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Categoria : Mídia

Millôr Fernandes ganha ação contra Abril/Veja sobre direitos autorais
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Fernando Rodrigues

Acervo digital da revista extrapola direitos de jornalista, diz STJ

Decisão foi nesta 5ª feira e terá repercussão na indústria de mídia

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O jornalista Millôr Fernandes em seu estúdio, no Rio de Janeiro, em 2006

A Editora Abril terá de pagar direitos autorais ao espólio do jornalista e cartunista Millôr Fernandes, morto em 2012.

Os ministros da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, concluíram nesta 5ª feira (4.ago.2016) que a publicação do Acervo Digital Veja 40 Anos, em 2009, extrapolou os limites do contrato firmado entre Millôr e a editora. Millôr trabalhou na Veja em diversas ocasiões.

Lançado em 2009, o acervo reuniu todo o conteúdo da Veja, desde a sua primeira edição, em 1968. A revista não cobra pelo acesso.

Na ação, iniciada também em 2009 quando Millôr Fernandes ainda estava vivo, o jornalista argumentou que não autorizou a divulgação no meio digital e que os seus direitos autorais teriam sido violados. O valor da causa arbitrado pelos advogados foi de R$ 500 mil.

Já a Editora Abril disse que não se tratou de uma nova publicação, mas apenas da digitalização do material divulgado originalmente no meio impresso. A editora alegou que o jornalista não tinha direito à indenização porque a revista Veja é uma obra coletiva de sua propriedade.

Na Justiça de 1ª Instância, o pedido de Millôr Fernandes tinha sido rejeitado.

No entanto, ele conseguiu reverter o resultado na 2ª Instância, argumentando que não se tratava de uma obra coletiva, mas individual.

No STJ, os ministros reconheceram que houve a colaboração individualizada de Millôr Fernandes e que, por esse motivo, a Editora Abril terá de pagar direitos autorais.

Ainda cabe recurso contra a decisão do STJ. Primeiro, podem ser apresentados embargos no próprio tribunal. Depois de vencidas todas as possibilidades nessa instância, ainda há o caminho de recorrer ao STF.

Vários veículos da mídia impressa no Brasil estão digitalizando ou já digitalizaram seus acervos. Se mantida, a decisão do STJ contra a Editora Abril e Veja pode ter ampla repercussão, pois vários jornais e revistas poderão se ver obrigados a retirar da internet edições antigas e que foram digitalizadas recentemente.

Vários veículos da mídia impressa no Brasil estão digitalizando ou já digitalizaram seus acervos. Se mantida, a decisão do STJ contra a Editora Abril e Veja pode ter ampla repercussão, pois vários jornais e revistas poderão se ver obrigados a retirar da internet edições antigas e que foram digitalizadas recentemente.

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Governo cortou R$ 206 milhões em publicidade da TV Globo em 2015
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Fernando Rodrigues

Valor é 34,9% de toda a verba reduzida pelo Planalto no ano passado

“Veja” perde 78% dos recursos de propaganda do governo federal

Jornais impressos tiveram R$ 55,8 milhões a menos do que em 2014

Já os maiores portais na web faturaram 12,2% a mais em 2015

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Sede da Rede Globo no Rio de Janeiro

A Rede Globo e as 5 emissoras de TV aberta de propriedade do Grupo Globo (em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Recife) receberam um total de R$ 396,5 milhões em publicidade estatal federal em 2015. O valor representa uma queda de R$ 206,3 milhões (34%) em comparação a 2014, quando essas emissoras haviam recebido R$ 602,8 milhões.

No total, o governo de Dilma Rousseff cortou R$ 591,5 milhões de propaganda federal em 2015, conforme o Blog noticiou em 6.mai.2016. Ou seja, os R$ 206,3 milhões a menos na publicidade da Globo e de suas emissoras próprias representaram 34,9% do corte total dessa despesa do governo federal.

Mesmo com a supressão, a rede fundada por Roberto Marinho é a que mais recebe verbas no meio televisivo ou em qualquer outro. Sua participação nos recursos do governo federal, no entanto, vem caindo nos últimos anos. No 1º ano do governo Lula, por exemplo, a fatia da TV Globo correspondia a 59% do total gasto com TVs abertas. Em 2015, a participação diminuiu para 32%.

Os dados da publicidade estatal classificados por emissora em 2015 e 2016 são inéditos e foram obtidos pelo UOL via Lei de Acesso à Informação. Os valores até 2014 estão corrigidos pelo IGP-M, o índice usado no mercado publicitário e também pelo governo quando se trata de informações dessa área. Os números de 2015 e de 2016 (até abril) são correntes (sem atualização monetária).

Este post teve a colaboração dos repórteres do UOL Douglas Pereira e Mateus Netzel.

Os valores recebidos por emissora de janeiro de 2000 a abril de 2016 estão detalhados no quadro a seguir (clique na imagem para ampliar). As cifras incluem a propaganda veiculada pelas administrações direta (ministérios e Palácio do Planalto) e indireta (estatais). A série histórica sobre publicidade do governo federal começou a ser construída de maneira mais consistente a partir do ano 2000. Não há dados confiáveis antes dessa data.

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A Globo não foi a única emissora a sofrer cortes da publicidade estatal em 2015. O repasse de recursos diminuiu para as 5 principais TVs abertas do país. O valor total pago para as 5 empresas foi de 875,4 milhões, uma queda de 28,5% na comparação com 2014.

Após a Globo, o Grupo Silvio Santos foi o que mais perdeu dinheiro de publicidade estatal federal no ano passado: de R$ 172,7 milhões em 2014 para R$ 115,4 milhões em 2015 (menos R$ 57,3 milhões em 1 ano, o equivalente a uma redução de 33%).

A verba direcionada à Record também caiu, mas em menor proporção: de R$ 281,1 milhões em 2014 para R$ 242,9 milhões em 2015. Em termos percentuais, a emissora ligada à Igreja Universal do Reino de Deus teve uma perda de 14%, bem menor do que Globo e SBT.

Record e SBT tiveram 5 pontos de audiência no Ibope em 2015. Só que a Record, emissora do bispo Edir Macedo, recebeu R$ 127 milhões a mais de verbas publicitárias federais no ano passado na comparação com o SBT, do empresário e apresentador Silvio Santos.

Já a Band (com apenas 2 pontos de audiência média no Ibope em 2015) teve R$ 86 milhões de propaganda no ano passado, R$ 42 milhões a menos do que 2014. A Rede TV! (1 ponto de audiência) ficou com R$ 34,3 milhões, queda de R$ 6 milhões.

