Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Aline Corrêa

Doações para PP e PMDB estão em e-mail da Queiroz Galvão para Yousseff
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Fernando Rodrigues

Mensagens são de Othon Zanoide, ex-executivo da Queiroz Galvão

“Resta Um”, 33ª fase da Lava Jato, prendeu Zanoide ontem (3ª)

Em outros e-mails, Youssef informa endereços de políticos

Conversas foram anexadas aos autos da operação “Resta Um”

Para a Polícia Federal, os valores são propinas disfarçadas

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Alberto Youssef em Brasília, em out.2015

E-mails anexados à 33ª fase da Lava Jato mostram o doleiro Alberto Youssef e o ex-executivo da Queiroz Galvão Othon Zanoide discutindo o que parecem ser doações de campanha para o Partido Progressista (PP) e para o PMDB. Segundo a Polícia Federal, trata-se de propina “disfarçada” de doação. Zanoide foi preso na operação de 3ª feira.

As informações são do repórter do UOL André Shalders.

Eis uma das mensagens (clique na imagem para ampliar):

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Um dos e-mails entre Zanoide e Youssef, em 2010

Um dos e-mails foi enviado em 23.set.2010, ano em que foram realizadas eleições gerais no Brasil. Na mensagem, Othon Zanoide dirige-se a Alberto Youssef. “Primo … A seguir, a relação dos recibos faltantes, desde já agradeço a ajuda”. Em seguida, há uma relação de nomes seguidos de valores.

Aparecem na lista os diretórios do PP da Bahia (“500.000”) e de Pernambuco (“250.000”) e do PMDB de Rondonia (“300.000”), além do Diretório Nacional do PP (“2.040.000”). As cifras não aparecem acompanhadas de nenhuma descrição. Também são citados políticos individuais, todos do PP. São eles o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) e os ex-deputados Roberto Teixeira (PP-PE) e Aline Corrêa (PP-SP).

Em outro e-mail anexado aos autos, Youssef encaminha a um funcionário da Queiroz Galvão (cujo e-mail é looliveira@queirozgalvao.com) os endereços de Meurer e de Roberto Teixeira, no Paraná e em Pernambuco, respectivamente. Uma terceira mensagem, desta vez de Youssef para Othon, traz a informação sobre uma conta no Banco do Brasil atribuída ao diretório nacional do PP.

PMDB, PP e os políticos mencionados negam o recebimento de propina ou de qualquer irregularidade. A Queiroz Galvão diz estar colaborando com a apuração. Leia aqui a íntegra das 3 mensagens.

O contexto das mensagens não deixa claro do que se tratam os valores. Para a Polícia Federal, porém, trata-se de pagamento de propina disfarçada sob a forma de doações eleitorais oficiais.

Eis o que diz a PF na página 27 da representação que embasou a operação de hoje (2.ago):

Em análise ao conteúdo da caixa de e-mail paulogoia58@hotmail.com, notoriamente utilizada por Alberto Youssef para suas operações ilícitas, foram localizados e-mails trocados entre Yousseff e Othon Zanoide acerca de parte dos pagamentos de propina que foram travestidos de doação eleitoral oficial. Nos e-mails, Youssef cobra Othon quanto à realização de doações, ao passo que Othon lhe solicita a emissão de recibos, indicando o nome e o CNPJ da doadora”.

Na representação, a PF também cita um trecho da delação premiada de Youssef. De acordo com o doleiro (pg. 2) “(…) tais pagamentos consistiriam em propina travestida de doação eleitoral oficial. Youssef teria sido procurado por Othon Zanoide em 2010, ocasião em que foi acertado que a propina seria paga por meio de doações oficiais, destinadas ao Diretório Nacional do PP e também a parlamentares. No total, a Queiroz Galvão teria pago R$ 7.500.000,00 em propina, por meio de doação eleitoral oficial”. 

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Jaques Wagner indica para o TCM deputado que frequentou doleiro Youssef
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Fernando Rodrigues

Deputado Mário Negromonte, do PP, forneceu seus dados ao entrar no edifício onde o doleiro trabalhava

Governador da Bahia, do PT, fez a indicação pensando na aliança eleitoral de outubro

Registro de Mário Negromonte na entrada do prédio onde funcionava o escritório do doleito Alberto Youssef – foto reprodução da revista “Veja”

Registro de Mário Negromonte na entrada do prédio onde funcionava o escritório do doleiro Alberto Youssef – foto reprodução da revista “Veja”

De olho nas alianças eleitorais, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), quer presentear o ex-ministro e deputado federal Mario Negromonte (PP-BA) com uma vaga vitalícia de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado, responsável por fiscalizar as finanças das 417 cidades baianas.

A Assembleia Legislativa do Estado deve decidir sobre a nomeação de Negromonte nesta 4ª feira (28.mai.2014), 5 dias após a revista “Veja” divulgar que o deputado era um dos frequentadores do escritório do doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato.

A revista publicou a imagem de Negromonte identificando-se na portaria do prédio do doleiro, localizado na zona oeste capital paulista. No registro, ele omitiu seu sobrenome mais famoso –Mario Silvo Mendes Negromonte tornou-se Mario Silvio Mendes.

Ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012, Negromonte foi indicado para o Tribunal para que abrisse mão da vaga de vice do candidato do PT ao governo baiano, Rui Costa.

Além de Negromonte, outros 4 deputados federais do PP foram flagrados visitando o quartel-general de Youssef: João Pizzolatti (SC), Nelson Meurer (PR), Arthur Lira (AL) e Aline Corrêa (SP). Aline é filha do ex-deputado do PP Pedro Corrêa, condenado a 7 anos de prisão no processo do mensalão, que também frequentava o escritório do doleiro. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que segundo a Polícia Federal estaria envolvido com Youssef, fora indicado pela estatal pelo mesmo PP.

Preocupado com a votação de 4ª feira, o governador Jaques Wagne reuniu-se na 2ª feira (26.mai.2014) com líderes de sua bancada expressando a necessidade da escolha de Negromonte.

A assessoria do deputado afirmou ao Blog que ele não se pronunciará sobre a reportagem da revista “Veja”. O Blog também indagou o governador Jaques Wagner sobre o episódio, mas não obteve resposta.

Indicações polêmicas
Guardadas as devidas proporções, a indicação de Negromonte para o Tribunal de Contas baiano tem similitudes com a recente tentativa do governo Dilma Rousseff de emplacar o senador Gim Argello (PTB-DF) no Tribunal de Contas da União.

A nomeação servia a interesses de composição política do Planalto com o PTB e foi questionada por servidores do TCU, para quem o senador não teria a necessária “reputação ilibada” para o cargo. A indicação de Gim caiu. Em seu lugar, foi nomeado Bruno Dantas, consultor legislativo licenciado do Senado.

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