Blog do Fernando Rodrigues

Popular, Dilma perde apoio no Congresso

Fernando Rodrigues

De fev.2011 até agora, Planalto tem baixa de 56 deputados e de 6 senadores

Apesar de sua popularidade não parar de subir desde a posse, a presidente Dilma Rousseff (PT) enfrenta um paradoxo: o nº de partidos e de congressistas que dizem apoiar a administração pública federal só diminui.

Em fevereiro de 2011, quando tomou posse o atual Congresso, Dilma tinha o apoio de 11 partidos (373 deputados e 62 senadores). Hoje, o Palácio do Planalto conta com o apoio explícito de 10 partidos (o PR saiu da base) que somam 317 deputados e 56 senadores. Ou seja, uma redução de 56 deputados e 6 senadores em pouco mais de um ano.

Código Florestal expõe fragilidade de Dilma
Mesmo com maioria esmagadora desde a posse, Dilma Rousseff enfrenta crônica resistência em sua base quando o assunto envolve interesses econômicos, financeiros e políticos. É o caso da regulamentação pretendida com a reforma do Código Florestal, único assunto importante em que a presidente foi derrotada no Congresso.

A votação de 4ª feira (25.abr.2012) terminou com 274 votos contra o governo (a favor da aprovação do novo Código) e 184 contra (posição governista). Até para obter 184 votos, Dilma precisou de apoio da oposição. Dos 317 governistas, só 131 votaram com o governo. Os outros foram contra ou não votaram (atitude prejudicial ao governo).

Todas as siglas dilmistas a traíram, com exceção dos nanicos PRB (10 votos), do PSL e do PTC (1 voto cada). O aliado mais infiel foi o PMDB, do vice-presidente Michel Temer: dos 78 deputados, só 3 ajudaram a presidente. PDT, PTB, PP, PSC e PC do B são outros governistas com peso na Câmara que abandonaram Dilma.

Essa é a 2ª vez que o governo perde a votação do Código Florestal na Câmara. A primeira foi em 24.mai.2011, quando a derrota ocorreu por 410 a 63 e um texto considerado ruim para a causa ambiental foi aprovado e enviado para o Senado. Os senadores conseguiram uma proposta mais afinada com o Planalto, mas a Câmara a rejeitou neste 25.abr.2012.

Abaixo, o Blog apresenta quadros com os resultados das principais votações enfrentadas pelo governo na Câmara e no Senado. Para aumentar as imagens, clique sobre elas para abri-las em outra aba de seu navegador. Em seguida, aumente o zoom do navegador.

Os quadros mostram que, no geral, o governo consegue apoio para medidas que considera importantes. Mas negociar essa sustentação ficou mais difícil: o nº de congressistas em cima do muro (nem governistas, nem oposicionistas) aumentou desde que Dilma tomou posse.

Segundo a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência, comandada pela ministra Ideli Salvatti (PT), apenas PR, PSD e PV são “independentes” (o Blog os chama de “ambíguos”). Mas o Blog coloca nessa classificação também as siglas nanicas, que a SRI diz serem aliadas do governo no Congresso (PMN, PT do B, PRTB, PRP, PHS e PSL).

Segundo a SRI, portanto, haveria 93 deputados e 9 senadores ambíguos em abr.2012, contra 14 deputados e nenhum senador em fev.2011, quando o Congresso começou a funcionar sob o governo Dilma. Segundo o Blog, a bancada de cima do muro cresceu muito mais: são 102 deputados e 9 senadores ambíguos em abr.2012 contra 29 deputados e 1 senador em fev.2011.

O quadros com os resultados das votações na Câmara mostra que nem sempre os nanicos estão com o governo. Mas há outras mostras do comportamento dúbio dessas siglas. O Blog perguntou aos articuladores do governo qual é a posição dos partidos não representados no Congresso (PSDC, PTN, PPL, PCO, PSTU e PCB). Não conseguiu uma resposta.

Os senadores José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso, e o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder no Senado, disseram não saber de cabeça a resposta. A assessoria da ministra Ideli Salvatti, responsável pela relação do governo com partidos, afirmou que “não há como classificá-los [os não representados no Congresso] como aliados ou oposição ao Governo”.

Abaixo, lista dos 29 partidos brasileiros segundo sua posição no espectro político atual:

Aliados do PT
Outra comparação possível é sobre o tamanho da base do governo da presidente Dilma Rousseff com relação à base que o governo do PT tinha em 2003, primeiro ano do primeiro governo petista, do ex-presidente Lula.

Os quadros abaixo mostram como os partidos mudaram de posição de 2003 a 2012. No geral, o nº de aliados do governo só aumentou e a oposição só diminuiu. Mas, de 2011 a 2012, a base da presidente Dilma registrou uma diminuição.

Em 2003, na posse de Lula, havia 254 deputados governistas e 259 oposicionistas. Em 2007, quando o presidente assumiu seu 2º mandato, o placar passou a 353 governistas contra 160 oposicionistas. Em 2011, na posse de Dilma, eram 373 contra 111.

No Senado, o mesmo movimento: eram 31 governistas e 50 oposicionistas em 2003. Passaram a ser 49 contra 32 em 2007 e, em 2011, 62 contra 18.

Os primeiros 15 meses de Dilma no poder, no entanto, representaram uma diminuição da base petista. Ou seja: o time de cima do muro ganhou adeptos.

 

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