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Temer discute pacote de combate à recessão para o início de 2017
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Fernando Rodrigues

Senadores pedem novas medidas para a retomada além do ajuste fiscal

Lentidão do BC em baixar os juros foi criticada pelos congressistas

Empresários já haviam feito o mesmo apelo em jantar com o presidente

Entrevista coletiva do presidente Michel Temer com os presidentes do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, no Palácio do Planalto. Brasilia, 18-11-2016 Foto: Sérgio Lima / PODER 360.

O presidente Michel Temer

O presidente da República pretende lançar no início de 2017 um pacote de medidas microeconômicas. Quer mitigar o impacto da forte recessão pela qual passa o país.

A reportagem é do Poder360 e as informações são de Tales Faria.

Na manhã desta quinta (1°. dez) Michel Temer tratou do tema com os senadores tucanos Tasso Jereissati (CE), José Aníbal (SP) e Ricardo Ferraço (ES), além de Cristovam Buarque (PPS-DF) e Armando Monteiro (PTB-PE). Tasso defendeu a medida em conversa com o Poder360.

Temer ouviu críticas à lentidão do Banco Central em baixar os juros e à falta de medidas para evitar o arrocho causado pelo ajuste fiscal. Os senadores deixaram claro: é necessário cuidar do ajuste fiscal, mas chegou a hora de superá-lo e pensar em formas de oxigenar a economia para voltar a crescer.

ENCOMENDA À FAZENDA E AO PLANEJAMENTO

O presidente disse aos senadores que está decidido a atacar o problema. Afirmou que cobrará dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira(Planejamento) um pacote de “medidas microeconômicas” a ser anunciado no início do ano.

Temer quer ainda que a reforma da Previdência seja enviada ao Congresso na semana que vem. O texto servirá para os governadores ajustarem as aposentadorias dos funcionários estaduais. Ele se disse preocupado com a situação dos estados e garantiu que o governo federal “vai ajudar no máximo possível”.

Ele pediu que os senadores também tragam algumas propostas de medidas microeconômicas. Quanto aos juros, balançava afirmativamente a cabeça diante das críticas.

ENCONTRO COM EMPRESÁRIOS

O mesmo assunto já foi tema de uma outra reunião de Temer com pesos-pesados do empresariado e do sistema financeiro na 6ª (25.nov).

Os convidados estavam dispostos em duas mesas na residência de Edson Bueno(fundador da Amil), em São Paulo. Um grupo desfrutava da conversa com o presidente da República. O outro tinha Moreira Franco (PPI) como representante do governo. Os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Eliseu Padilha (Casa Civil) não foram convidados.

Estavam presentes, entre outros, Beto Sicupira (InBev), Carlos Jereissati(shoppings Iguatemi), João e Pedro Moreira Salles (Itaú Unibanco), Luiz Carlos Trabuco Cappi (Bradesco), Jorge Gerdau (Gerdau) José Roberto Ermírio de Moraes (Votorantim), Josué Gomes da Silva (Coteminas) e Pedro Passos(Natura). Também participou o dirigente da Falconi Consultores de Resultados, Mateus Bandeira, e Antônio Machado, presidente do Instituto Talento Brasil.

Uma metáfora foi usada no jantar e depois repetida por Moreira Franco: é como se hoje a equipe econômica fosse 1 time de futebol com muitos jogadores de defesa (fiscalistas) e nenhum atacante (desenvolvimentistas). Sem centroavantes não se ganha. Ou seja, sem estimular o crescimento, a recessão não vai ceder.

FIESP: “CORTE PÍFIO”

Um exemplo da crítica do empresariado é a nota emitida ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). Nela, o presidente da entidade, Paulo Skaf, afirma: “é muita recessão para um corte pífio” (íntegra).

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Calero foi “indigno”, mas gravação deve ser divulgada logo, diz Temer
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Fernando Rodrigues

Presidente diz estudar fazer registro em áudio de todas as audiências

No Planalto, ao lado de Renan e Maia, promete vetar anistia ao caixa 2

Peemedebista diz ter conversas para tentar buscar “redução dos juros”

Entrevista coletiva do presidente Michel Temer com os presidentes do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, no Palácio do Planalto. Brasilia, 18-11-2016 Foto: Sérgio Lima / PODER 360.