JORNAIS IMPRESSOS
Em 2015, os jornais impressos arrecadaram R$ 89 milhões com a publicidade do governo de Dilma Rousseff –55,8 milhões a menos do que em 2014. Desse total, R$ 46,4 milhões (52,1%) foram destinados a apenas 4 publicações: “O Globo”, “Folha de S.Paulo”, “O Estado de S.Paulo” e “Valor Econômico”.

Todos essas empresas receberam menos dinheiro de publicidade estatal federal em 2015 em relação a 2014. Mas os cortes não foram simétricos para todos os jornais.

No caso de “O Globo”, o jornal foi o que mais lucrou com publicidade estatal federal em 2014, recebendo R$ 22,9 milhões. Já em 2015 o veículo arrecadou R$ 12,8 milhões, cerca de R$ 10 milhões a menos que no ano anterior.

“O Estado de S. Paulo” também perdeu parte significativa de verba publicitária. Em 2014, faturou R$ 18 milhões. No ano passado, o valor repassado ao veículo caiu para R$ 10,8 milhões –uma redução de 39,7% em 1 ano.

As receitas destinadas aos jornais “Folha de S. Paulo” e “Valor Econômico” também caíram, mas em menor proporção. Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

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JORNAIS DIGITAIS
Se na soma total os principais jornais do país perderam recursos, quando considerado apenas o espaço publicitário vendido ao governo em suas versões digitais, os 4 diários cresceram em 2015.

A “Folha de S. Paulo” é o veículo que mais faturou: R$ 5,5 milhões –quase o dobro do que recebeu em 2014 (R$ 2,3 milhões). Em seguida aparecem “O Globo”, com R$ 3,7 milhões (R$ 1,1 milhão a mais que 2014), e “O Estado de S. Paulo” com 3,4 milhões (R$ 504 mil a mais que em 2014).

O maior salto no faturamento foi do “Valor Econômico”. Em 2014, a área digital do veículo recebeu R$ 307,8 mil. No ano passado, o valor repassado passou para R$ 1,1 milhão –uma alta de 257% em 1 ano.

Nesse mesmo período, as assinaturas digitais do Valor cresceram de 13.721 para ainda modestas 18.278.

Eis os dados (clique na imagem para ampliar):

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REVISTAS
O meio revista também sofreu grande queda no faturamento de verbas publicitárias federais em 2015. As receitas desceram de R$ 116 milhões, em 2014, para R$ 66 milhões (43%).

Entre todas as revistas, a semanal “Veja” liderava o faturamento em 2014, quando recebeu R$ 21,2 milhões. Em 2015, o repasse despencou para R$ 4,6 milhões, uma redução de 78% em 1 ano.

Nos valores recebidos por “Veja”, um aspecto chama a atenção. Até 2014, parte do faturamento publicitário (18,3%) da revista era paga pelos órgãos da administração direta (ministérios e secretarias). Mas em 2015 o veículo deixou de receber qualquer quantia da administração dilmista e arrecadou apenas com propagandas de estatais federais.

Diante da queda da “Veja”, a revista “IstoÉ” (apesar de ter uma tiragem bem menor) liderou o faturamento do meio em 2015, com R$ 4,854 milhões.

Eis os dados detalhados sobre as 4 principais revistas do país (clique na imagem para ampliar):

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PORTAIS DE INTERNET
Desde 2014, o meio internet é o 2º que mais recebe publicidade estatal do governo federal. Em 2015, foi o único para o qual o valor destinado cresceu. No ano passado, a verba arrecadada por portais, jornais digitais e redes sociais foi de R$ 233,9 milhões (12,2% a mais que em 2014).

Diferentemente do que o senso comum indica (a julgar pelo noticiário recente), não foram pequenos blogs e sites pró-governo que ficaram com a maior parte do bolo publicitário estatal federal. Os grandes portais e veículos digitais consolidados –cuja audiência não para de crescer– ficaram com a maior parte das verbas.

O MSN, com 45.837.000 usuários únicos em dez.2015, lidera o faturamento deste meio: recebeu R$ 16,7 milhões em 2015. A contagem inclui os valores de outros serviços da Microsoft, como o provedor de e-mail Outlook, o sistema de buscas Bing e o Skype.

O UOL, com 64.120.000 usuários únicos em dez.2015, aparece em seguida. O portal recebeu R$ 15,3 milhões de verbas federais de publicidade no ano passado. A audiência inclui a versão digital da Folha de S.Paulo e outros parceiros hospedados no portal –o valor de R$ 15,3 milhões, entretanto, não inclui o que a versão digital da Folha fatura.

O G1, o portal Globo.com e a versão eletrônica de outros veículos do Grupo Globo e sites parceiros somados tiveram uma audiência de 65,5 milhões de visitantes únicos em dez.2015. Receberam R$ 14 milhões de verbas federais de publicidade nesse ano. Nesse caso, a cifra também não inclui o que a versão digital do jornal O Globo fatura de publicidade estatal federal.

O R7, ligado à Rede Record e à Igreja Universal do Reino de Deus, recebeu R$ 5,7 milhões em 2015.  Apesar de ter registrado 70.625.000 visitantes únicos em dezembro, a maior parte da audiência do R7 é derivada de sites parceiros e não de produção própria.

Eis os dados detalhados dos grandes portais de internet:

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Leia mais sobre publicidade estatal federal em 2015:

Dilma cortou R$ 591,5 milhões do gasto com propaganda federal em 2015

Facebook fatura R$ 44,6 milhões com publicidade do governo federal em 2015

Estatais reduzem gasto com propaganda em R$ 368 milhões em 2015

Em 2015, ano de cortes, publicidade para mídia alternativa cresceu 40%

Em meio a cortes, agência Master amplia em 50% conta de publicidade federal

A íntegra dos dados: de 2000 a abril de 2016

Leia as reportagens publicadas sobre publicidade estatal federal em 2014:

Todas as reportagens do Blog com dados de 2014

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Em 2015, ano de cortes, publicidade para mídia alternativa cresceu 40%
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Fernando Rodrigues

Valor pago pelo governo federal a 16 sites aumentou para R$ 9,7 milhões 

Governo Temer anunciou suspensão de contratos com esses veículos em 2016

Maior beneficiado até 2014, Brasil Econômico, ligado a Dirceu, fechou em 2015

Brasília - DF, 20/04/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante entrevista para blogueiros no Palácio do Planalto. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma Rousseff em entrevista para blogueiros no Palácio do Planalto antes de seu afastamento

O governo federal sob Dilma Rousseff cortou R$ 591,5 milhões dos recursos gastos em publicidade estatal em 2015, mas veículos da mídia alternativa tiveram um aumento de 40,5% nas verbas federais.

Embora o percentual (40,5%0 seja alto), em termos nominais o valor total é pequeno no bolo publicitário federal.

