilma Rousseff.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Conheça a “Agenda Brasil”, tentativa do governo para debelar a crise
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Joaquim Levy fala à imprensa após reunião com Renan – 10.ago.2015 (Ag. Brasil)

Planalto negocia 28 propostas polêmicas:

– regulamentar trabalhadores terceirizados

– revisar marcos jurídicos de áreas indígenas

– acelerar a liberação de licenças ambientais

– cobrar dos mais ricos pelo uso do SUS

– ampliar a idade mínima para aposentadoria

– vender terrenos da Marinha e prédio militares

A presidente Dilma Roussseff autorizou a sua equipe econômica a negociar com os governistas do Senado uma ampla pauta com medidas que possam ajudar a arrefecer a crise política e sinalizar para o final das dificuldades econômicas do país.

O documento ''Agenda Brasil'' contém itens polêmicos. Tudo foi formatado ao longo do dia de hoje (10.ago.2015). Participaram das reuniões na residência oficial da presidência do Senado os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Edinho Silva (Secom) e Eduardo Braga (Minas e Energia). Por parte dos senadores estiveram os peemedebistas Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE).

O ministro Joaquim Levy ficou de dar uma resposta às 16h de 4ª feira (12.ago.2015) a respeito de quais temas o Planalto considera mais prioritários  -e politicamente viáveis. O ministro da Fazenda deverá apresentar a posição do governo a Renan Calheiros e a um grupo de líderes de siglas pró-Dilma.

O Senado, do seu lado, também analisará todos os itens e dirá ao ministro quais são as votações mais exequíveis da chamada “Agenda Brasil”. Nesta 3ª feira (11.ago.2015), às 15h, o presidente do Senado, Renan Calheiros, comanda uma reunião de líderes partidários para definir a pauta da Casa.

PAUTA POLÊMICA
A chamada ''Agenda Brasil'' está dividida em três áreas: ''Melhoria do ambiente de negócios e infraestrutura'', ''Equilíbrio Fiscal'' e ''Proteção Social''. O texto traz propostas novas e defende algumas que já estão em discussão, como a ''Lei de Responsabilidade das Estatais''.

Há muitos temas polêmicos propostos. Por exemplo, ''regulamentar o ambiente institucional dos trabalhadores terceirizados, melhorando a segurança jurídica face ao passivo trabalhista potencial existente e a necessidade de regras claras para o setor''.

Segundo Renan Calheiros, não será um ''liberou geral'', mas uma regularização de quem já atua de maneira terceirizada. ''O país não pode ignorar que existem hoje 13 milhões de trabalhadores terceirizados'', diz o peemedebista. Para o presidente do Senado, o país precisa enfrentar esse passivo regulatório para se tornar mais atraente para investimentos e ''para que o Brasil não perca o grau de investimento que está para ser reavaliado pelas agências de classificação de risco''.

O trecho sobre infraestrutura da ''Agenda Brasil'' propõe, a ''revisão dos marcos jurídicos que regulam áreas indígenas'', com o objetivo de ''compatibilizá-las com as atividades produtivas''. Também será revista a legislação sobre ''investimentos na zona costeira, áreas naturais protegidas e cidades históricas'', para ''incentivar novos investimentos produtivos''.

O governo quer ainda acelerar a liberação de licenças ambientais, estabelecendo prazos para a liberação deste tipo de autorização.

Chamada de “PEC [proposta de emenda constitucionais] das obras estruturantes”, essa medida se propõe a “estabelecer processo de fast track [caminho rápido] para o licenciamento ambiental” para obras listada no PAC (programa de aceleração do crescimento).

No trecho sobre os programas sociais, o documento sugere mudanças no funcionamento do SUS. Eis uma medida proposta: ''Avaliar a possibilidade de cobrança diferenciada de procedimentos do SUS por faixa de renda. Considerar as faixas de renda do IRPF''. Ou seja, em teoria, passar a cobrar de quem é mais rico por atendimentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde –que hoje é universal e trata de pobres e ricos, indistintamente.

Ainda sobre o sistema de saúde: ''Avaliar a proibição de liminares judiciais que determinam o tratamento com procedimentos experimentais onerosos ou não homologados pelo SUS''. Nesse caso, hospitais e planos de saúde privados poderiam mais facilmente se livrar de alguns atendimentos aos seus clientes.

