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Ano pré-reeleitoral de Dilma tem mais emprego e popularidade que Lula e FHC
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Fernando Rodrigues

Em compensação, desempenho do PIB e perspectiva de inflação são piores

A presidente Dilma Rousseff encerra o ano anterior à sua campanha pela reeleição com taxas de desemprego e aprovação mais confortáveis do que tiveram os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso quando se preparavam para ganhar mais 4 anos no Palácio do Planalto.

A taxa de desemprego anual deste final de 2013 é de 5,58%. Trata-se de percentual bem menor do que os 9,8% registrados em 2005, quando Lula articulava apoios para tentar se reeleger. E é melhor também do que os 6,14% de 1997, ano em que a emenda da reeleição era aprovada para que FHC disputasse um segundo mandato.

O percentual de brasileiros que apoiam Dilma também é superior ao de seus antecessores no mesmo período do mandato. O governo da presidente é considerado “ótimo” e “bom” por 41% da população, segundo o Datafolha. Em dezembro de 2005, Lula era aprovado por apenas 28%, ainda sob impacto do escândalo do mensalão. FHC, no embalo do combate à inflação, era aprovado por 37% em dezembro de 1997. Compare todos os indicadores na tabela abaixo.

Tabela

Se popularidade e emprego jogam a favor da presidente, a inflação pode ser um obstáculo no caminho para o segundo mandato dilmista. A petista deve ter 5,7% de inflação neste ano. Não está tão pior do que Lula em 2005 (a taxa foi de 5,69%) ou de FHC em 1997 (5,22%).

A diferença são as projeções para 2014, no momento da reeleição. Caso as previsões do mercado se confirmem, o Brasil terá uma inflação de 5,95% no ano que vem, taxa bem maior do que os 3,14% de Lula e quase o quádruplo do 1,65% de FHC.

O desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) também não deve ajudar Dilma. A estimativa de crescimento para 2014, segundo o boletim Focus, do Banco Central, é de 2% –metade do registrado sob Lula em 2006.

FHC foi reeleito em 1998 com estagnação, “crescimento zero”, mas se beneficiou do pavor que ainda habitava as mentes dos brasileiros a respeito da volta da inflação. Além disso, não havia alternativas ao centro. Lula naquela época não era palatável ao mercado financeiro e ostentava como candidato a vice-presidente o pedetista Leonel Brizola (1922-2004).

Tudo considerado, o cenário é favorável ou desfavorável para Dilma? Há itens para todos os gostos no cardápio.

A favor do Planalto: a) popularidade de Dilma mais alta na largada na comparação com outros presidentes que conseguiriam se reeleger (e o governo torrará milhões de reais em propaganda nos próximos meses para alavancar ainda mais a imagem da petista); b) taxa de desemprego baixa; c) oposição ainda completamente desarticulada.

Contra si Dilma tem o seguinte: a) baixo crescimento econômico; b) perspectiva de inflação alta na comparação com outros anos reeleitorais; c) promessas de manifestações de rua em 2014 e d) a incógnita maior, a organização da Copa do Mundo de futebol no Brasil.

Há elementos para todos os gostos. Mas o mais certo a dizer é que, neste cenário, a disputa continua toda em aberto –apesar do favoritismo inegável da presidente da República.

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