Um grupo de 16 sites sobre assuntos da política e da economia –sem vínculos com conglomerados de comunicação– recebeu R$ 9,72 milhões de reais em 2015, R$ 2,4 milhões a mais do que em 2014. Nem todos esses sites têm orientação editorial a favor ou contra o governo.

No mesmo período, os 7 maiores portais de notícia do país tiveram uma leve redução (0,3%) nos recursos provenientes do governo. Receberam, somados, R$ 80,6 milhões frente a R$ 82,9 milhões em 2014.

Veículos da mídia tradicional pertencentes a grandes grupos de comunicação sofreram fortes reduções nos ganhos com propaganda do governo federal. A TV Globo, por exemplo, recebeu R$ 206 milhões a menos em 2015 do que em 2014, ano em que Dilma foi reeleita. A revista Veja, do Grupo Abril, teve um corte de R$ 17 milhões nesse período.

Após a posse de Michel Temer como presidente interino (em 12.mai.2016), foram divulgados alguns dados esparsos sobre publicidade estatal federal. Este post traz agora as informações completas e inéditas de 2015 e de 2016.

O material foi obtido pelo Blog por meio de um pedido com base na Lei de Acesso a Informações Públicas. Os valores são oficiais e correntes para os anos de 2015 e 2016. Os números dos anos anteriores são corrigidos pelo IGP-M, da FGV, índice de inflação utilizado no mercado publicitário.

Este post teve a colaboração dos repórteres do UOL Douglas Pereira e Mateus Netzel.

O crescimento da mídia alternativa em 2015 deve ser completamente revertido neste ano de 2016. Após assumir o Planalto em maio, Michel Temer anunciou o corte de contratos de publicidade federal de diversos desses sites.

O fato é que os recursos repassados em 2016 aos sites alternativos antes do impeachment de Dilma Rousseff já estavam muito abaixo da média dos anos anteriores. Até abril, os mesmos 16 sites haviam recebido, somados, R$ 626.058 –apenas 6,4% do total faturado nos primeiros 4 meses de 2015.

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LÓGICA DE MERCADO
Dos R$ 9,72 milhões recebidos pela mídia alternativa em 2015, R$ 7,66 milhões vieram dos cofres de empresas estatais. Embora esse valor represente 78,8% de todo o dinheiro repassado aos sites, a maior influência na decisão no destino das verbas vem do Palácio do Planalto.

Os principais financiadores da mídia alternativa são as estatais Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil.

Em geral, há pouca transparência sobre o processo decisório sobre como são alocados recursos de propaganda das estatais. Em teoria, a compra de espaço publicitário pelas empresas públicas e de capital misto deveria ser voltada a divulgar a marca e os produtos dessas corporações. Nem sempre fica claro se essa lógica de mercado é seguida.

As grandes estatais federais raramente trabalham com públicos específicos que justifiquem os investimentos em veículos com pequena audiência. Sites com menos de 1 milhão de visitantes únicos por mês são considerados pequenos. Segundo dados da ComScore, empresa especializada em métrica de audiência digital, o Brasil tinha mais de 98 milhões de usuários de internet em dezembro de 2015.

O método mais usado para precificar o espaço publicitário na internet é chamado de CPM (custo por mil). Os sites negociam um valor para cada 1.000 visualizações (“page views” ou “impressões”, no jargão do mercado) que podem oferecer ao anunciante, de acordo com seus registros de audiência.

Nas informações prestadas ao Blog pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República não há o detalhamento do preço cobrado pelos sites, apenas o valor final pago pelo governo em cada inserção publicitária.

O Blog estimou a desproporção no valor pago pelo governo em diversos sites e portais, de grande e pequena audiência. Para isso, comparou o número de visitantes únicos que eles receberam no período de 1 mês –dezembro de 2015. Foi utilizada a métrica da ComScore.
[contexto: “visitante único” é o usuário que é contabilizado apenas uma vez quando passa por uma página de um determinado site durante o período de 1 mês. É diferente da audiência medida em páginas vistas, ou “page views”, que registra o número de cliques que todos os usuários dão numa página].

A partir dos dados obtidos da Secom, calculou-se a média mensal de recursos de publicidade federal recebida em 2015 pelos veículos aqui citados. Ao cruzar valor recebido com audiência chega-se ao valor de cada “visitante único”.

Os quadros a seguir comparam o custo por visitante único nos grandes portais e nos veículos da mídia alternativa.

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AUDIÊNCIA
Como as métricas de audiência não são as mesmas para todos os anos representados nas tabelas acima, não é possível comparar a progressão no tempo do valor recebido em relação à audiência.

É importante registrar que a importância e a audiência da internet têm registrado crescimento contínuo nos últimos anos. Nesse contexto, é natural que as verbas nessa plataforma cresçam também. A web foi o único meio que recebeu mais dinheiro de propaganda estatal federal em 2015 do que em 2014. Esse fenômeno também é observado na propaganda da iniciativa privada. Todos os demais meios sofrem redução a cada ano.

Ocorre que o crescimento de audiência dos sites da mídia alternativa ainda é pequeno. Apenas 6 dos 14 sites (Caros Amigos não teve audiência registrada e o Viomundo não recebeu verbas federais em 2015) tiveram audiência superior a 1 milhão de visitantes.

No caso dos grandes portais de notícia, como o UOL e o G1/Globo.com, o custo por visitante único no mês varia entre R$ 0,01 (1 centavo) e R$ 0,03 –levando-se em consideração os acessos e a média mensal do valor recebido em 2015.

Alguns dos sites alternativos apresentam um custo muito superior por visitante único no mês. No Opera Mundi, site de notícias internacionais comandado pelo jornalista Breno Altman, o valor é de R$ 0,13. No Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, o valor é de R$ 0,14. Em ambos os casos, a cifra supera com folga a dos portais.

O exemplo mais discrepante é o do site Carta Maior. A proporção entre a verba recebida do governo e a audiência é de R$ 0,21 por visitante único no mês. O valor é pelo menos 7 vezes maior do que alguns portais de notícia.

Dentre os sites analisados, o custo de divulgar na mídia alternativa fica favorável ao governo em algumas situações. É o caso do Pragmatismo Político e do Diário do Centro do Mundo. O primeiro teve audiência mensal de 1,4 milhão em dez.2015 e o segundo, de 2,2 milhões. Como receberam  Na relação com a média mensal recebida do governo em 2015, o custo por visitante fica abaixo do valor médio dos grandes portais.

O resultado deve-se menos pela audiência e mais por causa do valor reduzido das verbas recebidas por esses sites em 2015. O Diário do Centro do Mundo ganhou R$ 355 mil e o Pragmatismo Político, R$ 244 mil. Com audiências muito menores, o Carta Maior recebeu R$ 919 mil e o Conversa Afiada, R$ 842 mil.