Para a Previdência Social, a ''Agenda Brasil'' fala em outra medida há muito tempo desejada pelo governo: ''Ampliar a idade mínima para aposentadoria''.

De interesse do governo, para aumentar a arrecadação, há medidas como a imposto sobre heranças com alíquota de 25%,  venda de terrenos da Marinha e de edificações militares e ''favorecer maior desvinculação orçamentária, dando maior flexibilidade ao gasto público''.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Todas as intrusões de Lula têm sido muito ruins, diz Ciro Gomes
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Ex-candidato a presidente vê “golpe em marcha”

Dilma Rousseff perdeu “a capacidade de iniciativa”

Ciro-Foto-AlanMarques-Folhapress-17nov2011

Ciro Gomes, que acha que Lula passou os últimos meses ''conspirando'' e ''dando sustos'' em Dilma

Ex-ministro da Fazenda e candidato a presidente duas vezes, Ciro Gomes acha que “todas as intrusões de Lula têm sido muito ruins” para a atual conjuntura política brasileira.

Na avaliação de Ciro Gomes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalhou nos últimos meses ''conspirando'' e “dando sustos” em Dilma Rousseff. Não contribuiu para acalmar o ambiente, disse ele ao Blog.

“Se estivesse se preservando, uma palavra dele [Lula] seria muito importante agora”, diz Ciro –que no momento atua na iniciativa privada, na CSN, onde é diretor e responde pelo projeto da ferrovia Transnordestina.

Sobre voltar à política, Ciro responde de maneira aberta: “Não tenho obsessão de ser candidato”. Ele e o irmão, Cid Gomes, estão próximos de uma filiação ao PDT. Farão uma grande reunião com o grupo político que lideram no dia 17 de agosto, em Fortaleza (CE).

Para Ciro, “está em marcha um golpe” que “vai tornar o país ingovernável por uns 20 anos”. A situação se agrava porque “a população está se sentido traída, enganada. A Dilma mentiu para a população. O PT e Lula, também”.

Uma solução possível seria usar a “virtude do fundo do poço”. Como tudo está muito ruim nas frentes política e econômica, restaria a Dilma “reconciliar-se com quem a elegeu”. Por exemplo, “adotar uma política para impedir a desindustrialização do país”.

O problema, diz Ciro, é que a presidente “perdeu completamente a capacidade de iniciativa”. Deveria fazer agora o ajuste na economia que sempre quis. “Deveria ‘apagar a luz’ no mercado de câmbio e deixar flutuar a cotação do dólar. Abaixar a taxa de juros drasticamente. O cenário da inflação fica imponderável, mas não é que a inflação vai necessariamente subir”.

Na avaliação do ex-ministro, “se ela [Dilma] não tomar essas decisões agora, fará tudo depois, de maneira selvagem”. Por quê? “Porque vai cair o ‘rating’ do Brasil. Não tem saída. Depois vai ficar muito mais difícil”. O “rating” é a nota que as agências de classificação de risco dão para países e empresas.

Outra dificuldade apontada por Ciro é a qualidade da equipe da presidente. Por exemplo, o ministro da Fazenda. “Joaquim Levy é uma boa pessoa para ser tesoureiro. Ele está construindo uma erosão fiscal sem precedentes. Nesse ritmo, as reservas do país duram só um ano e meio”.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Dilma empodera Renan e manda equipe econômica discutir com ele nova agenda
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

O presidente do Senado, Renan Calheiros, durante entrevista no Congresso Nacional (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Renan Calheiros, que discute uma nova agenda com a equipe econômica nesta semana

Presidente do Senado tem reunião nesta 2ª com Nelson Barbosa

Ideia é montar pauta positiva para afastar crise do Congresso

A presidente Dilma Rousseff está cada vez mais próxima do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). É uma tentativa do governo para se contrapor ao isolamento político entre o Executivo e o Legislativo.

O Planalto tem empoderado Renan na esteira das divergências que surgiram –e parecem instransponíveis– com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que anunciou rompimento com o governo.

