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Arquivo : Maurício Quintella Lessa

Cinco ministros de Temer administram contratos de seus doadores de campanha
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Fernando Rodrigues

Obra da OAS, doadora de Quintella, é “prioridade” nos Transportes

Helder Barbalho ampliou verba da Queiroz Galvão no São Francisco

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Obras da transposição do rio São Francisco em maio de 2014

Pelo menos 5 ministros do governo Michel Temer serão responsáveis por contratos de empresas que doaram para suas campanhas eleitorais. As empresas têm contratos com os ministérios agora chefiados pelos políticos.

São eles os ministros Maurício Quintella Lessa (Transportes), Raul Jungmann (Defesa), Mendonça Filho (Educação), Helder Barbalho, (Integração Nacional) e Bruno Araújo (Cidades).

Nas Cidades, os contratos são do Minha Casa, Minha Vida, supervisionados pelo Ministério e custeados pela Caixa Econômica Federal.

As informações são dos repórteres do UOL Victor Gomes e André Shalders.

Todos os dados utilizados nesta reportagem são públicos e podem ser conferidos por meio do Portal da Transparência (gastos dos ministérios) e do Sistema de Prestação de Contas Eleitorais de 2014 (para as doações de campanha).

TRANSPORTES
No Ministério dos Transportes, 3 empreiteiras doaram em 2014 ao então candidato a deputado federal Maurício Quintella Lessa (PR-AL). Em entrevista ao Blog, Quintella elencou como prioridade de sua gestão a duplicação do trecho da BR 101 que liga Alagoas a Pernambuco. A obra é tocada pela OAS, que doou R$ 350 mil à campanha dele, por meio da direção nacional do PR.

No total, a OAS e as empreiteiras Barbosa Mello e Sanches Tripoloni despejaram R$ 600 mil na campanha de Quintella. O dinheiro irrigou as contas do candidato via Direção Nacional do PR. Em 2016, as 3 empresas já receberam R$ 145,14 milhões em contratos com a Valec e o Dnit, subordinados aos Transportes.

Embora possa existir no momento algum conflito de interesses, não há irregularidade nas situações envolvendo Quintella e os demais políticos. As doações e os contratos foram feitos antes de os então candidatos tornarem-se ministros.

INTEGRAÇÃO NACIONAL
O atual titular da pasta, Helder Barbalho, recebeu R$ 530 mil da Queiroz Galvão em 2014. Naquele ano, ele concorreu ao cargo de governador do Pará. Perdeu a disputa. A doação foi feita para a Direção Nacional do PMDB. Hoje, Helder comanda o ministério responsável pela transposição do rio São Francisco, um dos principais projetos da construtora.

Só neste ano a Queiroz Galvão já recebeu R$ 21,14 milhões para tocar as obras do megaprojeto hídrico.

Ao longo da semana passada, Helder teve encontros com representantes das empresas responsáveis pela transposição. O ministro anunciou que ampliará os recursos para o projeto, de R$ 150 milhões mensais para R$ 215 milhões, em média. A obra é prioritária para o governo de Michel Temer e o objetivo é que parte dela seja entregue até dezembro deste ano.

DEFESA
Raul Jungmann (PPS-PE) é hoje o titular da Defesa. Em 2016, a Odebrecht já recebeu R$ 278 milhões para tocar o programa de desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro. A pasta também possui contratos menores com outras 8 subsidiárias da empreiteira.

Em 2014, a Odebrecht doou R$ 384 mil à campanha de Jungmann à Câmara, uma parte diretamente e outra por meio da direção estadual do PPS.

CIDADES
Bruno Araújo (PSDB-PE), hoje ministro das Cidades, recebeu R$ 710 mil de 4 empreiteiras para sua campanha à Câmara em 2014. São elas: Odebrecht (R$ 130 mil), Queiroz Galvão (R$ 80 mil), Ética Construtora (R$ 300 mil) e Sanches Tripoloni (R$ 200 mil).

Com exceção da Ética Construtora, as demais participam ou participaram de contratos do Minha Casa Minha Vida, programa de moradias populares subsidiadas pelo governo federal.