FIM DO BRASIL ECONÔMICO
O veículo alternativo que mais lucrou com as receitas publicitárias provenientes do governo federal nos últimos anos foi o jornal “Brasil Econômico”, que tem entre seus donos o grupo português Ongoing.

Em 2013, o diário faturou R$ 2,37 milhões só com recursos federais. Em 2014, o valor subiu para R$ 3,8 milhões. Apesar do sucesso junto ao governo, o desempenho comercial do jornal revelou-se pífio: não era auditado pelo IVC (Instituto de Verificação de Circulação) e seu site recebeu apenas 82.000 acessos em dezembro de 2014.

Em julho de 2015, o jornal deixou de circular em versão impressa e passou a ter notícias publicadas apenas na internet, hospedado pelo portal iG. Com o fim das atividades, o faturamento com publicidade federal fechou o ano em R$ 679.417, menos de 20% do que no período anterior.

Nos 4 primeiros meses de 2016, apesar de apenas republicar conteúdo de outras agências de notícias, o site recebeu R$ 78.413 em publicidade da Petrobras.

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O“Brasil Econômico”, criado em 2009, sempre teve boas relações com o governo federal. Recebeu verba de publicidade estatal desde o ano de sua fundação. Já em 2010 faturou mais de R$ 2 milhões das estatais federais. Não recebeu menos do que R$ 2,3 milhões anuais do governo até encerrar as atividades em 2015.

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A íntegra dos dados: de 2000 a abril de 2016

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Facebook fatura R$ 44,6 milhões com publicidade do governo federal em 2015
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Fernando Rodrigues

Valor é quase igual ao recebido pelos 4 principais jornais brasileiros  

Gasto federal em mídias sociais quadruplicou de 2013 a 2015

Twitter teve 12,1 milhões ­­–172% a mais do que a cifra de  2014  

Google e YouTube perderam terreno nas verbas de propaganda estatal

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A presidente afastada, Dilma Rousseff, e o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg

O Facebook recebeu R$ 44,6 milhões em publicidade estatal federal em 2015. Trata-se de um crescimento de 68,5% sobre o valor arrecadado em 2014.

Os dados inéditos obtidos pelo UOL por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que a rede social de Mark Zuckerberg teve um crescimento meteórico no mercado publicitário estatal brasileiro nos últimos anos.

Em 2010, quando a União começou a fazer propaganda no Facebook, foram investidos modestos R$ 8.100 –somando tudo o que foi gasto pelas administrações direta (Planalto e ministérios) e indireta (todas as estatais). No ano seguinte, em 2011, a rede social já liderava o faturamento do meio “redes sociais” com publicidade estatal, recebendo R$ 1,5 milhão.

O valor investido em redes sociais cresce sem parar desde 2010, mimetizando o que se passa também com a publicidade do setor privado. De 2013 a 2015, a verba repassada quase quadruplicou: de R$ 15,7 milhões para R$ 60,5 milhões.

A crise fiscal, entretanto, indica que os investimentos do governo federal em publicidade estatal devem cair em 2016. Até abril deste ano, o segmento ganhou R$ 8 milhões do governo dilmista. Caso se mantenha essa proporção para o restante do ano, o valor investido em propaganda estatal em redes sociais deve cair para cerca de R$ 24 milhões –menor montante desde 2013.

Os dados estão na tabela abaixo (clique na imagem para ampliar):

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O volume recebido pelo Facebook em 2015 reforça ainda mais a transformação que a indústria de comunicação atravessa neste momento em vários países. As novas plataformas atraem em alguns casos muito mais anúncios do que os veículos tradicionais de mídia, que tinham o domínio do mercado durante as últimas décadas.

As verbas publicitárias federais destinadas ao Facebook no ano passado (R$ 44,6 milhões) são quase as mesmas recebidas pelos 4 principais jornais impressos brasileiros juntos (Globo, Folha, Estadão e Valor): R$ 46,4 milhões.

A rede social de Mark Zuckerberg também faturou 193% a mais em publicidade federal do que o UOL, um dos portais de maior audiência do país. O UOL teve R$ 20,7 milhões desse tipo de verba em 2015.

TWITTER
O Twitter faturou R$ 12,1 milhões em 2015, um salto de 172% em relação ao valor recebido em 2014 (R$ 4,4 milhões).

Muito popular entre jornalistas e algumas celebridades e formadores de opinião, mas nem tanto junto ao público em geral, o Twitter começou a receber verbas de publicidade estatal apenas em 2013, quando foram repassados R$ 105 mil à rede social. Em 2016, a empresa já faturou R$ 1,3 milhão.

GOOGLE
O Google e o YouTube (empresas do mesmo grupo) não são tão atraentes como o Facebook aos olhos do governo federal.

A receita das empresas com publicidade da União encolheu 80,3% de 2013 a 2015, passando de R$ 3,4 milhões para R$ 686 mil. Neste ano, Google e YouTube ainda não tinham recebido verbas de publicidade estatal até abril.

Leia mais sobre publicidade estatal federal em 2015:

Dilma cortou R$ 591,5 milhões do gasto com propaganda federal em 2015

Governo cortou R$ 206 milhões em publicidade da TV Globo em 2015

Estatais reduzem gasto com propaganda em R$ 368 milhões em 2015

Em 2015, ano de cortes, publicidade para mídia alternativa cresceu 40%

Em meio a cortes, agência Master amplia em 50% conta de publicidade federal

A íntegra dos dados: de 2000 a abril de 2016

Leia as reportagens publicadas sobre publicidade estatal federal em 2014:

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Em meio a cortes, agência Master amplia em 50% conta de publicidade federal
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Fernando Rodrigues

Em 2015, empresa administrou verba de R$ 245 milhões –50% a mais que 2014

Das 20 principais agências, apenas 5 tiveram contas maiores no ano passado

Citadas na Lava Jato perderam total de R$ 200 milhões no mesmo período

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Antonio Freitas, presidente e fundador da Master

A agência de publicidade Master ampliou em 50,1% a sua conta com as estatais durante o ano de 2015. No mesmo período, as 20 agências que mais receberam verbas da União para propaganda federal durante os anos Dilma perderam, somadas, o controle de R$ 638,3 milhões.

As empresas, que tiveram contas de R$ 2,3 bilhões em 2014, administraram R$ 1,6 bilhão em 2015 –uma queda de 27,4%. Das 20 agências,  apenas 5 aumentaram suas parcelas no bolo publicitário estatal em 2015: Nova S/B, Master, Leo Burnett Brasil, Calia/Y2 e Agência 3.

