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Ciência sem Fronteiras muda e deixa de fora estudantes da graduação
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Fernando Rodrigues

Programa de intercâmbio será reformulado por ministro do MEC

Nova versão servirá como incentivo a alunos pobres do ensino médio

Pós-graduação continua com orçamento no Ciência sem Fronteiras

 

Dilma Rousseff e alunos do Ciência sem Fronteiras no lançamento da 2ª etapa do programa, em 2014

 

O Ministério da Educação vai deixar de financiar intercâmbios de universitários da graduação em instituições estrangeiras e passará a oferecer bolsas para estudantes do ensino médio de escolas públicas aprenderem outro idioma fora do Brasil.

“A ideia é contemplar estudantes pobres e de escolas públicas, que tenham bom desempenho e que possam passar um período no exterior, sobretudo, para o aprendizado de um outro idioma”, disse ao Blog o ministro da Educação, Mendonça Filho.

As informações são da repórter do UOL Gabriela Caesar.

Deputado federal pelo Democratas de Pernambuco, Mendonça é o único representante de sua legenda na Esplanada.

Ao acabar com o Ciências sem Fronteiras para a graduação, o ministro acredita que ajudará a destinar verbas federais para uma parcela da população que realmente aproveitará de maneira mais eficaz a experiência de passar 1 ano no exterior.

Mendonça Filho contou que ouviu relatos sobre estudantes da graduação que se dedicavam pouco aos estudos e aproveitavam o tempo para somente viajar durante o intercâmbio.

Havia também o problema da não equivalência de disciplinas entre os cursos de outros países e os do Brasil. Isso tornava o ano acadêmico internacional muitas vezes inaproveitável para efeitos curriculares.

O ministro relata também ter ficado surpreso ao saber que os gastos com as bolsas da graduação no Ciência sem Fronteiras eram iguais aos do programa de alimentação escolar para os alunos da educação básica em escolas públicas de todo o Brasil. Cada despesa custava R$ 3,7 bilhões por ano (dados de 2015).

Como se observa no quadro acima, o governo federal gastou R$ 105,7 mil por estudante do Ciência sem Fronteiras contra R$ 94,6 por aluno com merenda escolar. “Uma diferença assim me parece insustentável e não pode continuar”, disse Mendonça Filho.

Essa guinada do Ciência sem Fronteiras também está de acordo com a pretensão do presidente interino, Michel Temer, de tentar reforçar programas sociais para a população menos favorecida. Essa fórmula tem o objetivo de tentar descolar do Planalto a imagem de que o governo do peemedebista eliminará as políticas adotadas pelas administrações do PT.

Outro programa semelhante anunciado nesta semana é o Criança Feliz, vinculado ao Desenvolvimento Social e Agrário. Com custo anual de R$ 2 bilhões, 80 mil “visitadores” farão acompanhamento presencial a filhos de até 3 anos de beneficiários do Bolsa Família.

Antes, o governo Michel Temer já havia anunciado o reajuste médio de 12,5% no Bolsa Família —equivalente a R$ 295,1 milhões a mais para os favorecidos pelo programa.

NOVA GRADE DO ENSINO MÉDIO
O ministro da Educação afirmou também que pretende fazer mudanças no ensino médio já em 2017. O objetivo da reforma é dar ao estudante autonomia para eleger as matérias pelas quais tem mais interesse.

Mendonça Filho disse que a flexibilização da grade tende a diminuir a evasão escolar e a tornar o ensino médio mais técnico. Segundo o MEC, 15,7% dos jovens de 15 a 17 interromperam os estudos.

Essa mudança na grade depende da aprovação de uma lei ordinária pelo Congresso. O assunto já foi tratado por Mendonça Filho com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que estaria a favor da flexibilização.

Para o ministro, o assunto não enfrentará resistência no Legislativo.

CUSTOS DO ENEM
O Exame Nacional do Ensino Médio não terá alterações durante a gestão de Mendonça Filho embora o ministro enxergue alguns problemas na prova.