As construtoras não mantêm contratos diretos com o Ministério das Cidades, mas a pasta é responsável pela supervisão e pela gestão do programa. Os pagamentos são feitos pela Caixa Econômica Federal.

EDUCAÇÃO
O atual titular do ministério é o deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE). Em 2014, ele recebeu R$ 100 mil do frigorífico JBS para sua campanha à Câmara. Só neste ano, a empresa ganhou R$ 123 mil em um contrato com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ligada ao MEC.

OUTROS LADOS
Todos os ministérios e políticos citados na reportagem foram procurados pelo Blog.

A assessoria do Ministério dos Transportes informou que as doações feitas por empresas eram legalmente permitidas na época da campanha do deputado Maurício Quintella e que suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

A assessoria do Ministério das Cidades disse por telefone que as doações aos então candidatos a deputado foram feitas dentro da lei e são anteriores à posse de Araújo como ministro.

As assessorias do MEC, do Ministério da Integração Nacional e do Ministério da Defesa enviaram notas. Eis as íntegras:

Ministério da Integração:
1) O contrato do Ministério da Integração Nacional com a Construtora Queiroz Galvão foi fechado em 27/9/2013 e prevê a execução das obras civis e eletromecânicas complementares da Meta 3N do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco. O valor é de R$ 612,255 milhões com vigência até 30 de outubro de 2016.

2) Na época de sua contratação, Helder Barbalho nem havia sido referendado como candidato do PMDB ao governo do Estado do Pará.

3) Além disso, Helder Barbalho só é nomeado ministro de Estado, primeiramente da Pesca e Aquicultura e depois de Portos em 2015. Sua posse no Ministério da Integração Nacional só ocorre em abril de 2016.

4) Importante ressaltar ainda que todas as doações foram feitas respeitando a legislação eleitoral. Foram devidamente registradas e as contas foram integralmente aprovadas pela Justiça Eleitoral. Todas as informações são públicas e estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral.

Atualização [às 19h de 2.jun.2016]: O Ministério da Integração Nacional enviou novos esclarecimentos após a publicação desta reportagem. Segundo a pasta, a decisão de ampliar os recursos para a Transposição do São Francisco partiu do ministério do Planejamento, então ocupado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR). Eis o texto:

1)      O Projeto de Integração do Rio São Francisco é uma obra do PAC;

2)      Quem faz a gestão do orçamento do Governo Federal é o Ministério do Planejamento, inclusive o de investimentos;

3)      A decisão de ampliar os recursos do PAC, e não especificamente do Ministério da Integração ou do Projeto de Integração do Rio São Francisco, foi do então ministro do Planejamento, Romero Jucá, quando fez a nova programação orçamentária, que alterou a meta fiscal para um déficit de R$ 176 bilhões e cancelou o decreto da presidente Dilma Rousseff que contingenciava R$ 41 bilhões. Com essa medida, foi possível aumentar os investimentos em obras do PAC;

4)      Os repasses visam a atender os pagamentos de faturas de serviços executados, medidos e aprovados na gestão anterior. Dessa forma, a nova programação financeira do MPOG vem regularizar o fluxo financeiro de uma obra do PAC – a Integração do Rio São Francisco;

5)      Importante destacar ainda que essa foi uma decisão de Governo, tomada e anunciada pelo presidente Michel Temer e cujo agente operador é o Ministério do Planejamento e não o Ministério da Integração;

6)      Por fim, chamamos a atenção para o fato de que a redação da matéria no parágrafo “ao longo da semana passada, Helder teve encontros com representantes das empresas responsáveis pela transposição. O ministro anunciou que ampliará os recursos para o projeto, de R$ 150 milhões mensais para R$ 215 milhões, em média. A obra é prioritária para o governo de Michel Temer e o objetivo é que parte dela seja entregue até dezembro deste ano” permite o entendimento de que o ministro Helder Barbalho teria tomado a decisão de aumentar os recursos destinados às obras no Rio São Francisco.

Ministério da Defesa:
É importante ressaltar que os contratos do Ministério da Defesa com a Construtora Norberto Odebrechet S.A. foram firmados em data anterior a posse de Raul Jungmann como ministro da Defesa. Por isso, é incorreto associar qualquer informação de campanha aos contratos com a Pasta.