A maior variação positiva foi da Master. A agência ampliou sua verba de contas publicitárias de R$ 163,2 milhões em 2014 para R$ 245 milhões em 2015. Uma das principais razões é que a empresa passou a atender também o BNDES. Até 2014, a Master ficava por conta da criação e produção de propagandas somente para o Banco do Brasil, Correios e Petrobras.

A divulgação dessas cifras é inédita. Os dados foram obtidos pelo Blog por meio de requerimento com base na Lei de Acesso à Informação.

Os valores não se referem ao dinheiro pago às agências, mas aos recursos destinados aos veículos de comunicação para divulgação das propagandas. Não há como saber exatamente o faturamento das empresas por conta da criação e produção das propagandas. Esse dado não é divulgado pelo governo de maneira transparente e detalhada, sobretudo no que se refere a empresas estatais.

No mercado publicitário, entretanto, estima-se que em contas estatais as agências faturem de 20% a 30% do total que gastam na veiculação dos comerciais. A média da margem de lucro seria de 25%.

Em valores absolutos, a Artplan foi a que mais perdeu. Controlou R$ 317,5 milhões em 2014. Em 2015, administrou R$ 199,5 milhões –uma redução de R$ 118 milhões em 1 ano.

Na comparação percentual, quem mais perdeu foi a Link. A verba sob comando dessa agência para propagandas estatais caiu de R$ 95,7 milhões em 2014 para R$ 6,8 milhões no ano passado, uma redução de 92,8%.

LAVA JATO E ACRÔNIMO
As 3 agências citadas de maneira direta ou indireta nas operações Lava Jato e Acrônimo –FCB Brasil, Mullen Lowe Brasil (ex-Borghi Lowe) e Propeg– também perderam participação na publicidade estatal.

O maior corte ocorreu com a Mullen Lowe Brasil. A agência, que teve R$ 205,4 milhões em 2014, controlou R$ 88,9 milhões em 2015 –R$ 116,4 milhões a menos no período. Apesar de ainda ter contrato com a Petrobras e com o Ministério da Saúde, a empresa ainda não fez propaganda para o governo federal neste ano.

A FCB Brasil ficou responsável por uma conta de R$ 63,2 milhões em 2015 –R$ 48,6 milhões a menos que no ano anterior. A agência não tem contrato com o governo federal em 2016.

A Propeg controlou R$ 153,2 milhões em 2015 –R$ 54,8 milhões a menos que em 2014. A agência é a única das 3 que fez propaganda para o governo neste ano. Até abr.2016, teve o controle sob verbas federais publicitárias de R$ 50,7 milhões.

Somadas, as 3 empresas receberam da União R$ 220 milhões a menos em propaganda federal em 2015 na comparação com 2014.

A FCB Brasil é citada na Lava Jato por ter sido acusada de pagar R$ 311 mil a uma empresa fantasma do ex-deputado federal André Vargas (PR) em 26 de fevereiro de 2014. Esse pagamento teria ocorrido 3 semanas depois de a agência ganhar um contrato de R$ 110 milhões da Petrobras. A agência nega ter cometido irregularidades.

Já o ex-diretor geral da Mullen Lowe em Brasília, Ricardo Hoffmann, é acusado de destinar 10% do valor dos contratos de publicidade com a Caixa para empresas de fachada de Vargas e de seu irmão, Leon, segundo a Polícia Federal. A Mullen Lowe nega ter cometido irregularidades.

André Vargas tinha mandato de deputado federal pelo PT do Paraná até ser cassado em 10.dez.2014. Em 10 de abril de 2015, ele foi preso sob acusação de envolvimento em casos de corrupção apurados pela Operação Lava Jato.

Ricardo Hoffmann estaria por trás dos 2 esquemas e foi detido em 10 de abril deste ano durante a 11ª fase da Operação Lava Jato. Hoffmann decidiu fazer delação premiada para reduzir sua eventual pena. Ele havia sido demitido da Borghi Lowe (agora Mullen Lowe) no final de 2014, após uma investigação interna da empresa

A agência baiana Propeg foi apontada, em maio deste ano, pelo empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto (delator da Acrônimo) como beneficiada em licitação para a publicidade do Ministério das Cidades. A Propeg nega as acusações.

Abaixo, a tabela das 20 agências que mais receberam verbas da União no governo Dilma até abr.2016 (clique na imagem para ampliar):

agencias (2)metodologia-agencias (2)

Leia mais sobre publicidade estatal federal em 2015:

Dilma cortou R$ 591,5 milhões do gasto com propaganda federal em 2015

Governo cortou R$ 206 milhões em publicidade da TV Globo em 2015

Facebook fatura R$ 44,6 milhões com publicidade do governo federal em 2015

Estatais reduzem gasto com propaganda em R$ 368 milhões em 2015

Em 2015, ano de cortes, publicidade para mídia alternativa cresceu 40%

A íntegra dos dados: de 2000 a abril de 2016

Leia as reportagens publicadas sobre publicidade estatal federal em 2014:

Todas as reportagens do Blog com dados de 2014

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Estatais reduzem gasto com propaganda em R$ 368 milhões em 2015
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Fernando Rodrigues

Gasto das empresas públicas é o menor desde 2008

É o primeiro ano de corte das estatais desde 2011

BNDES e Liquigás são as únicas a aumentar propaganda

Agência da Caixa Econômica

Caixa Econômica gastou R$ 463 milhões com propaganda em 2015

As empresas da administração federal indireta reduziram as verbas destinadas à propaganda em R$ 368 milhões no ano passado. O total gasto foi de R$ 1,38 bilhão, correspondente a 74% de todos os recursos investidos pelo governo federal.

Apesar de ainda expressivo, o valor foi o menor desde 2008, quando foram consumidos R$ 1,15 bilhão. Foi o primeiro ano de queda desde que Dilma Rousseff assumiu o Planalto, em 2011.

Quando se comparam os gastos publicitários das estatais com os da administração direta (Planalto e ministérios), a redução foi um pouco mais suave. O corte das estatais correspondeu a 21% do valor que investiram em 2014. No caso da administração direta, a queda foi de 30%, de R$ 622 milhões em 2014 para R$ 432 milhões em 2015.

Mesmo com esse resultado, a média do gasto anual das estatais no governo Dilma foi a maior entre os presidentes –25% a mais que Lula e 58% a mais que os 3 últimos anos do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Os dados só começaram a ser medidos de maneira confiável em 2000. As informações referentes a 2015 são inéditas e foram obtidas pelo Blog por meio de pedido via Lei de Acesso à Informação. As apurações são dos repórteres Douglas Pereira e Mateus Netzel.

