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“O que está em jogo é acabar com a Operação Lava Jato”, diz Molon, da Rede
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Fernando Rodrigues

PSDB e PMDB querem impeachment para frear investigação, diz deputado

Rede defende saída pelo TSE em 2016, para haver novas eleições

alessandro molon

O deputado federal Alessandro Molon (Rede Sustentabilidade-RJ)

O deputado federal Alessandro Molon (Rede Sustentabilidade-RJ) criticou hoje (4ª) duramente em discurso na Câmara a articulação entre PSDB e PMDB para que o impeachment de Dilma Rousseff seja chancelado pelo Congresso.

Com a deterioração do governo, as duas siglas vêm se aproximando nas últimas semanas. Em 9.mar.2016, a cúpula do PSDB chegou a oferecer um jantar para congressistas do PMDB, conforme relatado pelo blog.

Para Molon, no encontro foi feito um acordo para “acelerar e aprovar o impeachment com dois objetivos: (1) esvaziar a Operação Lava-Jato, criando a impressão que ela já teria cumprido sua missão, deixando impunes vários dos citados em delações premiadas da operação, alguns dos quais presentes no jantar, de ambos os partidos. (2) retardar ou extinguir o processo que corre no TSE, que, caso julgado ainda este ano, poderia levar a eleições diretas para presidente da República”.

Alessandro Molon acredita que a aproximação é uma tentativa de “impedir que ocupe o Palácio do Planalto alguém de fora dos dois partidos”. A Rede Sustentabilidade defende que o impedimento de Dilma Rousseff seja feito por meio da Justiça Eleitoral ainda em 2016. Caso isso ocorra, novas eleições devem ser convocadas em 90 dias e a principal líder da sigla, Marina Silva, é um dos nomes mais fortes para a disputa.

O argumento de que a oposição quer frear as investigações da Operação Lava Jato ganhou força após a divulgação da delação do senador Delcídio do Amaral (MS, ex-PT). Em seu depoimento, Delcídio diz que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu propina proveniente de corrupção em Furnas, subsidiária da Eletrobras –o que o tucano nega.

Os congressistas da oposição temem que os desdobramentos da operação causem estrago principalmente a curto prazo, o que aumentaria a possibilidade (indesejada para todos no jantar promovido pelo PSDB) de vitória de Marina Silva, que encarna uma parte do voto antiestablishment.

Eis o vídeo do discurso e a íntegra em seguida:

“Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Parlamentares,

Há anos o Congresso sofre de um grave problema. Um problema de audição. Ele se recusa a escutar. Fala somente para si mesmo, manobra pensando em si mesmo. Os interesses de poucos muitas vezes se sobrepõem aos interesses dos milhões que deveria representar. E, sinto dizer, senhoras e senhores, este sintoma está se agravando.

Quando a população vai às ruas dizer que está cansada de práticas reprováveis e que não acredita na classe política, ela espera que as críticas sejam levadas a sério. Espera mudanças. Mas quando caciques políticos tentam se aproveitar de manifestações nas ruas para legitimar projetos de poder e interesses escusos, empurrando goela abaixo uma falsa solução, estes parlamentares apenas reforçam o motivo de tamanha descrença e desconfiança do povo.

Na semana passada, foi tornada pública, por vários meios de comunicação, uma notícia extremamente grave. Trata-se de uma proposta de acordo com o objetivo de acabar com a Operação Lava-Jato e buscar um arranjo não para decidir o melhor para o país, mas para se chegar ao poder por meio de um atalho.

Neste encontro a portas fechadas, um jantar oferecido por senadores do PSDB a senadores do PMDB, avançou-se na ideia de acelerar e aprovar o impeachment com dois objetivos: (1) esvaziar a Operação Lava-Jato, criando a impressão que ela já teria cumprido sua missão, deixando impunes vários dos citados em delações premiadas da operação, alguns dos quais presentes no jantar, de ambos os partidos. (2) retardar ou extinguir o processo que corre no TSE, que, caso julgado ainda este ano, poderia levar a eleições diretas para presidente da República. Tudo isto para impedir que ocupe o Palácio do Planalto alguém de fora dos dois partidos.

Venho a esta tribuna para atacar, frontalmente, esta fraude que alguns integrantes destes partidos querem preparar. Um atentado contra a Justiça e contra a Democracia. A Rede Sustentabilidade não aceita esta fraude e não se calará diante dela.

A Rede já deixou clara sua posição, de que o impeachment deve ser calcado em fundamentos técnicos sólidos, em conformidade com as hipóteses previstas no artigo 85 da Constituição Federal. Todos os fatos devem ser analisados com seriedade e destemor, mas sem oportunismo, e com respeito à Constituição.

Naquela ocasião, dissemos também que temíamos que fosse sabotada a Operação Lava-Jato caso assumisse o vice-presidente Michel Temer, citado nas delações, inclusive nesta última, divulgada ontem. A Procuradoria-Geral da República deve pedir ao Supremo Tribunal Federal abertura de investigação para apurar a conduta do vice-presidente. Na época, Temer reagiu negando a possibilidade de interferir na Lava-Jato. As notícias dos últimos dias comprovam que nosso temor era mais do que justificado.

Atiramos no que vimos, acertamos o que não vimos. Não imaginávamos, naquele momento, que o processo do impeachment serviria também para tentar converter esta profunda investigação em pretexto para salvação do futuro político dos de sempre. Determinados a tirar a atual presidente de seu posto, os participantes do malfadado jantar tramaram não só contra a Operação Lava-Jato, mas contra a própria democracia em si. Acelerando o impeachment, empossariam o vice-presidente e jogariam uma ducha de água fria no processo no TSE, atrasando-o ou fazendo-o morrer. Para eles, isso seria importante para evitar uma eventual nova eleição direta para Presidente da República ainda neste ano. Querem o poder, mas não o querem através do voto popular. Também vaiados nas manifestações, temem perder eleições diretas neste ano.

A nossa Constituição determina que, caso presidente e vice-presidente sejam afastados antes da metade de seu mandato – neste caso, antes de 31 de dezembro deste ano –, realiza-se nova eleição direta. Caso o afastamento se dê após a metade do mandato – neste caso, no ano que vem ou em 2018 –, a escolha dos novos presidente e vice se dá por eleição indireta: apenas deputados e senadores os elegem. É exatamente isto o que os partícipes daquele jantar desejam: uma eleição indireta. 33 anos após as Diretas Já terem lotado as ruas do Brasil, um grupo de senadores, num jantar, decide usar as ruas lotadas de hoje para apoiar uma espécie de “Indiretas Já”!