No que tange os questionamentos sobre contratos, os pagamentos efetuados pela Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (COGESN), da Marinha do Brasil, à Construtora Norberto Odebrechet S.A. referem-se à implantação de estaleiro e base naval para construção e manutenção de submarinos convencionais e nucleares, dentro do contexto do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).

Com relação às despesas realizadas pela Capitania Fluvial do Araguaia-Tocantins (CFAT) e pelo Centro de Intendência da Marinha em Rio Grande (CeIMRG), as mesmas referem-se a contas mensais de água e esgoto daquelas Organizações Militares (OM) e das OM por elas apoiadas, cujos pagamentos foram efetuados, respectivamente, às concessionárias “Companhia de Saneamento do Tocantins – Odebrecht Ambiental Saneatins” e “Odebrecht Ambiental Uruguaiana”, as quais integram o Grupo “Odebrecht Ambiental”.

De mesma forma, os valores especificados para o 4º Batalhão de Engenharia de Construção (R$ 7.316,93); para o 22º Batalhão de Infantaria (R$ 15 mil); para o 22º Grupo de Artilharia de Campo Autopropulsado (R$ 1,5 mil); para o 8º Regimento de Cavalaria Mecanizado (R$ 1 mil); para a 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (R$ 8,6 mil); para o 41º Batalhão de Infantaria Motorizada (R$ 19 mil), referem-se a pagamentos de concessionárias de água e esgoto. Como dito anteriormente, as Organizações Militares realizaram esses pagamentos em virtude das concessionárias pertencerem ao Grupo Odebrecht.

Ministério da Educação:
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) possui autonomia administrativa, financeira e pedagógica, garantida pela Constituição Federal. Dessa forma, tem autonomia para firmar contratos nesse montante, independentemente de autorização do MEC.  Assim, sugerimos contato com a instituição, uma vez que cabe à própria UFSCar fornecer as informações sobre seus contratos.

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Transportes vai priorizar ponte no Sul e BR no Nordeste
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Fernando Rodrigues

Maurício Quintella fala em  pouca capacidade para investir

Novo ministro quer ampliar as privatizações e concessões

Alagoano é ligado a Eduardo Cunha e Valdemar Costa Neto

Sobre Valdemar: “Possui força e ascendência na sigla”

Eduardo Cunha: “Ele ainda não foi condenado a nada”

Maurício Quintella Lessa (PR-AL), ministro dos Transportes do governo de Michel Temer

Maurício Quintella Lessa (PR-AL), ministro dos Transportes do governo de Michel Temer

 

O novo ministro dos Transportes, Maurício Quintella (PR-AL), afirma que as prioridades imediatas de sua pasta serão a retomada das obras na ponte do rio Guaíba, no Rio Grande do Sul, e a duplicação da BR-101, que passa pelos Estados de Alagoas, Sergipe e Bahia.

Duas coincidências: 1) Quintella fez carreira política em Alagoas (Estado beneficiado pela duplicação da BR 101); 2) um dos homens fortes do novo governo, de Michel Temer, é Eliseu Padilha, do Rio Grande do Sul (onde está a ponte sobre o rio Guaiba).

“Quero incluir novidades, mas isso depende de discussão com o Planejamento e da disposição dos investidores”, declara o ministro dos Transportes.

Diante das dificuldades orçamentárias atuais, ele disse que trabalhará para tentar ampliar as privatizações e concessões na área de infraestrutura. A pasta comandada por Quintella é responsável pelos transportes rodoviário, ferroviário e aquaviário no país. O ministério também agregou atribuições anteriormente conferidas à Aviação Civil e aos Portos. Em 2015, o orçamento das 3 pastas somadas totalizou cerca de R$ 25 bilhões.

Ex-líder do PR no Câmara, Quintella passa a comandar as concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos do país. Sua intenção é ampliar os programas de privatização iniciados pelo governo Dilma. As concessões dos terminais de Fortaleza, Recife, Porto Alegre e Florianópolis, por exemplo, já estão em andamento.

Para Quintella, repassar a gestão dos terminais de infraestrutura é uma forma de contrabalancear a pouca capacidade de investimento do governo neste momento. “A atual gestão é tímida para privatizar. Nós vamos nos engajar. Vamos privatizar o que pudermos na infraestrutura, como o próprio presidente Temer sinalizou”, afirmou o ministro em entrevista ao repórter do UOL Victor Gomes.