Renan Calheiros, Michel Temer e Rodrigo Maia em entrevista no Planalto

Em entrevista no início da tarde deste domingo (27.nov.2016), no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer emitiu 3 recados importantes.

       1. Anistia ao caixa 2: disse não apoiar uma eventual anistia ao caixa 2 de campanhas eleitorais passadas. Vetará o dispositivo caso venha a ser aprovado pelo Congresso;

      2. Calerogate: o presidente classificou de “indigno” o ato do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que admitiu ter gravado uma conversa com Temer. Pediu que o conteúdo da gravação “logo venha a luz”;

      3. Taxa de juros: numa atitude quase surpreendente, ainda que fazendo uma ressalva, afirmou que tem mantido conversas para tentar baixar a taxa de juros básica da economia, a Selic.

 

Ao lado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Michel Temer pretendeu tranquilizar o meio político e os agentes econômicos e financeiros a respeito das turbulências dos últimos dias.

Esta reportagem é do Poder360 e as informações do repórter Luiz Felipe Barbieri

Temer enfrenta vários reveses ao mesmo tempo. Perdeu 2 ministros em novembro (Marcelo Calero, da Cultura, e Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo). Calero, para complicar, disse ter registrado em áudio conversas telefônicas com integrantes do alto escalão do governo, além de um diálogo com Temer. A economia continua dando sinais de forte recessão. E em breve haverá os vazamentos de conteúdo de delações de mais de 70 executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da Lava Jato –explicando o que é verdade na chamada “lista da propina“.

Ao se apresentar para uma entrevista num domingo, algo raro, Temer quis demonstrar que está no controle do governo e tem o apoio das duas Casas do Congresso. Sobre a gravação da qual teria sido alvo, tentou sinalizar destemor ao pedir a divulgação rápida do conteúdo –que no momento é analisado pela Polícia Federal.

Ao programa “Fantástico”, da TV Globo, Calero afirmou ter realizado as captações de áudio por sugestão de “amigos” da Polícia Federal. Essa informação é pública desde ontem, sábado (26.nov.2016). Na entrevista do início da tarde deste domingo (27.nov.2016), nenhum repórter questionou o presidente a respeito. Só puderam perguntar repórteres previamente sorteados. O Poder360 estava presente, mas não foi sorteado e não teve como fazer perguntas.

Temer criticou a conduta de seu ex-ministro da Cultura. “Com toda franqueza, eu acho que gravar clandestinamente é sempre algo desarrazoado. Quase indigno. Eu diria mesmo indigno. Mas um ministro gravar o presidente da República é gravíssimo. Se gravou eu espero que essa gravação logo venha a luz. É importantíssimo”, declarou.

Com o intuito de evitar que novas gravações venham a provocar constrangimentos ao governo, o presidente disse que pretende pedir o registro de todas conversas que mantêm em seu gabinete.

“Estou pensando em pedir ao Gabinete de Segurança Institucional que grave, publicamente, não clandestinamente, todas as audiências do presidente da República. Para que todos possam dizer o que podem dizer, e eu possa dizer aquilo devo dizer. Eu vou examinar essa hipótese”, declarou.

Temer, Renan e Maia estiveram juntos neste domingo sobretudo para demonstrar que há consenso na rejeição a um projeto que teria por objetivo anistiar o crime de caixa 2. A proposta seria apresentada por deputados durante a votação do projeto das “10 medidas contra a corrupção”, marcada para 3ª feira (29.nov).

“No tocante a essa questão da anistia dos chamados crimes eleitorais, do caixa 2, há uma unanimidade dos dirigentes do Poder Executivo e do Poder Legislativo (…) Neste caso da questão da anistia, num dado momento, viria para a Presidência da República. Seria impossível o presidente da República sancionar uma matéria dessa natureza”, afirmou Temer.