E sabem por que, senhoras e senhores? Porque assim apenas os políticos escolheriam quem governaria o país. Ora, justo o Congresso Nacional, seguidamente entre as instituições que menos têm a confiança do povo brasileiro? Justo a Câmara dos Deputados, que sofre para levar adiante, com isenção, o processo de investigação contra o Deputado Eduardo Cunha, que preside a Casa? O que estas lideranças desejam, portanto, não é fortalecer a democracia brasileira, mas criar uma democracia “diferente”, uma democracia sem povo, uma democracia débil, doente, uma farsa. Uma democracia dos políticos para os políticos. Uma democracia com eleições sem riscos. Sem o risco de perder. Sem o risco de as coisas, de fato, mudarem. Um jogo de cartas marcadas.

No fundo, querem mudar o governo para que nada mude. Querem mudar o governo não para corrigir o que está errado, para adotar uma nova maneira de fazer política, limpa, ética. Não querem uma mudança no sistema político. Não querem mudança de verdade. Querem apenas trocar uma parte do grupo que está no poder. Não todo o grupo. Apenas uma parte.

Não querem acabar com o esquema corrupto entre empreiteiras e governos. A começar porque o mesmo esquema sujo ocorrido em nível federal se repete em nível estadual e municipal, com governantes tanto de partidos da base do governo quanto de partidos da oposição. Basta a Operação Lava-Jato avançar que descobrirá. Mas, para isso, ela precisa ir em frente. Para poder, de fato, passar o Brasil a limpo. Por inteiro. E não apenas uma parte.

Por isso mesmo, o que está em jogo é acabar com a Operação Lava-Jato. A ação de seus procuradores e delegados incomoda ao establishment. “Alguém precisa parar isso! Aonde isso vai chegar?”, perguntam-se alguns, em voz baixa, nos plenários das Casas do Congresso Nacional. Seu avanço preocupa a estes porque a Lava-Jato desorganiza uma promiscuidade de décadas, que infelizmente veio até os nossos dias. Suas descobertas atingem em cheio membros de partidos da base do governo, principalmente, mas também figuras proeminentes de alguns partidos da oposição.

Nossa obrigação, neste momento, é zelar pela observância da Constituição. Ela determina que o resultado das urnas, expressão da soberania popular, deve ser respeitado. Segundo nossa Constituição, só se pode desconstituir uma decisão tomada pelo povo em eleições diretas se ocorrer alguma das hipóteses expressamente previstas pela Constituição como crime de responsabilidade, no artigo 85. Isto precisa ser analisado com todo cuidado e seriedade, sem usar o impeachment como saída fácil para a crise ou, pior ainda, transformá-lo no bote salva-vidas para políticos tentarem sair ilesos da Lava-Jato.

Já em andamento, a ação que tramita no TSE contra a chapa vencedora deve ser processada com celeridade, diante do complexo momento que vivemos. Se houver prova – não apenas indícios – de que o financiamento da campanha recorreu a métodos ilegais, a chapa deve ser cassada. A chapa inteira, diga-se de passagem. Se não ficar comprovado, não deve ser cassada. A Rede Sustentabilidade entende que não lhe cabe pressionar por este ou aquele resultado, mas tão somente esperar que seja feita Justiça e obedecida a Constituição. Para todos e ainda neste ano.

A Rede não participará de qualquer manobra política para matar a Operação Lava-Jato e pavimentar atalhos para o poder de quaisquer grupos políticos. Não emprestaremos nosso nome para esta fraude. Não nos venham pedir apoio seja para esta tentativa ignóbil seja para o governo ilegítimo que se quer fazer nascer dela.

Temos consciência da gravidade do momento que o país atravessa e do desejo do povo brasileiro de mudar para melhor, de avançar, e não de maquiar a realidade, preservando os esquemas de corrupção de sempre, andando para trás. Queremos jogar nossa energia na união do povo brasileiro, na busca de soluções para os impasses, na participação democrática como saída, na transparência. Não vamos participar de conchavos, de arranjos, de esquemas viciados, de farsas, de fraudes operadas por mãos de delatados na Operação Lava-Jato, não vamos participar desta “Operação Mãos-Sujas”.

Nós, da Rede Sustentabilidade, lutaremos para que a Operação Lava-Jato possa continuar avançando. Queremos que toda a verdade venha à tona, que todas as denúncias, envolvendo membros de todos os partidos citados, sejam investigadas em profundidade. Sem seletividade, respeitados o devido processo legal, o amplo direito de defesa e os direitos e garantias individuais. Repito: sem seletividade.

Democracia significa poder do povo. Quem não aceita isso, não poderia sequer estar no Parlamento. Quem não confia no povo brasileiro não é digno de ser seu representante. Trai a sua confiança. A Rede Sustentabilidade não tem medo do povo brasileiro. Não sofremos da chamada “demofobia”. Respeitamos suas escolhas e queremos garantir que o povo possa continuar decidindo seu destino. É por isso que continuaremos a lutar.

Muito obrigado.”

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2016 finalmente começa e o cenário está pior do que no final de 2015
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Fernando Rodrigues

economia se deteriorou e inflação continua pressionada

empresas fecham e desemprego mantém tendência de alta

impeachment volta ao debate até a metade do ano

janela de infidelidade pode sangrar partidos governistas

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Brasília, cuja vida política começa só agora, em 15.fev.2016

O ano de 2016 finalmente começa para a política nesta 2ª feira, dia 15 de fevereiro. O país ficou quase 60 dias em estado de criogenia.

Uma espécie de onda gravitacional distorce a realidade no Brasil no período que tem início no Natal, passa pelo Ano Novo e só termina na semana seguinte à do Carnaval.

A retomada da vida real na política produz uma inevitável colisão de 2 buracos negros: as análises das últimas semanas (mais amenas) e a realidade que vai se impor a partir do estado deteriorado da economia –até agora obnubilado pelo “tá tranquilo, tá favorável” momesco.

REALIDADE EDULCORADA PELA PARALISIA
Do Natal de 2015 até agora vigorou o seguinte cenário, propagado pelo governo e reproduzido “con gusto” na mídia em geral:

1) “o impeachment perdeu força”;

2) o governo vai montar uma base de apoio mais robusta no Congresso;

3) a economia está quase no fundo do poço e pronta para se recuperar a partir do 2º semestre de 2016;

4) os dias de Eduardo Cunha como presidente da Câmara estão contados;

5) a população se cansou de protestar nas ruas.