Nesta segunda-feira, Dilma pediu ao ministro Nelson Barbosa (Planejamento) que fosse a uma reunião com Renan às 14h para tratar de uma nova agenda que possa suplantar a pauta negativa que dominou o Congresso nos últimos meses.

Trata-se de uma vitória política de Renan. Há meses o peemedebista vem discursando a respeito da necessidade de o Planalto sinalizar com algo mais além do amargo ajuste fiscal e os cortes no Orçamento.

Na semana passada, Renan teve encontros separados com Joaquim Levy e com a própria Dilma. “Temos de mudar essa pauta ruim que tem nos sufocado”, tem dito o presidente do Senado em repetidas entrevistas.

A ideia é definir alguns eixos de atuação, que vão incluir algum reforço de programas na área social. Devem também ser fechadas prioridades na área fiscal, na de infraestrutura e o que Renan chama e ambiente mais propício para os negócios no país.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Depois dos deputados, Dilma recebe senadores para megajantar no Alvorada
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Alvorada-Foto-IchiroGuerra-21set2011-Presidencia-da-Republica

Palácio da Alvorada, onde Dilma oferecerá jantar a senadores na 2ª feira

Encontro na 2ª feira terá cerca de 70 convidados

Além dos senadores, ministros também participam

Presidente quer ganhar tração política e demonstrar reação

As portas do Palácio da Alvorada serão novamente abertas nesta 2ª feira (10.ago.2015), como na semana anterior. Desta vez, a presidente Dilma Rousseff convidou todos os senadores considerados governistas para um megajantar junto com seus ministros.

O objetivo é tentar alinhar os governistas para que evitem votar propostas que possam criar ainda mais problemas para o controle das contas do governo. Dilma também deseja convencer os senadores a votar projetos pendentes do ajuste fiscal. Por fim, a presidente busca ganhar um pouco de tração na área política, para demonstrar que pode sair da posição de grande fragilidade em que se encontra.

A estratégia não funcionou na semana passada. Dilma recebeu os líderes de partidos aliados ao Planalto com representação na Câmara –19 siglas. Foram também alguns senadores, mas o evento era para tentar unificar os governistas da Câmara.

Na 3ª feira passada, um dia depois de terem sido recebidos por Dilma no Alvorada, os partidos ditos governistas impuseram várias derrotas à presidente.

Agora, no Senado, a tentativa será na mesma linha. Como o número de partidos é menor, será possível chamar não só os líderes de cada sigla, mas todos os considerados aliados –o total de convidados deve ficar entre 40 e 50 senadores.

Dilma passará a 2ª feira no Maranhão, onde vai entregar unidades do programa Minha Casa, Minha Vida. Ela tem chegada prevista de volta a Brasília às 17h40. A petista pretende fazer uma reunião preliminar apenas com os líderes partidários, antes do jantar, para afinar os discursos.

Não estava claro se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), será convidado para o jantar de 2ª feira. Ele esteve com Dilma na semana passada e tem se reaproximado do Planalto.

O problema é que, na semana anterior, não foi convidado para o jantar com deputados o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Se Renan estiver no jantar desta 2ª feira, ficará mais explícito que Dilma decidiu mesmo se afastar de Cunha para se aproximar de Renan.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Sérgio Moro prorroga prisões de ex-assessor e de irmão de José Dirceu
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

O juiz Sérgio Moro autorizou a prorrogação por 5 dias das prisões temporárias de Roberto Marques, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva e Pablo Alejandro Kipersmit, todos recolhidos à carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, durante a Operação Pixuleco.

Roberto Marques, o Bob, foi durante muitos anos assessor de José Dirceu. Luiz Eduardo é irmão de Dirceu. Aqui, a decisão de Sérgio Moro.

