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Arquivo : popularidade presidencial

Pesquisa CNT/MDA deixa incerto se o fundo do poço foi atingido
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Fernando Rodrigues

CNT-MDA-historico

Na comparação com Datafolha e Ibope, rejeição de Dilma é parecida

Mas deterioração econômica pode agravar ainda mais aprovação do governo

Os números principais da pesquisa CNT/MDA mostram um cenário ruim para o governo Dilma Rousseff: 7,7% de ótimo e bom; 20,5% de regular e 70,9% de ruim ou péssimo. Em março, esses percentuais eram de 11%, 24% e 65%. O levantamento é de 12 a 16 de julho. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

O Blog tem o relatório completo da pesquisa.

Há duas observações importantes sobre o resultado macro da pesquisa. Primeiro, que a taxa de aprovação do governo (7,7%) é compatível com as que foram apuradas recentemente por Datafolha (10% em 17-18.jun.2015) e Ibope (9% em 18-21.jun.2015). A segunda ponderação a ser feita é uma pergunta: a presidente da República estabilizou e já chegou ao que pode ser o fundo do poço?

A resposta é incerta. Depende de vários fatores. Segundo Marcelo Costa Souza, diretor do Instituto MDA e responsável pela pesquisa divulgada hoje (21.jul.2015), “é muito difícil perder mais popularidade quando se está em um patamar tão baixo”. Mas ele faz uma ressalva: “O problema é que passamos anos falando que a economia não ia bem e os números não eram tão ruins. Agora, são. Se houver mais degradação em agosto e setembro, é possível que isso afete ainda mais a aprovação do governo e da presidente da República. O ponto mais importante a ser observado aqui é o estado da economia”.

Agosto e setembro, a julgar pelos indicadores já conhecidos, serão meses piores do que os do primeiro semestre de 2015. Não há, portanto, razão para acreditar que Dilma Rousseff tenha se estabilizado no atual patamar ou que possa até esboçar alguma reação.

Mas é preciso também levar em conta nesse cálculo a reação pretendida pelo governo e pelo PT. Nas próximas semanas e meses Dilma, seus ministros e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendem viajar pelo país.

Em agosto, o PT terá seu programa de 10 minutos de duração em rede nacional de rádio e de TV. Também em agosto a legenda terá centenas de comerciais curtos de 30 segundos ou de 1 minuto para veicular –tudo em fase de montagem pelo marqueteiro João Santana –que ontem (20.jul.2015) esteve com Lula em São Paulo.

RENDA E NORDESTE
Chama a atenção na pesquisa CNT/MDA, como alerta o diretor do instituto MDA Marcelo Costa Souza, que todas as classes sociais e todas as regiões do Brasil demonstram mau humor em relação ao governo da presidente Dilma.

Os mais pobres (renda até 2 salários mínimos) hoje fazem um juízo ruim do governo Dilma: 7,4% aprovam e 68,2% desaprovam. Ou seja, mais ou menos como a média geral.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-Renda-aprovacao-governo

Quando se olha para regiões específicas do país, o desempenho do governo no Nordeste é um pouco menos deteriorado, mas já não é mais suficiente para manter a administração do PT em situação confortável. Só 8,2% dos nordestinos aprovam o dilmismo no Planalto. E 69,7% rejeitam o governo nessa parte do país. Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-regioes-aprovacao-governoEsses cruzamentos estratificados podem ser vistos neste relatório da pesquisa CNT/MDA.

ONDE HÁ UM POUCO DE ALENTO PARA DILMA?
Um trecho da pesquisa CNT/MDA chama a atenção. O instituto perguntou: “O (a) Sr. (a) acredita que se o candidato Aécio Neves tivesse vencido a eleição, como estaria o governo dele em relação ao da presidente Dilma Rousseff?”. A resposta não é tão ruim para Dilma: 47,4% dizem que o Brasil estaria igual ou pior. Só 44,8% acham que uma administração do tucano teria deixado hoje o Brasil em melhor situação –menos do que ele teve de votos no 2º turno de 2014.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-Aecio-X-Dilma-no-governoOutro dado a ser considerado: mesmo com toda a perda de popularidade em todas as regiões do país, o Nordeste ainda demonstra ser mais compreensivo com o PT e com os petistas. Na pesquisa que sonda cenários para 2018, Aécio Neves (PSDB) bateria hoje Lula (PT) por 35,1% a 22,8% num hipotético 1º turno que teria também como candidatos Marina Silva (15,6%) e Jair Bolsonaro (4,6%).

