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Eleição de 2014 confirma dificuldade de viradas do 1º para o 2º turno
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Fernando Rodrigues

Inversão ocorreu em apenas 5 das 14 unidades da Federação com 2 turnos

É comum ver candidatos a governador que passaram ao 2º turno em segundo lugar fazerem planos ambiciosos de virada. Isso anima a militância a atrai mídia. Mas a dinâmica eleitoral joga contra esse otimismo: neste ano, apenas 5 dos 14 Estados com 2º turno registraram viradas, resultado próximo à média histórica desde 1990.

Nas 7 eleições gerais para governador no Brasil pós-redemocratização, quando passou a vigorar a regra do 2º turno, houve 93 disputas que tiveram de ir para rodada final de votação. Entre essas, houve 27 viradas –taxa de 29%.

Ou seja: em menos de um terço das disputas um candidato derrotado no 1º turno consegue vencer no 2º.

Outro dado a ser observado: em 15 da 27 viradas, a diferença entre os candidatos nas urnas no final do 1º turno era de até, no máximo, 5 pontos percentuais. Nesses casos, é possível dizer que os dois finalistas já estavam quase empatados.

Embora as variações sejam pequenas entre uma eleição e outra, este ano de 2014 registrou a maior ocorrência de viradas em termos proporcionais na série histórica: 35,6% do total das disputas.

O resultado não fica muito distante do aferido em outras eleições. Em 1990, por exemplo, a média foi de 31,3%. Em 1998, 30,8%

Na outra ponta, o ano com menos viradas em disputas estaduais foi 2002, quando apenas 3 dos 14 Estados com 2º turno registraram o fenômeno. Acompanhe a evolução na tabela abaixo:

viradasresumo

Quando se observam todas as eleições estaduais, de 1990 para cá, nota-se que a virada nessas disputas é um acontecimento fora do padrão.

A maior inversão de posições neste ano de 2014 ocorreu no Rio Grande do Norte. Henrique Eduardo Alves (PMDB) venceu o 1º turno 5,3 pontos à frente de Robinson Faria (PSD). No último domingo (26), o peemedebista perdeu a eleição por 8,8 pontos de diferença. Alves atribuiu seu mau resultado a um vídeo no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarava apoio a Faria, repetido à exaustão na campanha.

No Mato Grosso do Sul, onde também houve virada, Reinaldo Azambuja transformou um revés pequeno, de 3,8 pontos percentuais no 1º turno, em vantagem de 10,7 pontos no 2º turno.

No Pará, onde Simão Jatene (PSDB) bateu Helder Barbalho (PMDB), e na Paraíba, que deu a vitória a Ricardo Coutinho (PSB) sobre Cássio Cunha Lima (PSDB), ambos por virada, a diferença entre os candidatos no 1º turno era de apenas 1,4 percentual.

No Amazonas, o 1º turno terminou em um virtual empate: José Melo (Pros), vitorioso no 2º turno, ficou 0,1 ponto percentual atrás de Eduardo Braga (PMDB).

Na história recente das eleições brasileiras, a virada de maior magnitude ocorreu em Minas Gerais, em 1994. Hélio Costa, então filiado ao PP, venceu Eduardo Azeredo (PSDB) no 1º turno com vantagem de 21,1 pontos percentuais (48,3% contra 27,2% dos votos válidos). Durante as 3 semanas finais de campanha, Azeredo ganhou 31,4 pontos percentuais (foi a 58,6%) e tirou 7 de Hélio Costa (queda para 41,3%), vencendo no 2º turno com vantagem de 17,3 pontos.

Quatro anos depois, Azeredo tentou se reeleger e acabou derrotado por Itamar Franco (PMDB) em uma campanha que acabou por marcar a carreira do tucano. O “mensalão mineiro” teria ocorrido nessa disputa, com o empresário Marcos Valério à frente de um suposto esquema de desvio de recursos públicos e caixa dois para alimentar o comitê de Azeredo.

Na esfera nacional, nunca houve viradas em disputas presidenciais desde 1989. Aécio Neves (PSDB) foi o candidato que chegou mais perto disso. O tucano reduziu sua diferença para Dilma Rousseff (PT) de 8 pontos percentuais do 1º turno para 3,2 pontos no 2º turno.

A seguir, a tabela completa das viras nas eleições estaduais desde 1990 (clique na imagem para ampliar):

viradascompleto3

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