O maior temor da defesa do ex-ministro da Casa Civil, também preso em Curitiba, é a prisão por muito tempo de Bob e de Luiz Eduardo. Eles não teriam o mesmo estoicismo de Dirceu para permanecerem presos muito tempo e não contarem mais detalhes a respeito do que a está sendo investigado na Lava Jato.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Dilma convoca reunião da coordenação política para domingo à noite
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Boa Vista - RR, 07/08/2015. Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de entrega de 747 unidades habitacionais dos Residenciais Pérola VI e VII e Ajuricaba, do Programa Minha Casa Minha Vida. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma foi hoje (7.ago) a Roraima. Segunda, vai ao Maranhão. A crise fica em Brasília

Presidente que reagrupar aliados no Congresso

PT e PMDB terão de ceder cargos a aliados

Alteração no ministério estará em pauta

Mercadante continua sendo o mais criticado

Como viajará para o Maranhão na 2ª feira (10.ago.2015) cedo, a presidente Dilma Rousseff antecipou para domingo à noite a reunião de sua coordenação política. Será às 19h, no Palácio da Alvorada.

Participam os ministros palacianos, o vice-presidente da República e alguns líderes governistas no Congresso.

A pauta é densa. Entre outros temas, estará em discussão algum tipo de reforma ministerial, a demissão de pessoas que ocupam cargos federais, mas seus partidos não dão votos no Congresso. E, mais sensível de tudo, a eventual troca de ministros palacianos.

O titular da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é dado como um peso morto na articulação política pela maioria dos partidos aliados ao governo. Além de ter sido citado na Operação Lava Jato (ele nega envolvimento), Mercadante não interage com o Congresso de maneira positiva.

Nesta semana, Mercadante fez elogios públicos à oposição. Um aliado que assistia disse: “Agora ele se superou. Além de não agradar quem é do governo, passou a afagar a oposição”.

Essa inoperância das ações erráticas do Planalto, como as de Mercadante, serão tema do encontro de domingo à noite.

ROUPA SUJA – PT X PMDB
Fale com o PMDB e a frase é sempre a mesma: “O PT não entrega os cargos e não temos como atender aos outros partidos aliados”.

Fale com o PT e a frase é sempre a mesma: ‘O PMDB não entrega os cargos e não temos como atender aos outros partidos aliados”.

Trata-se da típica situação em que os dois lados têm razão. O PT, em número de cargos, está mais bem servido. Mas o PMDB tem postos considerados mais “saborosos” (por terem orçamentos maiores).

Um exemplo sempre citado por petistas é o caso do PSD, de Gilberto Kassab, atual ministro das Cidades. Com uma bancada de 34 deputados, o PSD é altamente infiel ao Planalto.

A gênese da traição do PSD está sobretudo em 4 Estados, nos quais cobiça indicar pessoas para cargos federais hoje ocupados por peemedebistas –nas áreas de portos, pesca e saúde. No Pará, o domínio é de Jader Barbalho. No Amazonas, de Eduardo Braga. Em São Paulo, Michel Temer é o grande cacique dos cargos do PMDB. No Maranhão, o ex-senador José Sarney continua a ser influente.

PDT
Haverá um certo clima de lavagem de roupa suja nessa reunião de domingo à noite. A ideia é verificar o quanto a fisiologia poderá ser usada nos próximos dias –na distribuição de cargos– para recompor, de maneira eficaz, um número mínimo de deputados fiéis ao Planalto.

Para resolver essa equação, alguns partidos hoje no governo podem ser ejetados. É o caso do PDT, que nesta semana anunciou o rompimento com o Palácio do Planalto –mesmo sendo “dono” do Ministério do Trabalho (ocupado por Manoel Dias) e de vários cargos federais nos Estados.

O líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), foi o porta-voz nesta semana do rompimento com o governo. Curiosamente, Figueiredo tem indicados seus em uma diretoria do Banco do Nordeste e no comando da Delegacia Regional do Trabalho no Ceará.

Casos como o do PDT de André Figueiredo serão avaliados no domingo à noite por Dilma e sua coordenação política. No raciocínio do governo, será não vale a pena manter pseudoaliados. Muito menos congressistas que rompem com o Planalto, mas mantém indicados seus em cargos federais.

PTB
Uma pendência fisiológica curiosa envolve o PTB, outra sigla que anunciou rompimento com o Planalto nesta semana.