 

A VIDA REAL PÓS-CARNAVAL
Passado o Carnaval, eis o que é esperado:

1) alta do desemprego, quebradeira de empresas e redução do “feel good factor” na população;

2) estagflação: inflação pressionada e economia em rota de desaquecimento, sem perspectiva de retomada. Mais rebaixamentos da nota de risco do Brasil;

3) ruídos sobre o impeachment voltando ao debate no Congresso;

4) disputa dura entre governo e Eduardo Cunha, cujo processo de perda de mandato vai tramitar possivelmente ao longo de todo o ano sem uma conclusão;

5) possível volta de manifestações de rua, turbinadas pela deterioração dos salários e dos níveis de emprego.

É claro que o aspecto principal deste início de ano na 2ª feira (15.fev.2016) continua sendo a imprevisibilidade sobre o desfecho das crises política e econômica. Há muito mais pontos de interrogação do que certezas.

 

AS PERGUNTAS SEM RESPOSTAS
Eis as principais dúvidas deste início de 2016:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será transformado em réu por conta das diversas acusações que enfrenta no momento?

As dezenas de delações premiadas da Operação Lava Jato vão comprometer ministros de Dilma Rousseff?

A Lava Jato vai pegar de maneira definitiva políticos relevantes do Congresso, como Eduardo Cunha e Renan Calheiros? E vai atingir também alguns da oposição, como Aécio Neves?

O PMDB elegerá em 17.fev.2016 um líder na Câmara alinhado ao Planalto ou a Eduardo Cunha?

As manifestações de protesto nas ruas vão ganhar tração por causa da recessão econômica?

Partidos como o PT e outros de apoio a Dilma Rousseff perderão deputados na “janela da infidelidade”, que começa nesta semana com a promulgação de uma emenda constitucional?

A base de apoio ao Planalto no Congresso vai se desmantelar nos próximos meses por causa da recessão econômica, perda de deputados e avanço da Lava Jato?

As reformas econômicas pretendidas por Dilma Rousseff –recriação da CPMF e reforma da Previdência– vão fracassar no Congresso?

O processo de impeachment será votado pelo plenário da Câmara no final do 1º semestre, possivelmente o pior momento para a economia do país?

O processo que busca a cassação da chapa Dilma-Temer continuará a avançar no TSE, causando constrangimentos à presidente?

 

CENÁRIO RUIM PARA O PLANALTO
Neste momento, as respostas a essas dúvidas são amplamente desfavoráveis ao governo de Dilma Rousseff. Nada indica que o Palácio do Planalto tenha músculos para reverter esse quadro no curto prazo.

E uma ressalva importante: não estão incluídos nesse coquetel de más notícias os efeitos (ainda incertos) do alastramento da zika e o impacto que haverá sobre os Jogos Olímpicos do Rio.

E não há ainda (por falta de dados concretos) nenhuma previsão possível para as eleições municipais de 2016.

Mas também é necessário registrar a fragilidade da oposição neste momento em que se inicia 2016. Basta olhar as principais capitais brasileiras. O principal partido anti-Dilma, o PSDB, ainda não apresentou candidatos competitivos a prefeito em cidades como São Paulo, Rio e Salvador, entre outras.

É comum ouvir que nunca ninguém perdeu dinheiro apostando que nada vai acontecer de grave no Brasil, por mais dramática que seja a conjuntura. Esse seria o cenário em que a incapacidade gerencial e política do governo seria anulada pela inapetência da oposição. É uma possibilidade.

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Defesa de Dilma cobra julgamento das contas de Aécio e de Marina
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Fernando Rodrigues

Flávio Caetano defende rejeição das contas de adversários

Defesa de Dilma em ação do PSDB será entregue até 25.fev

Argumentação tenta afastar acusações de abuso econômico

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Dilma e Temer foram diplomados pelo TSE em dezembro de 2014

A defesa de Dilma Rousseff no Tribunal Superior Eleitoral cobrou rapidez no julgamento das contas de campanha de Marina Silva (Rede) e de Aécio Neves (PSDB), principais adversários da petista nas eleições de 2014.

“Passado mais de um ano das eleições, já é hora de a Corte levar a julgamento também as contas de Aécio e de Marina”, disse ao Blog o advogado Flávio Caetano, coordenador da defesa de Dilma no TSE.

A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

Para Caetano, as contas de campanha de Aécio e de Marina deveriam ser rejeitadas pelo TSE. “No caso dele (Aécio), por ter trocado cerca de 80% dos recibos de doações recebidas durante a campanha. E no caso de Marina, por não ter explicado até hoje quem eram os verdadeiros donos do avião que vitimou Eduardo Campos”, disse. “Vamos lutar pela rejeição das contas”, acrescentou.

Contexto: após cada eleição, os candidatos à Presidência da República precisam apresentar ao TSE balanços das contas de campanha, detalhando a origem do dinheiro e como foram gastos os recursos. As regras atuais determinam que o julgamento das contas do candidato vitorioso seja antes da posse. A contabilidade da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer foi aprovada, com ressalvas, em 10.dez.2014. As contas de todos os candidatos em 2014 estão disponíveis aqui.

DEFESA DE DILMA SERÁ ENTREGUE ATÉ 25.FEV
A defesa de Dilma na ação de impugnação de mandato eletivo (Aime) proposta pelo PSDB deve ser entregue até 25.fev, informa Caetano.

Na ação, os tucanos acusam Dilma de abuso de poder político e econômico durante a corrida eleitoral e pedem a cassação do mandato dela.

Na última 4ª feira (10.fev), a equipe coordenada por Caetano apresentou ao TSE os argumentos do vice-presidente Michel Temer (PMDB).

A defesa de Dilma seguirá a mesma linha da do vice-presidente, disse Caetano. Para ele, a acusação de abuso de poder político e econômico é improcedente, pois a chapa do tucano também recebeu grande quantidade de recursos de empresas investigadas na Operação Lava Jato. “Algumas empreiteiras doaram até mais para ele (Aécio)”, diz.

O advogado também declarou não enxergar óbices à realização do julgamento no 1º semestre de 2016.

No fim de janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal e do TSE Gilmar Mendes disse que levará o tema a julgamento antes de julho. Em maio, Mendes deve assumir a presidência da corte eleitoral.

OUTRO LADO
Candidato a vice-presidente na chapa de Aécio em 2014, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) defendeu ao Blog a regularidade da prestação de contas.

“Quem montou um esquema criminoso para financiar a campanha não fomos nós, mas o PT. Se existiu algum problema formal, já foi corrigido”, disse ele.

Basileu Margarido, coordenador da Rede Sustentabilidade, informa que as contas de Marina Silva e de Eduardo Campos (PSB, morto em 2014) serão apreciadas separadamente.

