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Arquivo : Nelson Sirotsky

Dilma mediou encontro entre Renan e ex-editor de Veja, diz Mário Rosa
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Fernando Rodrigues

3ª parte do “Glória e Vergonha” sai hoje (23.nov)

Consultor detalha “guerra” pelo Grupo Pão de Açúcar

Como Eduardo Campos conseguiu Recife na Copa de 2014

Outros casos: “rei” Roberto Carlos; Daslu; RBS e Beto Richa

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Dilma Rousseff e Renan Calheiros em fevereiro de 2016

A ex-presidente da República Dilma Rousseff foi a responsável por marcar um encontro entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o então diretor da revista Veja, Eurípedes Alcântara, em um momento de desavença entre os 2. O caso se deu durante o 1º mandato da petista, quando ela mantinha bom diálogo com o editor.

O caso é emblemático do vai-e-vem da política. Poucos anos depois, a revista, ainda sob comando de Eurípedes, realizaria cobertura jornalística crítica durante a campanha de reeleição de Dilma em 2014.

A história é contada pelo consultor político e empresarial Mário Rosa em seu livro “Glória e Vergonha: memórias de um consultor de crises”. A obra está sendo publicada em capítulos no UOL. Eis a 3ª parte, que foi ao ar nesta 4ª feira (22.nov).

Esta resenha foi preparada pelo jornalista Mateus Netzel e está publicada também no Poder360.

A mediação da ex-presidente foi efetiva. O encontro resultante do gesto de Dilma ajudou a amenizar o conflito. Apenas 1 entre as muitos envolvendo Renan Calheiros que Mário Rosa vivenciou.

Em 2007, no episódio que culminou com renúncia de Renan à presidência do Senado, Mário Rosa foi observador privilegiado. O ato foi resultado de ampla articulação para que o senador não tivesse seu mandato cassado. Renan era acusado de bancar as despesas de uma filha fora do casamento com dinheiro recebido da empreiteira Mendes Junior. O inquérito tramita até hoje no Supremo Tribunal Federal.

No ápice da crise, com processo de cassação avançando no Senado, Mário Rosa presenciou os momentos mais soturnos de Renan. Em um jantar, o senador chegou a desmaiar à mesa. Grogue, aparentava ter tomado remédios para enfrentar a situação. Nas semanas seguintes, se recompôs e conseguiu negociar a salvação de seu mandato em troca da renúncia ao cargo de presidente do Senado.

DISPUTA PELO PÃO DE AÇÚCAR
Uma das maiores batalhas empresariais da história do país, a contenda pelo controle do Grupo Pão de Açúcar teve mais do que analogias com a guerra. Abilio Diniz chegou a contratar um especialista em negociações de guerra –de verdade– para assessorá-lo.

O empresário havia vendido em 2005 o controle da rede de supermercados ao grupo Casino, do investidor Jean-Charles Naouri. Em 2011, anunciou uma manobra para retomar o grupo e ainda abocanhar parte do Carrefour mundial. A estratégia envolvia a criação de uma nova empresa para obter recursos do BNDES e comprar participações no Pão de Açúcar e no Carrefour. Com a ajuda do governo –que fomentava a política dos “campeões nacionais”– Abilio pretendia montar uma gigante global do varejo.

A operação foi duramente criticada na imprensa e por Naouri, que teria o controle do Pão de Açúcar diluído se o plano se concretizasse. Com repercussão, o BNDES declarou que o fim das negociações.

Mário Rosa foi contatado pelos 2 lados da disputa e optou pelo Casino. Ficou com o francês. Acompanhou de dentro uma disputa jurídica e de comunicação em que os lados não economizaram recursos. Exércitos de assessores atuaram em cada frente pelos 2 anos que o imbróglio durou. No fim, a guerra, que envolveu pedidos negados de audiência de Naouri com a então presidente Dilma Rousseff, foi selada com um acordo.

FUTEBOL E PODER PÚBLICO
Nos capítulos da 3ª parte do livro publicado pelo UOL, Mário Rosa expande o conjunto de histórias do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para além das regalias do mundo privado do futebol. Mostra como o escopo político da CBF entremeava decisões do poder público.

Após o título da Copa de 2002 e com a iminência da eleição de Lula para a Presidência pela 1ª vez, o cartola aproximou-se do futuro governo. Como 1º ato, promoveu a 1ª exposição do trófeu da Copa no Brasil em Campo Grande (MS), como gesto na direção de Delcidio do Amaral (político petista à época e agora sem partido, expulso do PT depois de ter sido preso num episódio da Lava Jato).

Ricardo Teixeira quando queria agradar não tinha muitos limites. Como Lula no poder, forjou-se uma aliança governo-CBF para realizar o “jogo da paz” –ideia de José Dirceu (outro hoje preso na Lava Jato)– da seleção brasileira em um Haiti devastado pelo terremoto de 2004.

Por fim, o maior projeto: a Copa do Mundo no Brasil. Durante as negociações para escolher as cidades-sede, o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (1965-2014), recorre a Teixeira para tentar garantir Recife como uma das cidades selecionadas. Os 2 eram desafetos desde que Campos, ainda deputado, trabalhara contra a CBF nas CPIs da Câmara. No momento conveniente, resolveram as pendências em um encontro regado a uísque no Palácio das Princesas, sede do Poder Executivo pernambucano. Nas palavras de Rosa, “saíram bêbados e aliados”

CASOS DO PODER
Como consultor de crises, Mário se especializou em socorrer personagens não só da política. Em meio à discussão sobre as biografias deverem ou não ser autorizadas pelo biografado, foi procurado pelo empresário do cantor Roberto Carlos, personagem central da polêmica, para uma consulta sobre a ideia de “o rei” dar entrevista ao Fantástico, programa da Rede Globo.

Também fora de Brasília, o consultor atendeu a dona da Daslu, loja de artigos de luxo investigada por sonegação de impostos; e o presidente da RBS, rede gaúcha de comunicação, Nelson Sirotsky, no caso em que um dos herdeiros do grupo empresarial era acusado de abuso sexual.

Ainda longe da capital, mas de volta à política, aconselhou o governador paranaense Beto Richa a aproveitar a derrocada na imagem do PT para dissipar a crise gerada por um confronto da polícia com professores em greve que deixou diversos manifestantes feridos.

Eis os PDFs da 1ª e da 2ª, e da 3ª parte do livro. A 4ª parte será publicada nesta 5ª feira (24.nov).

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