Acusado de pactuar com líderes na Câmara para aprovação da emenda, Maia esquivou-se. Disse que a polêmica em torno de uma possível anistia ao crime de caixa 2 deu-se em razão de falhas de comunicação.

“Nas discussões com os líderes a nossa intenção nunca foi anistiar crimes (…) Nós começamos a discutir algo que não existe (…) Essa emenda nunca existiu efetivamente. Ela não foi instrumento de apresentação de nenhum parlamentar ou líder partidário. Se ela não foi assinada, ela não existe do ponto de vista do trâmite regimental da Câmara dos Deputados”, declarou Maia.

“Nós estamos aqui fazendo um acordo no sentido de que não haverá apreciação de anistia a crime eleitoral, a caixa 2 ou qualquer crime eleitoral”, ressaltou Renan.

Apesar das negativas de Maia e de Renan, a anistia ao caixa 2 foi efetivamente discutida e quase aprovada na semana passada. Uma forte reação contrária –sobretudo nas redes sociais– fez com que os congressistas recuassem. Havia até um texto redigido para aprovar a manobra.

A apresentação de Temer, Renan e Maia foi no salão leste do Palácio do Planalto. Usaram uma mesa de pequenas proporções. Ficaram próximos uns dos outros. Estavam ombro a ombro, quase apertados. Esse cenário vem sendo usado desde governos anteriores. É comum haver críticas por parte de especialistas em comunicação a respeito do resultado. Na televisão, a imagem fica pobre, quase amadora, conferindo pouca cerimônia ao evento quando se leva em conta a importância institucional das personalidades ali expostas. Para piorar, os 3 protagonistas estavam com aspecto cansado –e o presidente da República exibia os olhos vermelhos.

Eis uma foto de Sérgio Lima mostrando o cenário da entrevista deste domingo (27.nov.2016):

Entrevista coletiva do presidente Michel Temer com os presidentes do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, no Palácio do Planalto. Brasilia, 18-11-2016 Foto: Sérgio Lima / PODER 360.

Entrevista coletiva do presidente Michel Temer com os presidentes do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, no Palácio do Planalto

ECONOMIA E JUROS
Em uma de suas intervenções, Temer relatou estar conduzido conversas com o intuito de reduzir a taxa básica de juros, a Selic, hoje fixada em 14% ao ano.

“Eu sei que sempre se coloca em pauta a questão dos juros. Num primeiro momento, houve uma pequena redução dos juros. É uma matéria que a Presidência da República não entra diretamente, porque isso faz parte de uma avaliação técnica do Banco Central.  Mas evidentemente que o objetivo das conversas que eu tenho tido é na busca da eventual redução dos juros no país”, disse Temer.

O Comitê de Política Monetária reúne-se nesta semana para decidir se mantém ou diminui ainda mais a taxa Selic. O anúncio será na 4ª feira (30.nov).

Nenhum dos repórteres presentes perguntou a Temer a que tipo de conversas ele se referia e com quem tem mantido tais diálogos. O Poder360 não foi sorteado entre os que poderiam perguntar.

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Usar reservas cambiais pode ser uma hipótese, diz Dilma
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Fernando Rodrigues

Agora não é o momento, mas petista não se diz contra

Sobre Cunha, se STF o cassar, é uma “decisão tomada”

Para 2018, Dilma evita falar em nomes do PT para sucedê-la

E Ciro candidato ao Planalto? “Gosto do Ciro. Ele tem direito”

Brasília - DF, 22/01/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante entrevista para o UOL. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma Rousseff durante entrevista para o UOL nesta 6ª feira

A presidente Dilma Rousseff não é a favor, mas não é contra o uso das reservas cambiais do Brasil, hoje acima de US$ 360 bilhões. Agora não seria a hora. Mas “tem momentos em que isso possa vir a ser colocado como uma hipótese”, afirmou em entrevista hoje (22.jan.2016) ao UOL, em seu gabinete no Palácio do Planalto.

A maioria dos integrantes da equipe econômica já se manifestou contrária ao uso das reservas. Mas há uma corrente silenciosa no governo que defende, se diversas iniciativas falharem na reativação do crescimento, que os dólares da reserva sirvam para irrigar as atividades e fazer o Brasil sair da recessão.