O Enem de 2017 deve ser o único que ficará sob seu comando. Em 2018, ele deve disputar algum cargo eletivo e pode ter de se desincompatibilizar da função.

Indagado sobre o que gostaria de ver aperfeiçoado no Enem, Mendonça é cauteloso. Cita o custo total aproximado desse exame anual que serve para selecionar interessados em ingressar na maioria das universidades brasileiras.

“O Enem custa aproximadamente R$ 600 milhões. Seria bom se pudéssemos ter mais de 1 Enem por ano, mas seria necessário tentar reduzir esse custo. E é importante dizer que, desse valor total, o gasto com a correção da prova de redação consome perto de R$ 200 milhões”, disse.

Mendonça acha que seria necessário amadurecer um debate sobre a conveniência de ter ou não a prova de redação. Mas reconhece que haverá sempre muitas resistências a respeito. Prefere deixar isso para um momento no futuro –e talvez não seja possível concluir tal mudança na sua gestão.

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Maria Inês Fini, idealizadora do Enem, assume presidência do Inep
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Fernando Rodrigues

Educadora da Unicamp foi diretora da autarquia de 1996 até 2002

Indicação confirma intenção de Temer de focar no ensino básico

Mestre e doutora, Maria Inês Fini fundou Faculdade de Educação

Educadora também ajudou a criar exame usado para ingresso no ensino supletivo

A educadora e pesquisadora Maria Inês Fini, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), será nomeada presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) nesta semana. É a 2ª indicação a um cargo de relevo do novo ministro da Educação, Mendonça Filho, que confirmou a informação ao Blog.

A informação é do repórter do UOL Guilherme Moraes.

A intenção do governo Temer é investir mais no ensino básico. Mendonça Filho pretende implementar uma agenda diferente dos governos petistas, que deu grande importância ao ensino superior –com inauguração de universidades federais e criação ou expansão de projetos como o Prouni e o Fies. Antes, o ministro já havia nomeado Maria Helena Guimarães de Castro para a Secretaria Executiva da pasta.

Maria Inês Fini disse ao Blog que toda sua trajetória profissional “é de compromisso com a educação básica”. Ajudou, por exemplo, a atualizar a grade curricular de ensino na rede municipal de São Paulo. “Mas isso não quer dizer que programas voltados ao nível superior serão interrompidos. Pelo contrário. As universidades têm um papel decisivo na sociedade, na medida em que preparam para o mercado de trabalho”.

Em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, Michel Temer disse ontem (domingo) o seguinte sobre educação: “Os estudos estão sendo feitos. As escolas são federais, estaduais, municipais. O que deve haver é um conjunto, um esforço federativo para que nós venhamos a resolver esse problema. E nós vamos resolvê-lo. Tenho absoluta convicção de que, somando todos os esforços, é possível equacioná-los melhor. De fato, na educação, não é possível que as pessoas supostamente tenham aprendido a escrever e não sabem escrever. Supostamente, tenham aprendido a multiplicar ou a dividir, e não consigam multiplicar e dividir. Esta é uma nova visão da educação que é preciso implantar, e esperamos fazê-lo no nosso período governamental”.

A professora Maria Inês Fini chegou a Brasília nesta 2ª feira (16.mai) e foi ao MEC para um encontro com o ministro Mendonça Filho. Deve assumir suas funções no Inep já nesta 3ª (17.mai).

CURRÍCULO
Fini participou da criação e da implementação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 1998, quando era diretora do Inep. Também criou o Encceja (Exame Nacional de Certificação de Competência de Jovens e Adultos), usado para o ingresso ao ensino supletivo. Coordenou as duas provas até 2002, quando deixou a autarquia do MEC.

No mundo acadêmico, é mestre em Filosofia da Educação e doutora em Psicologia Social pela Unicamp. Participou da fundação da Faculdade de Educação da universidade, onde atuou de 1972 a 1996.

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