Todos os números são oficiais e corrigidos pela inflação até 2014. Os valores de 2015 e 2016 são correntes. Para a atualização monetária foi utilizado o IGP-M, da FGV, indicador usado pelo governo e o mais comum no mercado publicitário.

estatais-governos

Os maiores gastos continuam sendo de Caixa Econômica (R$ 463 milhões), Banco do Brasil (R$ 315 milhões) e Petrobras (R$ 220 milhões). As 3 empresas sofreram cortes em 2015 que, somados, foram de R$ 346 milhões.

As únicas estatais a aumentarem seus gastos foram a Liquigás, subsidiária de distribuição de gás da Petrobras, e o BNDES. O banco (na realidade, uma agência de fomento federal) gastou R$ 59,8 milhões em 2015, R$ 11 milhões (24%) a mais do que no ano anterior. A Liquigás expandiu de R$ 5,1 milhões para R$ 5,8 milhões (+15%) o valor investido em propaganda.

estatais-1 (1)estatais-2 (1)metodologia (3)

Leia mais sobre publicidade estatal federal em 2015:

Dilma cortou R$ 591,5 milhões do gasto com propaganda federal em 2015

Governo cortou R$ 206 milhões em publicidade da TV Globo em 2015

Facebook fatura R$ 44,6 milhões com publicidade do governo federal em 2015

Em 2015, ano de cortes, publicidade para mídia alternativa cresceu 40%

Em meio a cortes, agência Master amplia em 50% conta de publicidade federal

A íntegra dos dados: de 2000 a abril de 2016

Leia as reportagens publicadas sobre publicidade estatal federal em 2014:

Todas as reportagens do Blog com dados de 2014

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Acesse a íntegra dos arquivos sobre publicidade da União de 2000 a 2016
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Fernando Rodrigues

Arquivos foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação

A seguir, os links com todos os dados fornecidos pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República a respeito de publicidade da União no período de janeiro de 2000 a abril de 2016.

Os números são oficiais e tabulados pelo IAP (Instituto para Acompanhamento da Publicidade), entidade criada em 1997 com finalidade específica de fornecer informações para a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República). O levantamento do IAP é feito com base nos PIs (pedidos de inserção de anúncios) enviados por todos os órgãos e empresas públicas federais aos veículos de comunicação quando é dada a ordem para publicicação de uma propaganda. Esses dados são públicos. Foram fornecidos mediante um pedido formal do UOL/Blog do Fernando Rodrigues com base na Lei de Acesso à Informação.

Valores totais de publicidade
(administrações direta e indireta; inclui estatais)

2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016 (até abril)

Leia mais sobre publicidade estatal federal em 2015:

Dilma cortou R$ 591,5 milhões do gasto com propaganda federal em 2015

Governo cortou R$ 206 milhões em publicidade da TV Globo em 2015

Facebook fatura R$ 44,6 milhões com publicidade do governo federal em 2015

Estatais reduzem gasto com propaganda em R$ 368 milhões em 2015

Em 2015, ano de cortes, publicidade para mídia alternativa cresceu 40%

Em meio a cortes, agência Master amplia em 50% conta de publicidade federal

Leia as reportagens publicadas sobre publicidade estatal federal em 2014:

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14 empresários de mídia e jornalistas são citados nos Panama Papers
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Fernando Rodrigues

Nomes ligados à Globo, SBT, Estadão e Abril estão nos papéis

Offshores são legais quando declaradas à Receita Federal

Citados negam irregularidades ou preferem não comentar

PanamaPapers-Front

Pelo menos 14 empresários e diretores de empresas de mídia, seus parentes ou jornalistas têm relação com offshores criadas pela firma panamenha de advocacia Mossack Fonseca.

Todos foram procurados e negam irregularidades ou afirmaram estar em processo de regularização das offshores.

Estão citados uma neta de Roberto Marinho (fundador da Globo) e diretores e ex-diretores do Grupo Globo. Aparecem também a dona da TV Verdes Mares, Yolanda Vidal Queiroz; o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, dono da Rede Massa de Televisão; um sócio do grupo Bloch, antigo dono da TV Manchete, Pedro Jack Kapeller; o ex-senador João Tenório, dono da TV Pajuçara, em Alagoas; e o sócio das TVs Studio Vale do Paraíba e Jaú, Antonio Droghetti Neto.

Do Grupo Estado, que publica o jornal “O Estado de S.Paulo”, Ruy Mesquita Filho e o presidente do Conselho de Administração do Grupo Estado, Walter Fontana Filho, tiveram seus nomes ligados a offshores.

Também consta nos papéis da Mossack Fonseca o jornalista que trabalha em revistas da Editora Abril José Roberto Guzzo.

A lei brasileira permite a qualquer cidadão ter uma empresa num paraíso fiscal. É necessário, entretanto, que a operação esteja registrada no Imposto de Renda do proprietário. Quando há envio de recursos para o exterior, é também obrigatório informar ao Banco Central sobre a operação em casos que superem o equivalente a US$ 100 mil.

A série Panama Papers, que começou a ser publicada em 3.abr.2016, é uma iniciativa do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), organização sem fins lucrativos e com sede em Washington, nos EUA. Os dados foram obtidos pelo jornal Süddeutsche Zeitung e compartilhados com o ICIJ. O material está em investigação há cerca de 1 ano. Participam desse trabalho com exclusividade no Brasil o UOL, o jornal “O Estado de S.Paulo” e a RedeTV!.

A produção deste texto exigiu uma extensa checagem manual, na qual foram consideradas 617 empresas e pessoas. Foram verificados nessa varredura os 346 jornalistas listados como finalistas do prêmio “Os + admirados jornalistas brasileiros 2015” na categoria “nacional”, os acionistas dos 50 maiores jornais de 2014 listados no site ANJ e os diretores e acionistas das principais emissoras de TV e rádio.

O processo de checagem levou em conta o interesse público e a relevância jornalística. Foi semelhante ao usado no caso conhecido como SwissLeaks, que analisou mais de 8.000 contas secretas numa agência do HSBC em Genebra. A reportagem sobre mídia no SwissLeaks está aqui.

A seguir, as citações relacionadas à mídia encontradas nos Panama Papers.

ANTONIO LUIZ DROGHETTI NETO
O empresário Antonio Luiz Droghetti Neto é acionista e membro do conselho de diversas empresas, incluindo as TVs Studios Vale do Paraíba e TV Studios de Jaú, ambas pertencentes ao Grupo Silvio Santos. Ele também exerceu cargo de diretor de planejamento e novos negócios no grupo que controla o SBT.

Ele aparece como procurador da Gertie Services Corp., poder concedido a ele em 2007. A offshore é mais antiga e foi registrada pelo escritório brasileiro da Mossack em nome de outros procuradores antes de Droghetti.