O PTB está de olho num cargo de direção na Casa da Moeda. Mas o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não cede por achar que ali não se deve lotear os espaços de maneira política.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Pós-Lava Jato, CEF exclui agência e beneficia Heads, Nova/SB e Artplan
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Borghi Lowe (atual Mullen Lowe) teve diretor preso e foi vetada

Verba de R$ 560 mi da CEF será dividida só entre 3 restantes

Propeg, 5ª colocada na licitação, entra na Justiça para ser aceita

CEF-propaganda

Propaganda dos ''poupançudos'', veiculada pela CEF em 2014

A agência de publicidade Propeg entrou com uma ação na Justiça para participar da distribuição do bolo publicitário da Caixa Econômica Federal. A ação foi protocolada depois de uma das empresas que atendia a CEF, a Mullen Lowe Brasil (antiga Borghi Lowe), ser excluída do contrato, em maio deste ano de 2015.

Em 11.abr.2015, um ex-executivo da então Borghi Lowe, Ricardo Hoffmann, foi preso suspeito de envolvimento nos escândalos investigados pela Operação Lava Jato.

A Borghi Lowe era uma das 4 agências que venceram uma licitação em 2013 para fazer a propaganda da Caixa, informa o repórter André Shalders. As outras três foram a Heads, a Nova/SB e a Artplan. A Propeg ficou em 5º lugar.

Com a exclusão da Borghi Lowe neste ano de 2015, o contrato original que era dividido entre 4 agências passou a ser repartido apenas entre as 3 restantes –Heads, Nova/SB e Artplan.

A verba estimada de publicidade da CEF neste ano é de R$ 560 milhões. No início, quando havia 4 agências, cada uma ficava, em teoria, com R$ 140 milhões. Agora, a divisão é apenas entre 3, e o valor médio sobe para R$ 186,7 milhões –e as agências beneficiadas por esse aumento são Heads, Nova/SB e Artplan.

Uma dessas 3 agências remanescentes na CEF, a Heads, foi citada de maneira lateral no escândalo da Lava Jato, por suposto envolvimento com petistas do Paraná, Estado de origem da empresa. A Heads negou. Nunca houve comprovação das acusações.

A Heads prosperou durante o governo de Dilma Rousseff. Presta serviços à Petrobras, à Caixa e ao Ministério do Trabalho. Seu faturamento em contratos com a União pulou de R$ 138 milhões para 269 milhões no primeiro mandato Dilma –alta de 94%.

A Propeg alega que o edital da licitação estabelecia a contratação do próximo da fila, no caso da saída de algum participante.

Hoffman foi demitido da antiga Borghi Lowe no final de 2014, depois de uma investigação interna da empresa e de ser citado na Lava Jato. Ele é acusado pela Polícia Federal de destinar cerca de 10% do valor dos contratos de publicidade com a Caixa para uma empresa de fachada. A empresa pertenceria ao ex-deputado André Vargas e ao irmão dele, Leon. Vargas tinha mandato de deputado federal pelo PT do Paraná até dezembro passado. Em 10.abr.2015, um dia antes de Hoffmann, foi preso pela Lava Jato.

O QUE DIZEM CEF E AGÊNCIAS
“O nosso pleito não é contra a Caixa, a qual queremos como cliente. O nosso pleito é em favor da melhor decisão legal, pois temos o direito de participar [do contrato]. Estamos litigando em defesa da boa concorrência”, diz Luís Costa Pinto, vice-presidente do Grupo PPG, do qual a Propeg faz parte.

A Caixa declarou, por meio de sua assessoria, que “(…) não convocará licitantes remanescentes para contratação de prestação de serviços de publicidade”. O banco estatal disse ainda que a decisão “tem respaldo jurídico, conforme as atribuições conferidas ao banco no processo licitatório”.

“Temos vasta experiência e sabemos que esses editais visam estabelecer uma concorrência entre as agências. Com as 4 empresas, essa disputa dava mais segurança e mais opções para a Caixa, o que nós queremos reestabelecer”, afirmou Luís Costa Pinto.

Em 2014, a CEF foi a estatal federal que mais gastou em publicidade: R$ 558,8 milhões. Só a Borghi Lowe ficou responsável pela aplicação de R$ 114,8 milhões, distribuídos entre sites, impressos, rádios e TVs.

