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Patrus Ananias pede fim de eleições diretas para eleger direção do PT
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Fernando Rodrigues

Petista histórico é ministro do Desenvolvimento Agrário

Para ele, escolha em eleição direta tornou-se desqualificado

Muitos filiados “nada sabem” ou praticam do “ideário petista”

O ministro Patrus Ananias, que deseja acabar com as eleições diretas internas no PT

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, enviou aos militantes do PT um documento no qual defende o fim do sistema de eleições diretas dentro da legenda para a escolha dos dirigentes partidários.

Conhecido no jargão petista como PED (Processo de Eleições Diretas), o sistema é tido hoje por muitos militantes como uma forma corrompida de democracia interna. Milhares de filiados são arregimentados por grupos de candidatos e votam quase sem discutir a respeito das propostas de quem pretende dirigir o partido.

No texto “Congresso do PT: saindo da encruzilhada”, Patrus Ananias argumenta: “Estou convencido de que a extinção do PED e a retomada em bases ampliadas e mais participativas dos encontros partidários para escolha das direções é o melhor caminho para a redemocratização interna do partido”.

A crítica de Patrus tem relevância política porque ele faz parte do grupo CNB (Construindo um Novo Brasil), que é majoritário no PT e se beneficia há anos do PED para se manter no poder.

Aparentemente insatisfeito com os rumos da legenda, o ministro do Desenvolvimento Agrário preferiu se manifestar ao Congresso Nacional do PT apenas por escrito. Alegou ter uma agenda de trabalho para justificar a ausência no evento que se realiza em Salvador (BA) nesta quinta-feira (11.jun.2015) e amanhã.

“Sabemos, há três modelos de democracia: direta (ágora grega), representativa (surgida no século XVII) e participativa ou deliberativa. Esta última a meu ver é a melhor, pois propicia e estimula o debate, que é participativo e fundamental, embora os modelos não sejam excludentes. No PED, a democracia representativa é que prevalece, o que faz desaparecer dentro do Partido os espaços para os debates democráticos e a construção de consensos”, escreve em seu documento Patrus Ananias.

Ele diz preferir os chamados “encontros zonais e municipais” porque assim “todos os que realmente militam no partido teriam voz e voto”.

Nesses encontros seriam eleitos delegados que escolheriam as direções estaduais e nacional.

“A existência de plenárias e assembleias dentro do Partido é fundamental para que o PT contribua efetivamente para o avanço do país (…) Este debate não acontece nos PEDs. Eles foram desqualificados com as filiações massivas de pessoas que muitas vezes nada sabem ou praticam do ideário petista”.

A chance de prosperar a proposta de Patrus Ananias é pequena. Mas ele vocaliza o grau de desconforto que militantes históricos da legenda têm em relação à forma como o PT vem sendo conduzido.

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