Em 2006, há inclusive registro de que a Gertie foi transferida da Mossack Fonseca para o Morgan & Morgan, outro escritório especializado em gerenciar empresas em paraísos fiscais.

droguetti-editCARLOS SCHRODER
O diretor-geral da Rede Globo, Carlos Schroder, é o único acionista da Denmark Holdings Incorporations. A empresa foi criada em 2010 nas Ilhas Virgens Britânicas.

No registro da criação, Schroder informou como seu endereço a rua Lopes Quintas, 303, no bairro do Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro. O edifício é justamente o da sede da Rede Globo.

Logo após sua criação, a diretoria foi assumida pelo próprio Schroder e também por Renata Cordeiro Silva Salgado, sua ex-mulher. Renata é psicóloga no Rio de Janeiro e os 2 foram casados até o ano passado.

Na época da criação da Denmark Holdings, Schroder era diretor de Jornalismo e Esportes da emissora. Em 2012, foi promovido à direção geral, cadeira que ocupa atualmente.

A offshore de Carlos Schroder está legalmente declarada. O diretor da Globo apresentou à reportagem as declarações da Denmark Holdings feitas à Receita e ao Banco Central.

schroder-editHELENA E LUIZ EDUARDO VELHO DA SILVA VASCONCELOS
Helena e Luiz Eduardo Velho da Silva Vasconcelos tiveram ligações com a Rádio Globo S.A., empresa do Grupo Globo. Helena foi acionista minoritária da empresa de 1986 a 2004. Luiz Eduardo ocupou a função de diretor estatutário de 1998 a 2005.

Os 2 assumiram, junto com mais 3 pessoas da família, a diretoria da Veurne Capital Inc., em jun.2002. A offshore é sediada nas Ilhas Virgens Britânicas e foi negociada por intermédio do escritório uruguaio Posadas, Posadas & Vecino, que detinha a posse da empresa.

Em fev.2006, quase a totalidade das ações da Veurne foram liquidadas e os valores transferidos para outras duas offshores: a Tripoli Holding Venture Limited e a Lucky Seven Venture Inc., que passaram a figurar como diretoras. Em 14.jun.2006, a Veurne foi extinta.

Os empreendimentos foram declarados à Receita Federal.

JOÃO TENÓRIO
O usineiro João Evangelista da Costa Tenório foi senador pelo PSDB de Alagoas de 2003 a 2010. Ele é proprietário da TV Pajuçara, emissora sediada em Maceió e afiliada à Rede Record.

Tenório e seu filho, João Tenório Filho, aparecem nos arquivos como acionistas e beneficiários finais de duas offshores: a West Eight Corp., aberta na Flórida (EUA), e sua controladora, a Brickland Overseas Ltd., aberta nas Ilhas Virgens Britânicas. As duas empresas são controladas por diretores indicados pela Mossack Fonseca.

JOSÉ ROBERTO GUZZO
O jornalista José Roberto Guzzo é colunista da revista Veja e integra o Conselho Editorial do Grupo Abril, responsável pelas publicações.

Nos Panama Papers, ele aparece como beneficiário final da panamenha Henshall Group S.A., ao lado de Roberto Andreoni Guzzo. Os registros datam todos de 2015.

guzzo-editMARLUCE DIAS DA SILVA
Marluce Maria Dias da Silva assumiu a direção-geral da TV Globo em janeiro de 1999 e ocupou o cargo até setembro de 2002. Em 1998, ela comprou a Hopton International Corp. por intermédio do escritório de advocacia Posadas Posadas & Vecino, que fica no Uruguai. Poucos meses depois, em novembro, o escritório solicitou que Marluce fosse nomeada presidente da offshore.

Sediada nas Bahamas, a Hopton foi mantida por Marluce até ser encerrada em dez.2000.

PAULA MARINHO
Uma das netas de Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo, Paula Marinho recebeu e pagou faturas relativas a 3 offshores mantidas em paraísos fiscais pela Mossack Fonseca.

As offshores foram criadas em 2005 e reativadas por Alexandre Chiappetta de Azevedo em 2009. Na época, Alexandre de Azevedo era casado com Paula. Os 2 se separaram em out.2015.

Nem Paula Marinho nem Alexandre Azevedo aparecem nos documentos como acionistas ou representantes de offshores.

paula-marinho-editEm 27.ago.2009, Alexandre enviou e-mail à Mossack Fonseca solicitando o pagamento de débitos e a reativação de 3 offshores: a Vaincre LLC no Estado norte-americano de Nevada; a A Plus Holdings no Panamá; e a Soc. Juste International nas Ilhas Seychelles. Todas aparecem em documentos apreendidos durante a 22ª fase da Operação, em 27.jan.2016 e já tornados públicos.

As mensagens seguintes são trocadas por uma funcionária da Glem Participações, empresa de Alexandre Azevedo, e representantes da Mossack Fonseca. O nome e o endereço de Paula Marinho são designados para receber as faturas dos débitos. Em nov.2009, os comprovantes dos pagamentos em nome de Paula são enviados à firma panamenha.

Dos 4 funcionários da Mossack envolvidos na conversa, Renata Pereira e Ricardo Honório foram presos pela Lava Jato no dia 27.jan.2016. Mercedes Riaño está foragida e o outro não é citado nas investigações.

As 3 offshores foram criadas pela Mossack Fonseca, com acionistas e diretores indicados pela própria empresa. Em 2005, por e-mail, uma funcionária do escritório de advocacia Bechara Jr., que atua como intermediário entre Alexandre Azevedo e a firma panamenha, questiona sobre os trâmites relativos às 3 offshores e à possibilidade de transferir uma 4ª empresa, a Pliwel, do Uruguai para Nevada (EUA).

Segundo a descrição nos documentos, as 3 offshores foram criadas com o objetivo de serem acionistas em empresas brasileiras.

A Vaincre LLC tinha como única acionista a Camille Services S.A., empresa sediada no Panamá que também tem ações em dezenas de outras offshores, inclusive da Murray Holdings. A Murray é dona de um apartamento no Condomínio Solaris, no Guarujá, no mesmo edifício onde o ex-presidente Lula teria um tríplex. O petista nega ser o proprietário [trecho atualizado às 11h36 de 07.mai].

vaincre-editA Juste International foi aberta com ações emitidas ao portador, dispositivo que dispensa o registro do verdadeiro dono. Como diretores foram nomeados duas outras offshores –Shareton Ltd. e Direhold Ltd.– comandadas por pessoas indicadas pela Mossack.

Com o aumento das restrições às ações ao portador, em 2014 ações foram emitidas em nome de Lúcia Cortes Pinto, que também é a representante legal da Vaincre.

No caso da A Plus Holding, as ações também foram emitidas ao portador e os diretores nomeados pela Mossack Fonseca indicaram Jorge Luiz Lamenza como representante legal da empresa. Lamenza ocupou o posto até 2009, quando Alexandre Azevedo requisitou sua substituição por Celso de Campos.

