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Greve dos bancários já é a mais longa em 9 anos
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Fernando Rodrigues

Categoria entra hoje no 22º dia de paralisação

Os bancários completam hoje (10.out.2013) 22 dias em greve, a mais longa paralisação em 9 anos da categoria. Desde 2004, quando as agências ficaram fechadas por 30 dias, o impasse entre funcionários e patrões do setor não demorava tanto tempo para ser resolvido.

A Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), filiada à CUT, senta à mesa hoje com a Fenaban (Federanação Nacional de Bancos) para discutir uma nova proposta salarial. Na última rodada de negociações, o sindicato patronal ofereceu reajuste de 7,1% (aumento real de 0,9% além da inflação), recusado pela categoria, que pede 11,9% (aumento real de 5,7%). Os bancários farão novas assembleias amanhã (11.out.2013) ou na 2ª feira (14.out.2013) – a data ainda não foi definida – para deliberar sobre a continuidade da greve.

Outras paralisações estão em curso no país. Os professores municipais do Rio estão em greve há 2 meses. Hoje os funcionários da Toyota em Sorocaba (SP) entram no 8º dia de paralisação e a Federação Única dos Petroleiros realiza assembleias para decidir se a categoria cruzará os braços por tempo indeterminado a partir de 17.out.2013.

Inflação

Apenas 7 das 33 negociações coletivas fechadas por metalúrgicos neste ano tiveram ganhos reais maiores do que no ano passado, segundo estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos) divulgado na 3ª feira (8.out.2013). A média do ganho real do trabalhador do setor está 0,54% menor que no ano passado.

Para o economista André Cardoso, do Dieese, os ganhos reais estão menores em comparação ao ano passado devido à alta da inflação na última data-base.

Segundo a pesquisa, os trabalhadores do setor metalúrgico de sindicatos ligados à CUT no Estado de São Paulo acumulam ganhos reais de 28,99% a 37,34% nos últimos 11 anos, de 2002 a 2013. O maior índice foi alcançado pelos funcionários do setor automobilístico.

Salário X PIB

O presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Pattah, avalia que 2013 deve repetir o alto número de greves do ano passado, quando o Diesse registrou 873 paralisações – alta de 58% sobre o ano anterior e maior resultado absoluto desde 1996.

Para Pattah, o crescimento do movimento grevista reflete o menor resultado do PIB (Produto Interno Bruto). Ele diz que os trabalhadores “se acostumaram” a ter ganhos reais de salário nos anos de bonança e agora não se conformam com o argumento do governo e de empresários de que, com PIB baixo, não há espaço para aumentos.

“Em 2012 os patrões tentaram usar uma regra do salário mínimo [reajuste vinculado ao PIB] para os trabalhadores em geral, o que levou a uma reação muito forte”, afirma o sindicalista, filiado ao PSD de Gilberto Kassab.

Pattah calcula cenário parecido para 2013. “Neste ano isso está se projetando novamente e teremos um número importante de paralisações”, diz.

Acompanhe abaixo a evolução anual do número de greves na última década, segundo o Dieese.

(Bruno Lupion)

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