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Só 26% dos deputados querem a legalização da maconha
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Fernando Rodrigues

54% dos deputados se disseram contra; 21% não responderam 

46% acham que qualquer uso medicinal da erva deve ser permitido

200 deputados participaram da pesquisa de junho a setembro de 2015

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Manifestação em Brasília pede a legalização da maconha

Apenas 26% dos deputados federais são favoráveis à legalização da maconha no país. 54% são contrários. A conclusão é de um levantamento conduzido pela Plataforma Brasileira de Política de Drogas.

Ao todo, a pesquisa ouviu 200 dos 513 deputados federais de junho a setembro de 2015. A margem de erro é de 6,9%, para mais ou para menos. Leia aqui a íntegra do estudo, obtido pelo Blog.

A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

18% dos deputados acham que o “cabe ao Estado regular a produção e a venda da maconha”. E outros 8% acreditam que “a produção e o comércio devem ser legais apenas para consumo adulto”.

O uso medicinal da maconha (ou de derivados da planta) recebeu mais apoio: 46% acreditam que “todas as possibilidades de uso terapêutico da maconha devem ser permitidas”. 36% são a favor da liberação do canabidiol, um dos princípios ativos. Só 11% são contra e 8% não responderam.

Ainda para 68% dos deputados, os usuários de qualquer droga não devem ser punidos como criminosos.

Para Gabriel Santos Elias, coordenador da Plataforma, este último número mostra que “quando os parlamentares são levados a pensar sobre o direito das pessoas nesse debate, eles tendem a defender esse direito”.

“Há uma rejeição à maconha, por todo estigma criado por anos de política proibicionista, mas esse estigma já começa a se desfazer quando o uso da maconha é para fins medicinais”, diz ele.

Apesar de 26% não serem suficientes para aprovar um projeto de Lei na Câmara, a organização considerou os resultados positivos. “O número de mais de 100 parlamentares favoráveis à legalização evidencia um amplo espaço para trabalharmos em defesa de uma profunda reforma da política de drogas, com respeito aos direitos humanos e à saúde das pessoas”, diz Elias.

O cientista político também acredita que os números possam impactar no julgamento sobre o tema no Supremo, interrompido em set.2015.

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A pesquisa também avaliou o que a Câmara considera prioridade na ação do governo em relação às drogas. Investir no tratamento dos dependentes (86%) e educar para prevenir o uso (85%) foram as opções mais escolhidas. Só 23% acham que a prioridade é aumentar a repressão aos usuários.

E como tratar os dependentes? A maioria (71%) acredita que, além do tratamento no SUS, o governo deve financiar clínicas e comunidades terapêuticas que atuam na área.

Além disso, 93% dos deputados acham que o Brasil deveria ter “uma atuação mais ativa” no debate internacional sobre drogas.

NO SENADO
34 dos 81 senadores também responderam ao questionário: 18% são favoráveis à legalização e 41% são contra. Os 41% restantes não se manifestaram.

Ao contrário da Câmara, os resultados no Senado apenas sugerem tendências: a amostra mínima não foi atingida. “Assim, diferentemente dos dados apurados na Câmara, que são extrapoláveis estatisticamente para o universo de todos os deputados, os resultados entre os senadores servem apenas como indicativo dos posicionamentos”, diz um trecho.

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