Mas quando se observa o voto em cada uma das regiões brasileiras, nota-se que hoje Lula ainda derrotaria Aécio por 38,8% a 27,1% no Nordetes. Ou seja, se o PT e Dilma querem começar uma trajetória de recuperação, devem certamente priorizar o Nordeste, estancando por ali a queda na popularidade presidencial.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

CNT-MDA-Lula-X-Aecio-NordesteO blog está no FacebookTwitter e Google+.


Influência de Dilma tende a derreter no Congresso
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Fernando Rodrigues

Chegou a hora de a presidente Dilma Rousseff experimentar para valer a antipatia que construiu laboriosamente nos últimos dois anos e meio entre deputados e senadores. A queda de 27 pontos em sua popularidade, medida pelo Datafolha, será sentida agora a cada necessidade de negociação.

Na relação com os congressistas, presidentes da República são temidos ou admirados. Às vezes, raramente, as duas coisas. Dilma era sempre muito temida até maio passado, pois tinha a popularidade mais alta entre todos os ocupantes do Palácio do Planalto pós-ditadura nesta fase do primeiro mandato.

Do alto de sua aprovação popular, a petista acostumou-se a agir de forma imperial. Não dava entrevistas, exceto para a mídia amiga com quem podia opinar sobre novelas e culinária.

Até agora, foi fácil se comportar como um Emílio Garrastazu Médici sentado dentro do Planalto, ouvindo o jogo da seleção brasileira pelo rádio e olhando com desdém para o Congresso, do outro lado da Praça dos Três Poderes. Agora, com uma aprovação mais próxima da de João Figueiredo, o cenário ganha em complexidade.

Políticos são pragmáticos. Não gostam de arranjar briga com uma presidente da República que é bem avaliada e ruma para a reeleição.

Na nova conjuntura em formação, entretanto, o poder da presidente tende a derreter momentaneamente dentro do Congresso. Ela poderia compensar essa perda de popularidade com as relações pessoais e políticas. Ocorre que essas relações sempre foram muito tímidas ou inexistentes, por decisão da própria Dilma.

O Blog conversou ao longo da sexta-feira, 28.jun.2013, com vários presidentes de partidos e com líderes governistas no Congresso. Todos apoiaram a ideia do plebiscito para a reforma política de nariz virado. Em público, fingiram muito bem. Faz parte.

Na semana que vem, a conjuntura talvez mude. Os deputados e senadores devem se sentir mais à vontade para exercer sua sinceridade em público, quando tiverem de manifestar suas impressões sobre a forma como Dilma Rousseff conduz seu governo.

Mas é importante fazer duas ressalvas.

Primeiro: essa pesquisa foi realizada agora, no auge dos protestos de cidadãos indignados. Não é certo que algum outro político possa herdar de maneira definitiva o capital político-eleitoral que antes estava com Dilma e o PT para 2014. É necessário esperar mais algum tempo, talvez alguns meses, para saber como o cenário atual vai decantar.

Segundo: no auge do mensalão, em 2005, Luiz Inácio Lula da Silva também foi dado como morto e sua popularidade ficou num nível baixo e similar ao de Dilma agora. O restante da história é conhecido: o país voltar a crescer de maneira vigorosa e o petista foi reeleito em 2006.

O que diferencia o cenário de hoje do de 2005 é algo muito simples. O presidente lá atrás era Lula: um político esculpido na escola das negociações difíceis e das relações pessoais sólidas com seus aliados. Hoje, a presidente é Dilma, uma política quase sem grupo de confiança com quem possa governar nem um círculo generoso de amizades no Congresso.

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Dilma perde popularidade em capitais
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Fernando Rodrigues

A popularidade da presidente Dilma Rousseff continua altíssima (aqui, todas as avaliações), mas em capitais de Estado ela tem perdido pontos.

O Ibope vem pesquisando a taxa de popularidade presidencial junto com seus levantamentos sobre intenção de voto para prefeito. Em períodos variados, Dilma tem perdido terreno em grandes centros urbanos.

Em São Paulo, a aprovação ao governo Dilma caiu 10 pontos percentuais de maio até agora, no início de agosto.

No Rio e em Recife, a queda de Dilma foi de 6 pontos percentuais (em períodos distintos). Em Curitiba, a baixa foi de 14 pontos.

O que isso quer dizer? Ainda não dá para saber. Pode ser a economia crescendo pouco, o efeito das greves dos servidores públicos federais. Os institutos de pesquisa poderiam indagar mais a respeito em suas novas pesquisas.

Aqui, coluna de hoje (18.ago.2012) na Folha sobre o assunto: Dilma desacelera.

Abaixo, os dados das pesquisas Ibope em algumas capitais para as quais os dados sobre a popularidade de Dilma estão disponíveis:

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