Blog do Fernando Rodrigues

Arquivo : Operação Furacão

Temor de políticos é delação premiada de irmão e de ex-assessor de Dirceu
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Fernando Rodrigues

O ex-ministro José Dirceu foi preso hoje (3) em Brasília, pela Polícia Federal, na 17ª fase da Operação Lava Jato (José Cruz/Agência Brasil)

José Dirceu, de costas, ao ser preso pela PF em Brasília, na Operação Pixuleco

Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão, e Bob Marques “não aguentam”

Apesar de José Dirceu ser o primeiro preso da Lava Jato que fez parte do alto escalão da administração federal do PT –nos anos de Luiz Inácio Lula da Silva–, a sua detenção já era esperada.

O ex-ministro da Casa Civil foi levado para a sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta 2ª feira (3.ago.2015).

A grande apreensão em Brasília no meio político ligado ao PT e ao governo é sobre outras duas pessoas presas também hoje na 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Pixuleco”. Muitos estão preocupados com as prisões temporárias de Luiz Eduardo de Oliveira e Silva (irmão e sócio de Dirceu) e Roberto Marques (ex-assessor de Dirceu).

“O Luiz e o Bob não aguentam”
Entre as pessoas que falaram hoje cedo com Dirceu, uma delas disse ao Blog: “O Zé segura a onda. Não vai falar nada. Mas o Luiz e o Bob, não”. Bob é como Roberto Marques é conhecido. Outra observação: “Se o Milton Pascowitch, que era ligadíssimo ao Zé, fez delação premiada… Imagine o Luiz e o Bob”.

Bob é conhecido de todos políticos e jornalistas em Brasília que acompanharam o governo Lula. O então assessor e amigo de Dirceu o acompanhava a todos os lugares e sabia de todos os passos daquele que um dia foi o homem mais forte da administração lulista.

Tanto Bob como Luiz, o irmão preso de Dirceu, são consideradas pessoas sem estrutura psicológica para aguentar muito tempo presos e sem falar o que sabem.

Há duas esperanças citadas hoje por aliados de Dirceu. Primeiro, o fato de Bob e Luiz terem sido presos apenas temporariamente –ou seja, em aproximadamente uma semana podem deixar a cadeia. O segundo ponto é que os dois devem ficar na mesma cela de Dirceu, o que ajudaria a acalmá-los.

O cenário muda se o juiz Sérgio Moro mudar o regime de prisão de Luiz e Bob, de temporária para preventiva. Isso já aconteceu com outros casos na Operação Lava Jato.

STF PRECISA AUTORIZAR
José Dirceu será levado para a carceragem da PF em Curitiba ainda hoje (3.ago.2015), mas só depois de o Supremo Tribunal Federal autorizar essa transferência.

É que o ex-ministro cumpria pena de prisão domiciliar por conta de uma condenação no processo do mensalão –que foi julgado pelo STF. Cabe ao ministro Luís Roberto Barroso conceder a autorização para a remoção de Dirceu de Brasília para Curitiba.

Num caso anterior, de outro preso do mensalão, o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE), o ministro Barroso autorizou a saída dele de Pernambuco para o Paraná, conforme foi solicitado pelas autoridades da Operação Lava Jato.

EXEGESE DE “PIXULECO
Gíria usada no ABC, berço do PT, “pixuleco” é expressão usada para se referir a algo insignificante. Segundo dados da Lava Jato, “pixuleco” era como o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto (no momento preso) falava sobre propinas.

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Lista do HSBC tem chefão do bicho e traficante colombiano que vivia em SP
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Fernando Rodrigues

Crime organizado usava contas numeradas na Suíça

Os arquivos com clientes da agência do HSBC de Genebra, na Suíça, têm os nomes de um dos principais chefes do jogo do bicho no Rio e o de um colombiano traficante de drogas que vivia no bairro do Morumbi, em São Paulo.

Aílton Jorge Guimarães, mais conhecido como Capitão Guimarães, está na lista dos correntistas do HSBC. Ele é considerado um dos principais chefes do jogo do bicho e da máfia dos caça-níqueis no Brasil. O colombiano Gustavo Durán Bautista, tido como braço-direito do traficante Juan Carlos Abadia, também aparece com conta numerada.

Condenado a 47 anos de prisão por corromper magistrados para liberar componentes de máquina de caça-níquel apreendidos pela Receita Federal, Guimarães continua solto. Seu advogado diz desconhecer a existência de contas no HSBC ou no exterior.

Bautista, por sua vez, está preso no Uruguai desde 2007. Naquele ano, ele foi detido em flagrante quando desembarcava de um helicóptero com mais de meia tonelada de cocaína. Na época, ele tinha US$ 3 milhões na Suíça. Seu advogado também afirma desconhecer a existência de uma conta numerada.

Em 2007, Guimarães foi preso na Operação Furacão junto com autoridades, entre as quais o então desembargador José Ricardo de Siqueira Regueira. A operação investigou um grupo de empresários, policiais e magistrados suspeitos de envolvimento com a exploração de jogos ilegais. Regueira morreu um ano depois após ser internado com pneumonia e septicemia.

A seguir, os detalhes da 3 pessoas citadas nesta reportagem e que aparecem nos registros dos HSBC:

Arte

ENTENDA O SWISSLEAKS
O levantamento desses nomes faz parte de uma detalhada apuração conduzida nas últimas semanas numa parceria entre o UOL, por meio deste Blog, e o jornal “O Globo”.

A série de reportagens SwissLeaks começou a ser publicada em escala mundial em 8.fev.2015. Trata-se de uma análise de um conjunto de dados vazados em 2008 de uma agência do ‘private bank’ do HSBC, em Genebra, na Suíça. O acervo contém informações sobre 106 mil clientes de 203 países e saldo superior a US$ 100 bilhões.

A investigação jornalística multinacional é comandada pelo ICIJ, sigla em inglês para Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, em parceria com o jornal francês “Le Monde”, que obteve os dados do HSBC em primeira mão.

No Brasil, que tem 8.667 clientes listados e um saldo total de US$ 7 bilhões, a apuração é coordenada pelo jornalista Fernando Rodrigues, membro do ICIJ, que publica as reportagens em seu Blog, hospedado no UOL. O “Globo” passou a integrar a equipe em março.

Participaram da apuração desta reportagem os jornalistas Chico Otávio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (de “O Globo”).

Nos posts a seguir, os detalhes sobre Aílton Jorge Guimarães e José Regueira e Gustavo Durán Bautista.

Brasil e França acertam “caminho rápido” para governo ter dados do HSBC

Lei permite recuperar os US$ 7 bi na Suíça, diz ex-secretário da Receita

Leia tudo sobre o caso SwissLeaks-HSBC no Brasil

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