“Não posso comentar essa questão [do jatinho], pois as prestações foram feitas separadamente. Depois da tragédia, criou-se outra conta bancária, outro CNPJ”, disse.

Atualização [às 12h20 de 15.fev.2016]: O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que não há nenhum ponto obscuro nas contas de Eduardo Campos.

Segundo ele, o partido aguarda que o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, ligado à Aeronáutica, determine a quantidade de horas de vôo da aeronave que vitimou Campos, para então retificar a prestação de contas.

“Não há nada que não esteja esclarecido. Os donos (do avião) estão identificados. O senhor Caetano deveria se dedicar à defesa da cliente dele”, disse ao Blog.

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Michel Temer continuará vice-presidente da República, diz Jaques Wagner
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Fernando Rodrigues

“A oposição abandonou Michel Temer em 24 horas”

“A população percebe. Quem trai uma vez, trai 10”

Neste momento, “o impeachment está hibernando”

“O Aécio tenta trafegar na impopularidade do governo”

Nelson Barbosa é “um homem de confiança” de Dilma

Dilma “tem conversado muito” com Alexandre Tombini

Bradesco não mostrou decepção pela saída de Levy

Brasília - Entrevista coletiva do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (Valter/Campanato/Agência Brasil)

O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner

No cargo mais importante da Esplanada desde o início de outubro, Jaques Wagner, 64 anos, faz uma avaliação sobre o ano de 2015, a política e a nova equipe econômica.

“Não é hora de soltar foguetes. Mas apenas de celebrar um momento melhor do que aquele em que estávamos há algum tempo”, diz Wagner –como é conhecido na Bahia, Estado no qual fez carreira política. Em Brasília, é chamado de Jaques.

Quando fala da oposição, do impeachment e do vice-presidente, Michel Temer, o ministro da Casa Civil é perfurocortante.

Qual o futuro de Michel Temer? “Continuará sendo vice-presidente da República. Acho que é tudo”, responde Wagner, sem elaborar muito.

Para o ministro, “a oposição abandonou Michel Temer em 24 horas” depois que o impeachment ficou “hibernando”. Só que “a população percebe”, porque “quem trai uma vez, trai 10”. Sobre Aécio Neves: “Tenta trafegar na impopularidade do governo”, mas não apresenta propostas que poderiam “emparedar” a presidente.

Quando fala da economia, Wagner é comedido. Prefere não opinar em público a respeito de uma área que não é a sua. Mas dá pistas de como o governo andará daqui para a frente.

O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, é “um homem de confiança” de Dilma Rousseff. Há incompatibilidade com Alexandre Tombini, presidente do Banco Central? Wagner diz não enxergar tal diferença. “A presidente tem conversado muito com ele [Tombini]”.

A seguir, trechos a conversa com o ministro da Casa Civil:

Como termina 2015?
“Por tudo o que tivemos neste ano, com muitas dificuldades na economia e escaramuças na política, acho que terminamos bem”.

Nelson Barbosa e nova equipe econômica
“É um homem de confiança da presidente, equilibrado, e uma pessoa da casa. Hoje temos uma equipe mais harmônica e integrada. Nada ainda está resolvido. Mas deu-se um caminho melhor do que o que havia. Na fase anterior, o problema era mais de fórmula do que de conteúdo. Havia uma característica de estressar tudo. Agora, as pessoas estão mais leves”.

Alexandre Tombini fica no Banco Central?
“Não vejo nenhum sinal de mudança. A presidente tem conversado muito com ele nos últimos tempos”.

O juro (taxa Selic) deve subir em janeiro?
“Muitos acham que numa economia como a brasileira, com o nível de poupança que temos, elevar juros não resolve o problema da demanda. As pessoas não deixam de comprar quando o juro sobe. E some a isso o fato de termos uma economia com muitos preços ainda controlados”.

Bradesco
“A presidente recebeu hoje [ontem; 21.dez.2015] para uma conversa [Lázaro Brandão e Luiz Trabuco]. Foi uma conversa sobre conjuntura. Não senti que estivessem chateados [pela saída de Joaquim Levy]”.

Viagem “secreta” a São Paulo no dia 14.dez.2015
“Fui lá bater um papo com o Delfim Netto”.

Futuro da economia
“Como eu disse outro dia, quem comanda a economia é a presidente Dilma. Mas sabemos que será necessário haver incentivo ao desenvolvimento, ao investimento de longo prazo”.
“É claro que ninguém tem a ilusão de que há uma varinha de condão que nos levará para o caminho da bonança da noite para o dia”.

Posse de Barbosa: Bolsa caiu, dólar subiu
“Eu fico me perguntando o quanto disso foi uma missa encomendada. Quanta gente ganhou dinheiro com isso… Não podemos condenar [Nelson Barbosa] antes. É necessário esperar para saber o que ele [Barbosa] vai fazer”.

O ajuste fiscal ficou incompleto?
“Essa é a conversa de quem não entende como funciona o país, Brasília, o Congresso, a democracia. Dizer que nada foi feito neste ano é um erro. A Câmara e o Senado votaram muitas coisas. Outras serão apreciadas no ano que vem. É um erro achar que o ajuste fiscal só vale quando todas as medidas, sem exceção, forem votadas. Muita coisa foi feita. Muito mais será apresentado. Mas é preciso ao mesmo tempo adotar medidas que sejam de incentivo ao crescimento”.

Rumo e esperança
“Temos de trabalhar para que as pessoas comecem a acreditar que estamos num caminho que vai chegar a algum lugar. Existe rumo. E se existe rumo, há esperança. A esperança é uma força motriz importante da economia”.

Meta fiscal para 2016
“Todo mundo achava que era bom fixar uma meta acima de zero. Acabou se fixando em 0,5% [do PIB]. A meta é o objetivo. Vamos ter de trabalhar para chegar lá. Não vejo porque não acreditar. E acho que agora [com a nova equipe] está mais fácil do que antes”.

Impeachment
“Neste momento, o impeachment está hibernando na sociedade. A oposição está num caminho infrutífero, que está cansando o povo. O Aécio [Neves] está se desgastando”.

O futuro de Michel Temer
“Continuará sendo vice-presidente da República. Acho que é tudo. É o que está na Constituição”.