A frase de Dilma sobre uso de reservas cambiais é uma novidade. Sinaliza um flerte com o campo da heterodoxia. Até porque, nesta sua longa entrevista sobre temas econômicos, a presidente não apresentou ideias novas dentro dos cânones da ortodoxia. Falou sobre reforma do sistema de impostos, da Previdência e do ajuste fiscal –sempre com um discurso de que o Congresso precisa ajudar aprovando as medidas, algo que é incerto e remoto.

A presidente falou sobre o processo no Supremo Tribunal Federal que pede a  remoção do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dilma não enxerga nesse eventual desfecho (o afastamento) um agravamento da crise política. Uma decisão STF nessa linha “está tomada. Isso vale para tudo”. A presidente não demonstra torcer a favor nem contra nesse caso.

A petista apareceu em alguns eventos recentes usando um Apple watch. Ela relata ter recebido o gadget do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). “Uso muito quando vou sair de bicicleta. É muito prático. Mede o batimento cardíaco. Precisa estar sempre usando um iPhone junto. Tem uma função que avisa: ‘Levante que está há muito tempo sentado’. É muito bom. Mas não tenho usado muito agora porque está com um problema na bateria… Não está durando muito. Acho que caiu dentro d’água”.

A seguir, trechos da entrevista da presidente ao UOL:

JUROS
Não comento juros.

DÓLAR ACIMA DE R$ 4
As bolsas internacionais caíram [ontem, 21.jan.2016] vertiginosamente. O presidente do Banco Central Europeu foi a público dizer que, se fosse necessário, tomaria outras medidas. Desde o início de janeiro enfrentamos um momento de grande instabilidade econômica, com queda no preço do petróleo, uma instabilidade no mercado de ações chinês. É público e notório.
Subir ou descer o dólar pode ser momentâneo. A gente tem visto isso. Ele vai, ele volta.
[Em qual patamar estacionária a cotação?]Não ouso fazer uma avaliação. Não sou mágica. Não tenho bola de cristal.

EQUILÍBRIO FISCAL
Nós não temos equilíbrio fiscal. Sem equilíbrio fiscal nós não conseguiremos estabilizar a economia. Não acredito que haja alguém no Brasil hoje que não concorde com a importância de reestabelecer o equilíbrio fiscal. No ano passado não havia essa consciência. Tanto é que nós tivemos de enfrentar umas quantas “pautas-bomba”. Uma das grandes perdas de energia… Tive de vetar essas pautas-bomba e tive que sustentar os vetos.
O nosso esforço fiscal está em torno de R$ 130 bilhões. Desses, R$ 104 bilhões foram cortes em despesas discricionárias e em despesas obrigatórias. Das obrigatórias nós fizemos em torno de uns R$ 25 bilhões de reais.

CPMF
Tem de ter CPMF. Tem de ter CPMF, DRU, aprovação da JCP, que é [imposto sobre] juros sobre capital próprio e ganhos de capital.
Ou isso ou a extrema dificuldade. Nós teremos necessariamente de fazer como todos os países do mundo: redução de gastos com aumento de receitas.

SEM CPMF, MAIS IMPOSTOS?
É inexorável.
Para fazer também a estabilidade econômica. Você precisa disso para retomar a capacidade de investimento privado. Você precisa sinalizar para um ambiente de estabilidade fiscal.

CONGRESSO
O Congresso, quando foi chamado para contribuir, para colaborar, assim o fez. A consciência a respeito da situação do país é maior do que foi no passado. A gente não pode avaliar o Congresso como sendo um empecilho. Não concordo.

PROPOSTA SOBRE GASTOS
Vamos fazer uma proposta em relação a como o governo acha que deve ser avaliada a questão do gasto. Não vou me aprofundar nisso. Nós estamos concluindo.
[pode dar um exemplo prático?] Não posso. Não vou anunciar hoje.