Governo e empresas públicas não divulgam exatamente qual percentual desse dinheiro fica com as agências. No mercado publicitário, estima-se que elas fiquem com algo entre 20% e 30% do total gasto com o anúncio. A margem de lucro gira em torno de 25%.

Nos 4 anos do primeiro mandato de Dilma Rousseff como presidente, duas agências citadas na Lava Jato –a Borghi Lowe e a FCB Brasil– abocanharam a maior parte do bilionário bolo publicitário da União. Somadas, foram responsáveis por R$ 969 milhões de investimento em publicidade. Atenderam Caixa, Petrobras, BR Distribuidora e Ministério da Saúde.

A Mullen Lowe Brasil declarou, por meio da assessoria, que Hoffman deixou a empresa ainda em 2014. Heads, Artplan e Nova/SB foram procuradas pelo Blog, mas optaram por não comentar.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Janot já tem 20 dos 27 votos na CCJ do Senado
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

14 senadores revelam seus votos e dão vitória a procurador-geral

Dilma sinalizou que pretende indicar Janot para ser reconduzido

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já tem o apoio de 20 dos 27 senadores titulares da Comissão de Constituição e Justiça, onde será sabatinado se for indicado para mais um mandato no cargo.

A equipe do Blog (os repórteres André Shalders, Mateus Netzel e Victor Fernandes) ouviu todos os 27 senadores titulares da CCJ. Entre os 20 senadores que disseram ser a favor da recondução de Janot, 14 permitiram que seus nomes fossem revelados.

Para ficar mais 2 anos no cargo, Janot precisa ser indicado pela presidente Dilma Rousseff e passar por duas votações secretas no Senado –na CCJ e no plenário da Casa.

A tabela a seguir mostra quais são os senadores da CCJ que já se declararam abertamente a favor da recondução de Janot (clique na imagem para ampliar):

Janot-CCJ-14votos-abertos

Apenas esses 14 nomes já seriam suficientes para a aprovação do nome de Janot na CCJ. É incomum nesses processos que tantos senadores se disponham a declarar o voto antecipadamente, com tanta antecedência –pois a presidente Dilma Rousseff não formalizou a indicação.

Essa expressiva manifestação de apoio entre senadores é mais um indício da força política atual do atual procurador-geral, que conduz no plano federal as investigações sobre políticos envolvidos na Operação Lava Jato.

Ele já foi o mais votado na eleição realizada nesta quarta-feira (5.ago.2015) por procuradores para escolher os nomes que vão compor a lista tríplice de indicados para ocupar a Procuradoria Geral da República pelos próximos 2 anos.

Janot teve 799 votos –foram 288 votos a mais do que em 2013, quando também ficou em primeiro lugar na votação preparada pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República).

Desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, em 2003, tem sido tradição o presidente da República indicar para o cargo de procurador o nome mais votado na lista da ANPR. O Palácio do Planalto já sinalizou que vai escolher o nome de Janot para ser referendado pelo Senado.

Depois de passar pela CCJ, Janot enfrentará uma possível situação mais adversa no plenário do Senado –13 senadores são hoje alvo de investigações da Operação Lava Jato.

Um dos investigados, o senador Fernando Collor (PTB-AL), discursou na tribuna ontem (5.ago.2015) e chamou o procurador-geral de “filho da puta”.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.


Análise: o problema do governo Dilma está dentro do governo Dilma
Comentários Comente

Fernando Rodrigues

Dilma-Planalto-Foto-RobertoStuckertFilho-PR-04ago2015

Dilma ao lado de apoiadores do Mais Médicos, num momento de autoengano no Planalto (4.ago.2015)

Base aliada ao Planalto está desconjuntada e sem comando

PT e seus líderes seguem atacando a política de Joaquim Levy

Mal começou o segundo semestre legislativo no Congresso e o Palácio do Planalto já tomou algumas chapuletadas.

O mais cômodo (e errado) neste momento é colocar a culpa no presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que anunciou ter rompido (“do ponto de vista pessoal”) com o governo Dilma.

Outro erro é achar que no Senado a responsabilidade é toda de Renan Calheiros (PMDB-AL), que comanda aquela Casa.

Cunha e Renan estão sob investigação por suspeita de envolvimento com as traficâncias da Lava Jato. Só crescem politicamente por causa da inanição do governo.