A oposição e Michel Temer
“Eles abandonaram o Michel Temer. Em 24 horas. Ele era a solução nacional. No outro dia ele se transformou em um estorvo. E a população percebe isso. Até porque, quem trai uma vez, trai 10. Afinal, eles [oposição] não estavam conversando com o Michel Temer? Ou eu sou maluco de imaginar isso? Estavam conversando com o Michel Temer, com o Eduardo Cunha”.
“Meu grande adversário na política foi Antonio Carlos Magalhães [1927-2007]. Ele tinha até uma certa nobreza. Por exemplo, foi até o final com Fernando Collor [no processo de impeachment, em 1992], quando muitos já não estavam mais acompanhando”.
“Há 1 ano o Aécio Neves tenta trafegar na impopularidade do governo. Tenta várias estratégias. Vai mudando. Ninguém bota fé nisso. Você acha que ninguém está olhando? Poderiam até tentar emparedar a presidente com alguma proposta. Mas não fazem isso”.

Decisão do STF sobre o impeachment
“Foi uma decisão por 8 a 3. Quem vai dizer que o Supremo é petista? Aquele que acusavam de ser petista, o ministro Dias Toffoli, votou contra. O ministro indicado mais recentemente, Luiz Fachin, votou contra”.
“O que eu tenho dito é que no caso do impeachment, a Câmara dos Deputados está para o Ministério Público assim como o Senado está para o Supremo”.

Fiesp pró-impeachment
“Vários segmentos do empresariado paulista não comungam da mesma opinião. Não estão engajados na campanha pelo impeachment proposta pelo presidente da Fiesp [Paulo Skaf]”.

O governo está comemorando?
“Não é hora de soltar foguetes. Mas apenas de celebrar um momento melhor do que aquele em que estávamos há algum tempo. Sempre ressalvando que há muito o que fazer na política e na economia”.

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Oposição cria “factoide” sobre contas de Dilma, diz Planalto
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Fernando Rodrigues

O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, em coletiva após reunião da presidenta Dilma (Elza Fiúza/Agência Brasil)

Edinho Silva (Secom) emitiu nota acusando PSDB de criar “factoide” sobre contas de campanha de Dilma Rousseff

Ministro Edinho Silva fala em questionar decisão do TSE

Ex-tesoureiro de Dilma acusa oposição de usar “factoide”

Resposta do Planalto foi reação à nota do tucano Aécio Neves

O ministro Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, reagiu no início da noite deste sábado (22.ago.2015) emitindo uma nota criticando o PSDB e dizendo que “a decisão tomada pelo Ministro Gilmar Mendes em relação à prestação de contas da campanha da presidenta Dilma Rousseff será devidamente questionada no TSE”.

O Palácio do Planalto reagiu a uma nota oficial do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). O tucano soltou nota no início da tarde deste sábado dizendo haver “fortes indícios de utilização de dinheiro proveniente de desvios da Petrobras na campanha de reeleição da atual presidente”.

Aécio se referia à decisão tomada na 6ª feira (21.ago.2015) por Gilmar Mendes, ministro do Tribunal Superior Eleitoral, requerendo uma apuração sobre indícios de dinheiro ilegal na campanha de reeleição de Dilma Rousseff em 2014. O magistrado determinou que a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal investiguem eventuais crimes cometidos na prestação de contas do PT na campanha presidencial de 2014.

Segundo Gilmar Mendes, embora as contas de campanha de Dilma tenham sido julgadas em dezembro de 2014, “apenas no ano de 2015, com o aprofundamento das investigações no suposto esquema de corrupção ocorrido na Petrobras, vieram a público os relatos de utilização de doação de campanha como subterfúgio para pagamento de propina”.

Com base na decisão de Mendes, o PSDB se manifestou por meio da nota de Aécio Neves falando em “denúncias de graves ilegalidades” na campanha dilmista.

Para Edinho Silva, em sua nota oficial no final do sábado, há um “claro objetivo por parte do PSDB de questionar uma vitória eleitoral conquistada legitimamente na eleição presidencial de 2014”.

O ministro, que foi tesoureiro da campanha da reeleição de Dilma, afirma que “mais uma vez, líderes oposicionistas procuram, a partir de processo judicial criar, de forma oportunista, um factoide político completamente descabido. Aliás, o PSDB chegou a solicitar até mesmo uma auditoria das urnas eletrônicas, que são sabidamente seguras”.

Edinho nega irregularidades na campanha dilmista de 2014. “Todos os recursos financeiros utilizados na campanha da presidenta Dilma Rousseff foram arrecadados de forma absolutamente legal e lícita”, afirma o ministro em sua nota.

A seguir, leia a íntegra da nota do ministro Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República neste sábado (22.ago.2015):

Nota à imprensa

1 – A decisão tomada pelo Ministro Gilmar Mendes em relação à prestação de contas da campanha da presidenta Dilma Rousseff será devidamente questionada no TSE. Desde o final do segundo turno eleitoral, outros três processos estão em curso na Justiça Eleitoral, com o claro objetivo por parte do PSDB de questionar uma vitória eleitoral conquistada legitimamente na eleição presidencial de 2014.

2 – Mais uma vez, líderes oposicionistas procuram, a partir de processo judicial criar, de forma oportunista, um factoide político completamente descabido. Aliás, o PSDB chegou a solicitar até mesmo uma auditoria das urnas eletrônicas, que são sabidamente seguras.

3 – Reitera-se, novamente, que todos os recursos financeiros utilizados na campanha da presidenta Dilma Rousseff foram arrecadados de forma absolutamente legal e lícita. As contas de campanha da presidenta Dilma foram aprovadas por unanimidade pelo TSE, com parecer favorável do procurador eleitoral do Ministério Público Federal, após rigorosa auditoria.

4 – Felizmente, o Brasil é uma democracia sólida e aqueles que perdem as eleições devem respeitar o resultado das urnas.

Edinho Silva
Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom)

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Leia a seguir a nota oficial do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG) neste sábado (22.ago.2015):

Declaração do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves

“A decisão do ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),  de solicitar à Procuradoria Geral da República (PGR) que investigue as denúncias de graves ilegalidades no financiamento da campanha da presidente Dilma Rousseff e do PT apenas faz cumprir a legislação.

Seria extremamente grave se os fortes indícios de utilização de dinheiro proveniente de desvios da Petrobras na campanha de reeleição da atual presidente, corroborados por delação premiada, não fossem devidamente apurados.

O Brasil confia que tanto a PGR quanto o TSE cumprirão seu papel constitucional, garantindo inclusive o amplo direito de defesa aos acusados, mas não se curvando a quaisquer tipos de pressão ou constrangimento.

Felizmente, o Brasil é uma democracia sólida, onde as instituições funcionam e a legislação deve ser cumprida por todos, em especial pela presidente da República.”