OFERTA DE CRÉDITO
Vamos centrar no crédito para capital de giro. Também para todos os programas, principalmente aqueles de investimento em logística e energia elétrica. Vamos continuar com a nossa política agressiva de expansão das exportações.
Numa condição de depressão da demanda, é difícil ter uma demanda por crédito. Agora, nós percebemos que tem uma demanda por capital de giro. Porque tem um problema de liquidez e solvência.

REFORMAS
Nós também vamos propor reforma do PIS/Cofins. Queremos criar um ambiente e um caminho que mostre em que direção nós vamos. Tanto ICMS, quanto PIS/Cofins, como o Simples, acabar com o chamado “paredão tributário”, que a pequena empresa [optante do Simples] enfrenta e [quando cresce] é punida ou então sonega.
Todas essas reformas entram naquela perspectiva que está na fala de um dos assessores do [Barack] Obama: “Uma crise é algo muito doloroso para a gente desperdiçar”. Você tem de reformar. Nós reformamos para preservar programas sociais e investimentos.

CRÉDITO PARA GRANDES EMPRESAS
O BNDES não financiou só as campeãs nacionais, me desculpa. Ninguém faria uma só obra de infraestrutura nesse país sem o BNDES. No Brasil, quem empresta a 30 anos com carência e juros adequados é o BNDES. Falar que o BNDES fez só grandes campeões está errado.

PIB NEGATIVO EM 2016
Minha expectativa é que consigamos estabilizar a economia, que não tenha essa queda. Nós temos que nos esforçar por isso. Tinha um filósofo italiano que dizia que você deve ser otimista na vontade e pessimista na razão. Estou dando uma resposta otimista na vontade.

INFLAÇÃO
Estamos com todas as condições para que a inflação entre em um processo de queda. Você tem um quadro inexorável. Você tem um mundo em deflação.

USO DAS RESERVAS CAMBIAIS
[Muitos defendem] Direita, esquerda, centro, meio. Acho que quem defende isso tem suas razões.
[A senhora é contra?] Eu não sou a favor.
[Ou seja, é contra?] Não. Eu não sou a favor. É diferente.
[Qual a diferença?] Se eu sou contra, eu sou contra conceitualmente, profundamente. Eu não acho adequado fazer isso agora. Não é sagrado isso. Tem momentos em que isso possa vir a ser colocado como uma hipótese.
Nós não temos fuga de capital. Nós não temos fuga financeira.

PETRÓLEO
O Daniel Yergin, da Cera (Cambridge Energy Research Associates), diz duas coisas interessantes. O petróleo voltou, agora, aos níveis em que estava em 2013 antes da decolagem da China. E voltou numa circunstância em que algumas coisas se alteraram. Em todas as crises anteriores o mundo saiu da crise porque os produtores se uniram e acertaram preço e quantidade. Agora, isso não vai ocorrer porque o Irã entrou ao fazer o acordo com os EUA sobre a questão nuclear e tem acesso aos seus ativos financeiros congelados. Entra no mercado com petróleo e com dinheiro.
Ninguém da Opep vai diminuir a produção, principalmente o povo do Golfo Pérsico, a Arábia Saudita e os países dos Emirados. O risco de perder mercado é grande. Isso embute uma força maior no excesso de oferta.
E o shale oil, lá EUA, tem mais rapidez, flexibilidade de adaptação. No fim, ele [Daniel Yergin] diz que a oferta e a demanda vão em algum momento, no futuro, se reequilibrar com um problema: muita gente com expertise saindo do mercado. Tem muita coisa que vai levar muito tempo pra voltar. Então esse excesso de oferta pode ser consumido e o mercado não volta a produzir num espaço tão curto.

POR QUE JOAQUIM LEVY SAIU?
Porque ele pediu para deixar [o governo]. Ele não me explicou com riqueza de detalhes e eu não vou fazer aqui uma avaliação.

A ATUAÇÃO DE EDUARDO CUNHA
A única coisa que eu desejo é não avaliá-lo, mas é dizer o seguinte: acho que nessa retomada e nessa reabertura da Câmara o que nós queremos, o que o país quer, é fazer com que ocorra o trânsito das medidas necessárias à estabilidade fiscal e à recuperação da economia. Que todo o Congresso tenha maior fluidez neste ano. Nós precisamos de um esforço maior. Fizemos um esforço ano passado, mas este ano precisa de mais.