Também seria tapar o sol com a peneira culpar fatores externos pela crise econômica. Vários países que tomaram as medidas corretas nos últimos anos já estão em situação mais encaixada do que o Brasil no pós-Lehman Brothers (2008-09).

O problema do governo Dilma está dentro do próprio governo Dilma.

A presidente tem se arriscado a aparecer mais. A viajar mais e a falar mais em eventos públicos montados para que seja aplaudida por plateias amigas. Só faz isso dentro das câmaras hiperbáricas e megacontroladas pelo aparato estatal.

Nesta semana, por exemplo, Dilma deve conceder uma entrevista sobre as Olimpíadas 2016. Será para a imprensa brasileira? Haverá liberdade para perguntas? Não, nada disso. A entrevista será via e-mail e apenas para um site de internet… na China. Isso mesmo, na China.

É quase tudo postiço nessa nova pegada de aparições públicas da presidente.

Essa estratégia só dá certo (às vezes) quando tudo já estava dando certo antes. Agora, serve para encapsular a presidente num mundo dos sonhos e distante da realidade.

Ontem (4.ago.2015), terça-feira, o Planalto organizou uma daquelas “photo-ops” corriqueiras para tentar uma “mídia positiva”. Celebrava-se o aniversário de 2 anos do programa Mais Médicos. Ficou lotado o mezanino do primeiro andar (que nas teclas dos elevadores do Planalto é tratado como “2º andar”). Além das chatices dos discursos oficiais (ressuscitaram até o veterano Maguito Vilela; por favor, expliquem-me depois o que foi aquilo…), teve também uma jovem relatando sua história pessoal de ter conseguido se formar em medicina. Emoção no ar. Silêncio. A plateia começou um “olê, olê, olá, Dilmá, Dilmááá”.

Será que Dilma Rousseff dimensiona de maneira correta essas manifestações de apoio (sic)? Será que ela sabe que nas calçadas dos centros urbanos possivelmente seria vaiada –pois sua popularidade está abaixo de 10%?

Então, para que servem essas cerimônias?

Alguém poderia dizer: essas cerimônias não servem para nada.

Só que não. Servem, sim.

O governo perde preciosos tempo e energia.

Enquanto Dilma estava sendo aplaudida dentro de sua casa, a poucos metros dali maquinava-se a primeira derrota governista dentro do Congresso neste semestre legislativo.

No início da noite de ontem, o governo não foi capaz de adiar por algum tempo uma proposta de emenda constitucional que visa a vincular salários de advogados da União, procuradores estaduais e de delegados de polícia a 90,25% dos vencimentos de ministros do STF. Um desastre para o ajuste fiscal.

Pode até ser que essa emenda nunca venha a ser realmente aprovada em definitivo. Mas o estrago político está feito: mais uma vez foi provado como o governo é frágil.

Por ingenuidade ou ignorância seria possível atribuir a derrota de ontem a bruxarias supostamente perpetradas por Eduardo Cunha. É preciso um ato de fé para acreditar nessa teoria. Até porque esse raciocínio teria de ser atrelado a uma outra crença: o adversário (Eduardo Cunha) seria tão forte que não haveria meios de derrotá-lo. Nem o governo acredita nisso.

A seleção brasileira de futebol perdeu por 7 a 1 para a da Alemanha porque era fraca. É claro que havia méritos (muitos) nos jogadores alemães. Mas a mediocridade brasileira foi a alavanca principal para o mineiraço de 2014.

Agora, na política, é a mesma coisa.

Basta observar como algumas bancadas “governistas” (sic) se comportaram na votação ontem à noite na Câmara:

PSD: 32 presentes e 24 traidores (75%)
PTB: 23 presentes e 16 traidores (70%)
PP: 32 presentes e 21 traidores (66%)
PRB: 14 presentes e 8 traidores (57%)
PR: 30 presentes e 11 traidores (37%)
PMDB: 60 presentes e 18 traidores (30%)

O PT, é bem verdade, colaborou colocando 58 deputados na sessão. Desses, 3 votaram contra o Planalto (taxa de traição de 5%). Mas um dos desgarrados foi o gaúcho Marco Maia, ex-presidente da Câmara.