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FHC apenas reagiu à aproximação entre Serra e PMDB, avalia governo
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Fernando Rodrigues

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Renan e Serra: aliança forte dentro do Senado (foto: Jonas Pereira/Agência Senado – 7.abr.2015)

Saiba como o governo avalia a guinada do tucano

A presidente Dilma Rousseff e alguns ministros próximos ao Palácio do Planalto se dedicaram nas últimas 24 horas a interpretar a guinada ontem (17.ago.2015) no discurso de Fernando Henrique Cardoso.

O tucano havia mantido uma posição moderada a respeito da crise política. Sempre dava declarações no sentido de manter a ordem institucional. Sugeria ser contra a troca de governo antes das eleições de 2018. Nesta semana resolveu adotar um tom mais acerbo em relação à Dilma Rousseff.

“Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato”, escreveu FHC em sua página no Facebook.

Na avaliação do governo, FHC estaria reagindo à movimentação do senador José Serra (PSDB-SP), que se aproximou do PMDB nas últimas semanas. O tucano estaria adotando uma estratégia para evitar que seu partido, mais uma vez (repetindo a crise de 2005/06, do mensalão), perdesse a chance de recuperar o Palácio do Planalto.

O raciocínio governista é assim:

1) José Serra se inviabilizou no PSDB: o tucano já foi duas vezes candidato a presidente (2002 e 2010). Está com 73 anos. Em 2018, terá grandes dificuldades de viabilizar uma 3ª candidatura presidencial via PSDB. É comum ouvir no mundo peessedebista que Serra não tem chances de ser o nome do partido na próxima disputa pelo Planalto;

2) Serra aproxima-se do PMDB: enquanto a crise política evoluiu neste ano, o tucano se aproximou do PMDB, sobretudo do presidente do Senado, Renan Calheiros. Serra ajudou em parte na formulação da chamada “Agenda Brasil”, também conhecida como “pauta do Renan” –um conjunto de ideias que tenta mudar o foco da crise política dentro do Congresso.

O PMDB é um partido à deriva. Ajudou o Brasil a retornar à democracia, mas nunca teve um candidato a presidente competitivo. Ulysses Guimarães (em 1989) e Orestes Quércia (em 1994) tiveram desempenhos sofríveis, com perto de 4% dos votos. Nunca mais um peemedebista foi candidato a presidente. Serra poderia preencher esse vácuo.

3) Serra ensaia candidatura ao Planalto pelo PMDB: o tucano se dá bem com alguns caciques peemedebistas. Os chefes do PMDB estão à caça de uma saída para a crise que permita ao partido continuar a exercer o que está no DNA da legenda: entrar e ficar no poder.

É claro que todos aceitariam “con gusto” trocar Dilma Rousseff pelo atual vice-presidente, Michel Temer. Mas essa saída não é facilmente executável. Há risco de cair o governo inteiro. Novas eleições seriam convocadas. Nesse cenário, o mais provável seria a vitória do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teria de necessariamente fazer uma administração sem a “velharia” do PMDB. Aliás, Aécio trabalhou ostensivamente contra a permanência de Renan Calheiros na presidência do Senado.

O melhor para o PMDB de Renan e seu grupo seria ter uma opção competitiva de candidato a presidente em 2018. Esse nome é Serra –que teria de deixar o PSDB e filiar-se ao seu antigo partido (assim como a maioria dos tucanos, o senador iniciou sua carreira como peemedebista).

4) FHC quer barrar o avanço do projeto Serra-PMDB: o ex-presidente notou a consolidação da aliança entre peemedebistas e Serra. Fernando Henrique Cardoso sabe que essa possibilidade ainda é remota e incerta. Mas se o governo Dilma resistir como um zumbi até 2018, crescem as chances de nomes mais consolidados no eleitorado –e com o reforço de partidos de centro, com o PMDB.

Ao notar essa movimentação, FHC resolveu dinamitar a iniciativa Serra-PMDB –que seria a grande ameaça para o próprio PSDB voltar ao poder.

Mas se essa é a intenção de FHC, porque sugerir a renúncia de Dilma? A renúncia apenas colocaria o PMDB no Planalto, por meio da posse de Michel Temer. A resposta, no entender do governo, é simples: FHC sabe que Dilma não vai renunciar, mas sabe que falar sobre esse tema drena as energias da administração dilmista, colocando água no moinho do impeachment.

O MEDO DE REPETIR 2005/06
Na visão do governo Dilma, FHC deu uma guinada em seu discurso por tudo o que está exposto acima.

A estratégia inicial do ex-presidente, de esperar até 2018, poderia colocar os tucanos na mesma situação que já enfrentaram em 2005. O governo petista era então comandado por Luiz Inácio Lula da Silva e estava destruído politicamente por causa do mensalão.

Naquela época, o PSDB achou por bem deixar Lula na cadeira. Vigorou a teoria de “deixar sangra”, pois achavam que a vitória eleitoral viria naturalmente em 2006. Como se sabe, o PT se recuperou, venceu a disputa e Lula foi reeleito.

Agora, poucos tucanos acham que Dilma e o PT se recuperam até 2018 –sobretudo porque as perspectivas da economia são muito sombrias. Mas abre-se espaço para outras soluções surgirem.

Aécio Neves é o favorito para vencer uma eleição agora –o pleito seria convocado em 90 dias na eventualidade de a chapa completa (Dilma e Temer) sair do poder.

Daqui a 3 anos e meio, quem sabe como estará o Brasil e quem poderia ter chances eleitorais? Para o Planalto, FHC está agora engajado em derrubar o governo –a chapa completa, Dilma e Temer– para que o PSDB retorne imediatamente ao poder.

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Na TV, tucanos usam mau momento da economia para atacar governo
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Fernando Rodrigues

Inserções vão ao ar nesta semana, 3ª e 5ª feiras

Aécio aparece 1 minuto e meio nos comerciais

Serra e Alckmin só têm 8 segundos cada um

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Aécio diz que país voltou a ter problemas “de antes do Plano Real”

O PSDB usa o mau momento da economia para atacar o governo da presidente Dilma Rousseff nas inserções da legenda na TV aberta, que vão ao ar nesta 3ª e 5ª feiras (28 e 30.jul.2015).

O presidente nacional da legenda, senador Aécio Neves (MG), sugere que os governos petistas fizeram o Brasil recuar para um patamar anterior ao do Plano Real, lançado em 1994 –informa o repórter do UOL André Shalders.

É uma forma que o PSDB achou para se antecipar e responder previamente ao que o PT dirá em seus comerciais de TV de 6 de agosto. Luiz Inácio Lula da Silva explicou assim ao marqueteiro petista, João Santana, qual deve ser a “ideia-força” dos comerciais da sigla: “O país vive dificuldades. A situação não está boa. Nós precisamos dar respostas aos problemas. Mas com tudo o que está aí, ainda está bem melhor do que antes da gente”.