STF DEVE AFASTAR EDUARDO CUNHA?
Estamos falando de Poderes. Então, estamos falando da Constituição e da relação constitucional. A relação constitucional prevê uma série de questões na relação entre os Poderes. Tanto do Executivo com o Legislativo. Do Judiciário com o Legislativo e do Judiciário com o Executivo. Isso é algo que, para mim, eu não vejo nenhum problema se mantida a legalidade.
Arguir inconstitucionalidade do Supremo é entrar em um terreno que é o da catástrofe.
[Qualquer decisão do Supremo dentro dos parâmetros da Constituição está tomada?] Está tomada. Isso vale para tudo.
[O afastamento de um presidente da Câmara não afetaria ainda mais o cenário político?] Não vou fazer esse tipo de análise. Você me desculpe. Não acho que contribua. Acho que a questão no Brasil é a seguinte: nós temos uma democracia, tem uma relação entre Poderes, que é, obviamente, de independência e harmonia. E o que um Poder decidir dentro da legislação, da legalidade e da Constituição, tem de ser respeitado. Se não, não existe norma nenhuma.
Caso contrário, você está propondo uma ruptura. E não vejo no Brasil nenhuma condição para uma ruptura. Não tem porquê. Não tem razão.

IMPEACHMENT
[Quando se resolve?] O mais rápido possível. Acho que é para assegurar a melhora das condições e da estabilidade política do país. Acho que o mais rápido possível. A minha expectativa é que esse caso se encerre. Tenho absoluta certeza que não tem fundamento no meu processo de impeachment. Quanto mais rápido acabar, melhor. E respeitando a legalidade das decisões.

JAQUES WAGNER E RICARDO BERZOINI
Os 2 foram muito bem sucedidos. Abriram o governo. Dialogaram mais. Ajudaram o governo. O que você quer que uma área de articulação política faça? Nós queremos que ela se jogue mais, que o governo seja capaz de se abrir mais para discussão, para o debate.
[Houve uma melhora na articulação política com o Congresso?] Vem melhorando, sem sombra de dúvidas. Acho que a chegada deles [Wagner e Berzoini] trouxe uma grande melhora.
[Se melhorou agora, não estava tão bom antes?] Não. É que sempre você pode melhorar.

LAVA JATO E PETROBRAS
[A sra. foi ministra Minas e Energia. Foi ministra da Casa Civil. Elegeu-se presidente. Como é possível que não soubesse de algum dos detalhes que agora são desvendados pela Operação Lava Jato?] Sabe por quê? Porque é uma contradição em termos a pergunta.
[Por quê?] Se foi preciso a Polícia Federal todinha, o Ministério Público Federal e toda a investigação, como é que você quer que alguém, eu, e todo meu conselho tivéssemos a mesma capacidade de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público?
[E a intuição?] A intuição… Você consegue por intuição organizar as pessoas que convivem contigo lá no UOL? Você utiliza esse instrumento?
[Um pouco. Intuição é importante] Ah, sei. Tá bom, querido. Em um caso desses, eu vou usar a intuição? Eu olho para ele e intuo? Você está danado, hein? Você acredita no subjetivo de uma forma estarrecedora para o seu cargo…

[Mas e essas pessoas que agora fazem delação e falam sobre o uso de dinheiro indevido, com corrupção, inclusive para financiamento eleitoral? Não levavam a sra. a pensar na época em que fez campanhas, em que viu as doações acontecerem, que poderia existir uma série de coisas acontecendo?] Para mim jamais trabalharam. Para mim jamais tiveram qualquer ação. É estranho que eles não me mencionem, não é?! Não é? Você não acha? Sabe por quê? Porque nunca ocorreu. Se nunca ocorreu, como é que vão mencionar.