Essa cacetada na cabeça do Planalto se deu cerca de 24 horas depois de Dilma ter aberto as portas do Palácio da Alvorada para um regabofe com 80 pessoas, na segunda-feira (3.ago.2015) –inclusive com a presença dos líderes de todos os 19 partidos supostamente aliados ao governo na Câmara e no Senado.

A presidente deu de comer aos políticos na segunda-feira à noite. Na noite seguinte, foi jantada politicamente.

Há claramente um erro na engenharia usada pelo governo no meio da atual bagunça política e incerteza econômica.

Lula vive recomendando a Dilma que viaje mais e fale mais sobre os projetos positivos do governo. Ocorre que desejar que a presidente assuma um papel de liderança, que “ocupe a cadeira da rainha no imaginário do brasileiro”, como diz o marqueteiro João Santana, seria o mesmo que esperar que Hulk tivesse se transformado num supercraque para reverter sozinho os 7 a 1.

Hulk, sozinho, não tinha como fazer nada.

Dilma está sozinha –e muitas vezes boicotada pelos seus próprios soldados.

Um dos caminhos mais viáveis seria vender esperança e segurança a respeito da condução da economia. Mostrar a luz no fim do túnel.

Mas quem dinamitou essa estratégia foram Lula e o PT. Esbaldaram-se criticando a política econômica adotada por Joaquim Levy, ministro da Fazenda.

Foram tantas as críticas e tamanha a virulência que hoje quase ninguém dá pelota para o que dizem os petistas a respeito da economia. A cada crítica é como a Alemanha fazendo mais um gol. Ah, “o PT criticou a política econômica”. OK, “gol da Alemanha”.

Tome-se a curiosa nota oficial da direção do PT, emitida ontem (4.ago.2015), para comentar (de maneira transversal) a prisão de José Dirceu.

Esse documento petista é um clássico instantâneo. Não só pela ambiguidade pusilânime com que tratou José Dirceu, o “guerreiro do povo brasileiro” –a forma como o petista é conhecido por parte da militância.

O que chama a atenção é um parágrafo perdido no meio do documento (aqui, a íntegra) e que não foi destacado pela mídia tradicional. Ei-lo:

Doc-PT-04ago2015

Reprodução de trecho de documento oficial do PT divulgado em 4.ago.2014

Como se observa, o partido da presidente da República continua, repetidamente, a malhar a política econômica defendida por Dilma Rousseff. Sobram estilhaços também para Joaquim Levy, um ministro da Fazenda cada vez mais manietado politicamente e com credibilidade em queda livre.

“É preciso reorientar a política econômica”, disse o PT em sua nota oficial. “É fundamental reverter a política de juros” e “urge taxar as grandes fortunas, os excessivos ganhos dos rentistas”, recomendaram os petistas.

Ontem também, o think tank petista, a Fundação Perseu Abramo, foi na mesma linha. Colocou em seu site uma análise perfurocortante sobre a condução da economia. Sem queda dos juros, “não é possível vislumbrar recuperação”, opinou a FPA.

É curioso que o PT e a Fundação Perseu Abramo falem como se a política econômica se desse por geração espontânea. Atacam um “sujeito oculto”. O partido nunca escreve em suas notas algo como “a política econômica de Dilma Rousseff está errada”. Muito de vez em quando aparece alguém citando Joaquim Levy de forma derrogatória.

A atitude faz lembrar a frase de Lenin, que uma vez afirmou que o “esquerdismo é doença infantil do comunismo”. No caso, o PT atacando o seu próprio governo é a enfermidade infantil que drena suas próprias energias.

Ao detonar Dilma Rousseff, o PT cava mais fundo o buraco no qual o partido se encontra (aliás, junto com muitas outras agremiações políticas).

Como o PT está no governo, como o governo é Dilma e Dilma é o PT, chega-se ao diagnóstico mais dramático do atual desarranjo: o alto grau de imprevisibilidade que acompanha a conjuntura política em Brasília.

O PT, Dilma e seu governo não têm a menor ideia de como atuar de maneira coesa. Nem de como sair do labirinto em que se encontram.

O blog está no FacebookTwitter e Google+.