JOGO MINISTERIAL
No governo Dilma, o PR já detinha o controle do ministério. Por isso, os atuais ocupantes de cargos de 2º e 3º escalão devem ser mantidos. A mudança na pasta deverá atingir apenas o cargo titular: sai Antônio Carlos Rodrigues, que ficou com Dilma até o fim, e entra Quintella.

O novo ministro renunciou ao posto de líder do PR para votar a favor do impeachment na Câmara, em 17.abr.2016.

Outros 26 dos 40 deputados do partido (65%) descumpriram a orientação pró-governo da bancada. No Senado, os 3 representantes da sigla votaram pelo impeachment. De olho nesses votos, Temer manteve o Partido da República à frente dos Transportes.

LIGAÇÕES POLÊMICAS
Em entrevista ao Blog, Quintella defendeu personagens controversos de seu partido. Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, “possui força e ascendência na sigla” e “cumpriu sua pena e já pagou pelo seu crime”. O ministro só não gosta que chamem Valdemar de dono do PR. “Ele era contra o impeachment, mas respeitou a vontade dos deputados e não quis fechar questão”, diz.

O deputado alagoano conversa sempre com Valdemar e com Eduardo Cunha. Votou a favor do presidente da Câmara no Conselho de Ética, mas “na condição de líder, representando um deputado [Vinícius Gurgel] que não pôde estar em Brasília”.

Quintella disse que sua posição sobre a cassação de Cunha só será conhecida no dia da votação no plenário. Isso se ele se licenciar do Ministério para votar. É considerado, porém, um aliado do peemedebista. Tanto que lhe concede o benefício da dúvida (“ele ainda não foi condenado a nada”) e reconhece que Michel Temer terá dificuldades para aprovar reformas sem Cunha no comando da Câmara.

Sobre a composição dos ministérios de Temer, Quintella defendeu o perfil dos novos ministros: “É bom fazer um mix de notáveis e políticos, para formar um bom governo com apoio do Congresso. Colocar um médico no Ministério da Saúde não é necessariamente a melhor opção. ”

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Governo quer Rosso (PSD) ou Lessa (PR) presidindo Comissão do Impeachment
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Fernando Rodrigues

Os 2 e Jovair Arantes tentam acordo com o líder do Governo

Rosso, aliado de Gilberto Kassab, entra só se houver consenso com a oposição

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O líder do PSD, Rogério Rosso

O governo quer que a Comissão do Impeachment na Câmara seja presidida por Rogério Rosso (PSD-DF) ou por Maurício Quintella Lessa (PR-AL). Ambos são líderes de seus partidos na Câmara.

A apuração é do repórter do UOL André Shalders.

Rosso, Quintella e o líder do PTB, Jovair Arantes (GO) tiveram reunião no começo da tarde com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Os 3 nomes são as opções consideradas desde a manhã de hoje (17.mar.2016) para ocupar os cargos mais importantes da Comissão: a relatoria e a presidência.

Rogério Rosso é ligado ao ministro da Cidades, Gilberto Kassab, e é dado como favorito para o cargo de presidente.

A definição do comando da Comissão é fundamental para o andamento do processo: o colegiado pode ajudar a enterrar o pedido de impeachment, caso decida pelo arquivamento.

[Contexto: a comissão do impedimento, com 65 deputados, votará um relatório que, mesmo rejeitando a cassação de Dilma Rousseff, terá de ser analisado pelo plenário da Câmara. É mais confortável para o Planalto que o colegiado aprove o arquivamento do pedido de impeachment, pois assim facilita um pouco o trabalho de convencimento do restante dos deputados].

Rogério Rosso, Maurício Quintella Lessa e Jovair Arantes pertencem a partidos aliados ao governo. Rosso declara-se “independente” em relação ao impeachment. Ele diz que só aceitará presidir o colegiado caso haja acordo com a oposição.

Partidos contrários a Dilma estudam apresentar chapa alternativa para o controle da Comissão, que será instalada no final do dia de hoje. Além do presidente e do relator, o colegiado também elegerá 3 vice-presidentes.

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