Nos comerciais do PSDB, Aécio diz: “O cenário adiante sinaliza, infelizmente, que estão comprometidos e em risco os principais avanços que os brasileiros conquistaram nas últimas duas décadas. O desafio nacional é controlar a inflação, retomar o crescimento, garantir os empregos, e evitar o agravamento da crise social na qual já estamos, infelizmente, mergulhados”.

Em outro momento, o tucano afirma que o país voltou a lidar com problemas “de antes do Plano Real”. Ou seja, é o PSDB dizendo que hoje o Brasil regrediu a uma situação pré-1994. À época de seu lançamento, o Plano Real foi comandado pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso –que foi eleito em 1995 para a Presidência da República.

Eis os vídeos:

AÉCIO DOMINA; SERRA E ALCKMIN SOMEM 
As seis inserções do PSDB foram produzidas com declarações de líderes tucanos na Convenção Nacional do partido, realizada no início do mês.

Com 30 segundos cada, os vídeos também expressam a disputa interna de poder entre o três principais líderes do partido: enquanto Aécio ocupa 89 segundos somando todas as suas aparições nas propagandas, o senador José Serra (PSDB-SP) e o governador de São Paulo, Geraldo  Alckmin, ficam com apenas 8 segundos cada um.

Atualmente, Aécio, Serra e Alckmin são cotados como os principais nomes da legenda para ocupar a vaga de candidato ao Planalto em 2018. Também aparecem nos vídeos o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; os líderes do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).

A líder do PSDB Mulher, Solange Jurema, também é contemplada com uma aparição.

Com as inserções comerciais desta semana os tucanos esperam ajudar a esquentar o clima preparatório para os protestos contra o governo, marcados para 16 de agosto.

“Estamos hoje, imaginem, tendo que lidar com os mesmos problemas que lidávamos antes do Plano Real”, diz Aécio em um dos trechos, aludindo ao aumento da inflação no último período. “Cresce o déficit, a inflação se mantém alta, o emprego cai. Entramos num círculo vicioso infernal, que é aquele que o governo nos meteu”, afirma em outro momento José Serra.

O partido evitou incluir trechos sobre um eventual impeachment de Dilma. Gravados em um tom próximo ao do preto-e-branco, as inserções fazem críticas à corrupção e à suposta “incompetência” da administração petista.

“O que temos hoje é um governo afogado em denúncias, paralisado pela incompetência e desacreditado pela falta de confiança”, declara Aécio em um trecho. “Esse Brasil que nos é apresentado diariamente não supera os limites estreitos de uma propaganda enganosa, movida pela fragilidade de resultados”.

“Não sabem (o PT) governar. Nós estamos assistindo a desmoralização do funcionamento do atual sistema político”, diz FHC.

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Pesquisa CNT/MDA deixa incerto se o fundo do poço foi atingido
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Fernando Rodrigues

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Na comparação com Datafolha e Ibope, rejeição de Dilma é parecida

Mas deterioração econômica pode agravar ainda mais aprovação do governo

Os números principais da pesquisa CNT/MDA mostram um cenário ruim para o governo Dilma Rousseff: 7,7% de ótimo e bom; 20,5% de regular e 70,9% de ruim ou péssimo. Em março, esses percentuais eram de 11%, 24% e 65%. O levantamento é de 12 a 16 de julho. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

O Blog tem o relatório completo da pesquisa.

Há duas observações importantes sobre o resultado macro da pesquisa. Primeiro, que a taxa de aprovação do governo (7,7%) é compatível com as que foram apuradas recentemente por Datafolha (10% em 17-18.jun.2015) e Ibope (9% em 18-21.jun.2015). A segunda ponderação a ser feita é uma pergunta: a presidente da República estabilizou e já chegou ao que pode ser o fundo do poço?

A resposta é incerta. Depende de vários fatores. Segundo Marcelo Costa Souza, diretor do Instituto MDA e responsável pela pesquisa divulgada hoje (21.jul.2015), “é muito difícil perder mais popularidade quando se está em um patamar tão baixo”. Mas ele faz uma ressalva: “O problema é que passamos anos falando que a economia não ia bem e os números não eram tão ruins. Agora, são. Se houver mais degradação em agosto e setembro, é possível que isso afete ainda mais a aprovação do governo e da presidente da República. O ponto mais importante a ser observado aqui é o estado da economia”.

Agosto e setembro, a julgar pelos indicadores já conhecidos, serão meses piores do que os do primeiro semestre de 2015. Não há, portanto, razão para acreditar que Dilma Rousseff tenha se estabilizado no atual patamar ou que possa até esboçar alguma reação.

Mas é preciso também levar em conta nesse cálculo a reação pretendida pelo governo e pelo PT. Nas próximas semanas e meses Dilma, seus ministros e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendem viajar pelo país.

Em agosto, o PT terá seu programa de 10 minutos de duração em rede nacional de rádio e de TV. Também em agosto a legenda terá centenas de comerciais curtos de 30 segundos ou de 1 minuto para veicular –tudo em fase de montagem pelo marqueteiro João Santana –que ontem (20.jul.2015) esteve com Lula em São Paulo.

RENDA E NORDESTE
Chama a atenção na pesquisa CNT/MDA, como alerta o diretor do instituto MDA Marcelo Costa Souza, que todas as classes sociais e todas as regiões do Brasil demonstram mau humor em relação ao governo da presidente Dilma.

Os mais pobres (renda até 2 salários mínimos) hoje fazem um juízo ruim do governo Dilma: 7,4% aprovam e 68,2% desaprovam. Ou seja, mais ou menos como a média geral.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

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Quando se olha para regiões específicas do país, o desempenho do governo no Nordeste é um pouco menos deteriorado, mas já não é mais suficiente para manter a administração do PT em situação confortável. Só 8,2% dos nordestinos aprovam o dilmismo no Planalto. E 69,7% rejeitam o governo nessa parte do país. Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-regioes-aprovacao-governoEsses cruzamentos estratificados podem ser vistos neste relatório da pesquisa CNT/MDA.