PROCESSO NO TSE
Nós levantamos a mesma coisa contra a outra campanha, só que vocês [mídia] não divulgam, não é? Não é isso? Porque se tem um caso correndo contra a minha [campanha], levantado pelo PSDB, tem um caso contra a [campanha] deles, levantado pelo PT, não é isso? Ah, tá bom. Conforme queria demonstrar.
[Há risco maior para seu mandato no caso correndo no TSE ou no processo de impeachment?] Bom, é assim ó. Vou te falar como é que foi. No início, a avaliação era que o processo mais grave era do TCU. Aí, em outra época, foi para o TSE. Voltou para o TCU. Agora está no TSE outra vez? Depois será o quê? O que será que vem depois?

A CARTA DE MICHEL TEMER
[Estava aqui nesta mesa de seu gabinete quando lhe trouxeram a carta do Michel Temer?] Eu estava dentro do Palácio do Planalto. Geralmente eu fico aqui. E me deram a carta. Eu não li na hora. Eu lembro que levantei, saí e levei. E o pessoal disse que todo mundo viu. É mentira. Porque eu não li aqui.
[Qual foi a sua primeira reação ao ler?] A minha reação é que eu não entendi a carta. Depois, conversei com o vice-presidente Michel e disse a ele que eu jamais deixei de confiar nele.
[Ele acreditou?] Dilma – Espero que sim.

LULA E 2018
[Se Lula não for candidato, quem pode ser no PT?] Você acredita que eu respondo isso?
[Acredito. Estou perguntando] Eu não respondo. Eu não faço uma coisa dessas. Eu não faço essa maldade com nenhuma pessoa.
[Maldade? Por quê?] Porque eu conheço vocês. “Yo los conozco”. Porque quando falaram que eu era candidata à Presidência da República até o casamento da minha filha foi olhado de lupa. Eu não faço isso com ninguém não.

FERNANDO HADDAD EM SÃO PAULO
[Fernando Haddad será competitivo como candidato à reeleição para prefeito de São Paulo?] Também não vou fazer previsão eleitoral. Não sou de nenhum instituto.

OLIMPÍADAS E TERRORISMO
[Há risco de atos ditos terroristas durante as Olimpíadas do Rio?] Olha, eu acho que aqui no Brasil, não.
[E por que o Brasil precisa de uma lei antiterrorismo?]
Porque precisa. Uma lei antiterrorista, precisa, sim. E ela não pode criminalizar movimento social. Sabe por quê? Nós podemos ter de enfrentar isso. Nós não somos uma ilha cercada de uma situação diferente do resto da humanidade. Nós vivemos num mundo muito globalizado. Nós estamos falando daquele negócio que é entrar num bar e matar indiscriminadamente.
[Mas para isso já tem lei…] Não, meu querido, tem algumas garantias que você não tem.
[Por exemplo?] Aí tem de olhar direitinho… Você não pode expulsar hoje uma pessoa pela lei alegando que ela é terrorista.

CIRO GOMES (PDT), PRÉ-CANDIDATO A PRESIDENTE
Companheiro Ciro. Eu gosto do Ciro. Ele tem direito [de ser candidato a presidente]. É cidadão brasileiro.
[Ele tem falado muito mal do PMDB…] Meu querido, ele falava de mim também. Teve uma época que eu falava: ‘Ciro, pode falar. Eu não vou brigar com você’.
[Michel Temer ficou bravo com as declarações de Ciro Gomes. Ele falou para a sra.?] Eu não vou falar sobre esse assunto. Não vou ficar brigando com o Ciro Gomes.

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Previsões do PIB indicam que Brasil terá recessão recorde em 2016
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Fernando Rodrigues

PIB terá encolhido 6,4% no final de 2016

Inflação de  7% estará acima do teto da meta

Câmbio favorável ajuda na balança comercial

Brasília - O ministro Nelson Barbosa na solenidade de transmissão de cargo ao novo ministro do Planejamento, Valdir Simão (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O ministro, da Fazenda, Nelson Barbosa

O Brasil passa pelo seu maior período de recessão na história recente e caminha, segundo várias projeções, para aprofundar esse recorde durante o ano de 2016.

A queda de 1,7% no PIB no 3º trimestre de 2015 em relação ao anterior marcou o 6º trimestre consecutivo de retração. Caso os prognósticos do mercado para do crescimento em 2016 se confirmem, os 2 anos consecutivos de recessão levariam o PIB a um nível muito próximo ao de 2013, representando uma queda de 6,4% em relação ao final de 2014. As informações são do repórter Mateus Netzel.

As projeções mais recentes do mercado indicam uma retração de quase 3% em 2016. Bradesco, Itaú e a última edição do boletim Focus, publicação do Banco Central, calculam que a queda ficará em 2,8%. Em 2015, o resultado negativo ficará em torno de 3,7%.

Os dados também apontam para um cenário indesejado na contenção da inflação. Em novembro deste ano de 2015 o IPCA ultrapassou a marca de 10% no acumulado de 12 meses pela 1ª vez desde 2003. Embora haja consenso de que esse percentual cairá em 2016, a redução não deve ser suficiente para recolocar a taxa abaixo do teto da meta de inflação, definida para 2016 em 4,5%, com tolerância de 2 pontos percentuais.

Na maioria das projeções, o valor do IPCA em 2016 superará o teto estabelecido pelo Banco Central depois de passar 5 anos muito próximo à marca dos 6,5%. Das 6 estimativas reunidas pelo Blog, apenas a do Bradesco situava o IPCA abaixo do teto no final de 2016.

Para a taxa básica de juros (Selic), até a última semana, o entendimento do mercado era o de manutenção do valor atual de 14,25% até o fim de 2016. A perspectiva mudou e o último boletim Focus, do Banco Central, publicado nessa 2ª feira (21.dez.2015) registra pela 1ª vez um aumento da Selic em meio ponto percentual, encerrando o próximo ano a 14,75%.

No campo fiscal, a descrença no controle das contas públicas está registrada nas previsões de novo déficit. Itaú, Santander e CNI (Confederação Nacional da Indústria) não acreditam que o governo conseguirá cumprir a meta fiscal de 0,5% do PIB de superávit primário. Pelo contrário, antecipam rombos que vão de 0,5% a 1,3% do PIB. O país já vem de 2 anos consecutivos de déficit, sendo que em 2015 o valor pode chegar a R$ 120 bilhões (2,1% do PIB), outro recorde.

BALANÇA POSITIVA
Dentre todos os principais indicadores, apenas 1 apresenta perspectivas positivas: o saldo da balança comercial. O cenário de depreciação do real frente ao dólar e um possível início de recuperação dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional devem impulsionar o valor das exportações brasileiras.

O real fraco pode resultar numa duplicação do superávit da balança comercial em relação a 2015. As projeções mais recentes indicam um saldo positivo de US$ 15 bilhões neste ano. A maior parte das projeções situa esse saldo acima de US$ 30 bilhões em 2016, chegando a quase US$ 50 bilhões nos números do Bradesco.

A tendência de depreciação do real se mantém para o próximo ano, com divergências sobre o valor em que a moeda deve se estabilizar. Apenas o Bradesco aposta em valorização em relação ao final de 2015. O Itaú fixa a maior depreciação, com o dólar fechando 2016 a R$ 4,50.

Leia um consolidado de projeções de 6 instituições para os principais indicadores da economia brasileira para 2016 (clique na imagem para ampliar):

Projecoes-economia-2016
ESTIMATIVAS INTERNACIONAIS
Organizações econômicas internacionais apresentam maior otimismo em suas projeções. Tanto a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) quanto o FMI (Fundo Monetário Internacional) preveem quedas menos acentuadas do PIB brasileiro. A OCDE  projeta queda de 1,2%, enquanto o FMI prevê uma retração de 1%.

Os índices mais modestos, no entanto, não oferecem grande alento para o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Para 2015, por exemplo, as projeções da OCDE e do FMI para o Brasil eram de crescimento de 1,5% e 1,4% do PIB, respectivamente. Uma diferença de mais de 5 pontos percentuais acima do resultado, que deve ser de retração em torno de 3,7%.

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