ONDE HÁ UM POUCO DE ALENTO PARA DILMA?
Um trecho da pesquisa CNT/MDA chama a atenção. O instituto perguntou: “O (a) Sr. (a) acredita que se o candidato Aécio Neves tivesse vencido a eleição, como estaria o governo dele em relação ao da presidente Dilma Rousseff?”. A resposta não é tão ruim para Dilma: 47,4% dizem que o Brasil estaria igual ou pior. Só 44,8% acham que uma administração do tucano teria deixado hoje o Brasil em melhor situação –menos do que ele teve de votos no 2º turno de 2014.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-Aecio-X-Dilma-no-governoOutro dado a ser considerado: mesmo com toda a perda de popularidade em todas as regiões do país, o Nordeste ainda demonstra ser mais compreensivo com o PT e com os petistas. Na pesquisa que sonda cenários para 2018, Aécio Neves (PSDB) bateria hoje Lula (PT) por 35,1% a 22,8% num hipotético 1º turno que teria também como candidatos Marina Silva (15,6%) e Jair Bolsonaro (4,6%).

Mas quando se observa o voto em cada uma das regiões brasileiras, nota-se que hoje Lula ainda derrotaria Aécio por 38,8% a 27,1% no Nordetes. Ou seja, se o PT e Dilma querem começar uma trajetória de recuperação, devem certamente priorizar o Nordeste, estancando por ali a queda na popularidade presidencial.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-Lula-X-Aecio-NordesteO blog está no FacebookTwitter e Google+.


Levy liga para Aécio, que nega apoio ao projeto para repatriar dinheiro
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Fernando Rodrigues

Aecio-DouglasPereira-17jun2015

O tucano Aécio Neves, que não aceita votar já o projeto para repatriar dinheiro do exterior

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta terça-feira (14.jul.2015) que seu partido fará o possível para não votar agora o projeto de lei que visa a repatriar dinheiro de brasileiros depositados ilegalmente no exterior.

O tucano relatou que foi procurado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com quem conversou ontem (13.jul.2015) à noite.

“Recebi ontem à noite um telefonema do ministro Joaquim Levy e conversei com ele sobre esse tema. Acho que não há condições de que essa proposta, assinada pelo senador Randolfe [Rodrigues, PSOL-AP] e relatada pelo senador Delcídio [do Amaral, PT-MS], seja votada esta semana, como gostaria o governo”, relatou Aécio após uma reunião da Executiva Nacional do PSDB.

Segundo o tucano, é preciso antes “examinar de forma clara o que ocorreu em outros países que tomaram essa decisão”. Aécio disse ter perguntado a Levy como seriam criados “mecanismos” para diferenciar a origem do dinheiro de brasileiros depositado ilegalmente no exterior –por exemplo, como saber o que foi apenas sonegação e evasão de divisas e o que foi fruto de tráfico de droga ou de corrupção.

A resposta de Levy foi prosaica. O ministro respondeu que os bancos no exterior hoje já fazem essa diferenciação. “Eu tenho dúvida se têm efetivamente esse mecanismo”, declarou Aécio.

O governo está aflito para votar o projeto de repatriação de recursos pois precisa fazer caixa (para o ajuste fiscal). Também tem de criar um fundo para financiar a unificação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços). Os Estados que perderem receita com a equalização das alíquotas receberiam uma compensação –desse fundo a ser criado com os imposto e as multas sobre o dinheiro que voltaria ao Brasil para ser legalizado.

“Mesmo que a maioria aprove [o regime de] urgência para esse projeto, nós não permitiremos que ele seja votado esta semana, para que possa ser discutido em profundidade”, disse Aécio.

O PSDB não está “fechando as portas de forma definitiva”. Mas o tucano disse ao ministro da Fazenda “que via muitas dificuldades” para votar “com todo esse açodamento”.

“Na verdade, é de novo o governo do improviso. As dificuldades em que esse governo mergulhou em razão dos seus equívocos fazem com que a todo momento surja aí uma novidade, ou uma solução maravilhosa e criativa para resolver todos os problemas fiscais do governo. Não é assim. Essas questões dizem respeito a tratados internacionais e é precioso que sejam discutidas em profundidade, seus eventuais benefícios, mas também os danos que possam causar. Portanto, a posição do PSDB hoje é de cautela, de não dar urgência para que essa matéria seja votada”, declarou o presidente do PSDB.

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Saiba como a hipótese do impeachment aparece nas conversas em Brasília
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Fernando Rodrigues

processo só andará se houver acordo sobre quem o comandará

De mansinho, nos bastidores, voltou aquela discussão recorrente na política sobre um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Nesta segunda-feira (29.jun.2015) cedo, deu-se uma conversa entre duas pessoas que acompanham a política muito de perto. Foi assim:

A Perguntaram-me hoje o que acontece se Dilma Rousseff sofre o impeachment. Queriam saber quando e em que hipótese haveria uma nova eleição…

B – Se só sair a presidente Dilma, assume Michel Temer até o final do mandato.

A – É, mas essa história de Lava Jato é sobre propina para a campanha da presidente… Se for confirmada, atinge a chapa inteira. Até porque votamos para presidente e vice-presidente de maneira conjunta. É a chapa completa que fica atingida…

B – Nesse caso, saem os dois, se houver impeachment. Saem Dilma Rousseff e Michel Temer. E aí, como ainda não foram cumpridos 2 anos de mandato, tem de assumir o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e novas eleições são convocadas em 90 dias.

A – Aí começam os problemas. O PMDB do Michel Temer vai ser contra, pois serão todos colocados para fora do poder. O PMDB de Eduardo Cunha é mais modesto em tamanho e força para estar à frente do processo. Quem pode se interessar é o PSDB, pois pesquisas dizem que uma eleição hoje colocaria Aécio Neves na frente.

Aí terminou a conversa.

Como se observa, haver ou não haver impeachment depende de dois fatores.

O primeiro, por óbvio, é a existência de algum fato objetivo que complique criminalmente a presidente da República. O segundo é a necessidade de as forças políticas mais relevantes se entenderem sobre quem comandaria essa transição.

O indício sobre crime eleitoral na campanha de Dilma de 2014 já apareceu na delação premiada de Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC. A petista declarou que não respeita delatores. O problema é outro: tem de dizer o que achou do conteúdo da delação –e responder de maneira objetiva no caso de acusação se transformar em denúncia.

A união de forças anti-Dilma hoje exigira muita engenharia política.

Quando o Brasil teve o impeachment de Fernando Collor, em 1992, havia partidos políticos muito mais sólidos e estruturados. PMDB e PFL dominavam o centro do espectro político.

Hoje, a fragmentação é completa.

Por que os 10 partidos no momento grudados ao governo largariam esse conforto para apoiar uma nova eleição de um tucano –possivelmente Aécio Neves? Só o farão depois de ter segurança de que ficarão no mesmo lugar no qual se encontram.

Por essa razão, o impeachment pode até estar voltando aos poucos ao debate em Brasília. Mas a viabilização dessa saída é muito mais complexa do que possa parecer.

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