No Brasil, a Vaincre está registrada como sócia de outras duas empresas, a Shiraz Participações e a Agropecuária Veine Patrimonial Ltda., cadastrada no Rio de Janeiro e proprietária de uma casa na Praia Vermelha, próxima a Paraty (RJ). Os outros 2 sócios da Veine são os mesmos Jorge Luiz Lamenza e Celso de Campos, que controlaram a A Plus Holdings.

A mansão da Praia Vermelha é atribuída à família Marinho, tendo sido citada pela 1ª vez em reportagem da Bloomberg de 8.mar.2012. Segundo o texto, a casa foi construída em 2008, de forma irregular, infringindo leis ambientais.

A A Plus Holdings é acionista no Brasil da Central de Campos Participações Ltda., que por sua vez é acionista da Glem Participações e do Consórcio Lagoon, que administra o estádio de remo da Lagoa Rodrigo de Freitas no RJ. Tanto a Glem, quanto a Lagoon pertencem a Alexandre Azevedo.

Procurada pela reportagem, Paula Marinho respondeu por meio de sua assessoria.

“Paula Marinho informa que não tem nem nunca teve participação em nenhuma dessas empresas. O beneficiário era seu ex-marido Alexandre Chiapeta. Seu endereço foi apenas usado para o envio de faturas de manutenção das mesmas. Quanto à casa mencionada, essa informação [veiculada em parte da mídia] não é verdadeira. A propriedade não pertence à família Marinho”.

PEDRO JACK KAPELLER
Outro empresário de mídia encontrado nos documentos da Mossack Fonseca foi Pedro Jack Kapeller. Conhecido como Jaquito, ele é sobrinho de Adolpho Bloch, fundador das já extintas Revista e TV Manchete.

Sócio do grupo Bloch, Jaquito foi responsável pela venda da emissora, em 1999. No mesmo ano, assumiu junto com 4 parentes os cargos de procuradores da Iado Corporation, offshore criada nas Ilhas Virgens Britânicas.

Em 2000, os 5 são nomeados procuradores de outra offshore, a Zicon, fundada no mesmo paraíso fiscal. Atualmente as duas companhias estão inativas.

RATINHO
O empresário e apresentador de televisão Carlos Roberto Massa, conhecido como Ratinho, aparece nos Panama Papers como diretor da offshore Cambara Limited.

A companhia foi criada pela Mossack Fonseca nas Ilhas Virgens Britânicas em novembro de 1999, após solicitação feita pelo Banco HSBC da Suíça. O documento mostra Carlos Massa no cargo de diretor.

As relações dele com o banco já eram conhecidas desde o ano passado, graças às revelações do caso Swissleaks, publicado no Brasil pelo UOL. Ratinho é dono da Rede Massa de Televisão, formada por 5 afiliadas do SBT no Paraná, e de uma rádio FM.

A Cambara Limited ficou inativa em 2001 e 2002 por falta de pagamento à Mossack Fonseca. Reativada mediante pagamento de US$ 1.900, foi novamente desativada em 2004, seu último registro nos documentos.

massa-editROSSANA BERTO
Rossana Fontenele Berto é diretora da Globo Comunicação e Participações S.A., razão social do Grupo Globo. Rossana controla a offshore Howell Finance Ltd. junto com Luiz Rogerio Berto, que é seu marido.

Os 2 aparecem nos documentos da Mossack como procuradores da offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Os diretores da empresa são 2 funcionários indicados pela Mossack, que gerenciam centenas de offshores.

Em jan.2012, Luiz Rogerio Berto pediu a emissão de certificados de ações da Howell em seu nome com data registrada para 31.dez.2009. Até então, as ações eram garantidas “ao portador”, o que esconde o real proprietário da empresa. Na mesma mensagem, pediu para que fossem nomeados procuradores da empresa ele e Rossana Berto. A nomeação foi consumada em 16.fev.2012.

Em 9.set.2015, Luiz Rogerio Berto solicitou o fechamento da offshore e pediu instruções sobre como proceder. As informações foram enviadas pela Mossack em 15.set.2015. Não há documentos ou mensagens posteriores que confirmem o fechamento da empresa. As procurações em nome de Rossana e Luiz Rogerio Berto são válidas até 2018.

A Howell, segundo Rogério, foi criada por ele quando trabalhava no exterior nos anos 1980 e 1990. “Eu sou o beneficiário final e a Rossana está ali apenas para o caso de acontecer algo comigo. Quando eu voltei ao Brasil acabei não declarando a empresa. Agora, estou em processo de fechamento. O último saldo que havia no exterior era de 2014 e vou usar a lei da repatriação para regularizar a situação”, disse Rogério.

RUY MESQUITA FILHO
Ruy Mesquita Filho é bisneto de Julio de Mesquita Filho, que ingressou no Estado de S. Paulo em 1885 e mais tarde tornou-se proprietário do mesmo. Ruy foi diretor do Jornal da Tarde, mas hoje não atua no grupo.

A offshore Chapman Equities S.A. foi fundada em 3.dez.2013, com Ruy Mesquita Filho como procurador. A companhia se destina à administração de bens na Suíça, com ações emitidas ao portador.

Na mesma data de sua criação, a companhia concedeu a Ruy Mesquita Filho o poder para abrir e gerenciar uma conta no Banque Privée Edmond de Rotschild, sediado na Suíça.

WALTER FONTANA FILHO
Além de Ruy Mesquita Filho, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Estado tem uma offshore. Walter Fontana Filho é neto de Attilio Fontana, fundador da Sadia.

Walter Fontana Filho e um primo seu, Romano Ancelmo Fontana, foram integrantes do conselho de administração da Sadia, presidida por Romano até 2004 e Walter até 2008. A atuação Walter no Conselho de Administração do Grupo Estado não implica envolvimento com as atividades jornalísticas de suas publicações.

Nos documentos da Mossack Fonseca, os 2 figuram como diretores e acionistas da Hartley Consulting Corporation, offshore criada em dez.2002 e sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.

mesquita-editYOLANDA QUEIROZ
Yolanda Vidal Queiroz é a controladora do grupo cearense Edson Queiroz, que atua em pelo menos 6 diferentes setores. Entre as empresas do conglomerado está a TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo em Fortaleza.

Yolanda aparece nos documentos da Mossack Fonseca como diretora da Engel Blue Corporation função assumida em 1988. Seu nome permanece associado à companhia. As revelações do SwissLeaks mostram que a offshore foi usada para abrir uma conta no HSBC suíço.

Em mensagem de 2006, assinada pela própria Yolanda, ela afirma que é a única diretora da Engel Blue, bem como sua única acionista. Essa condição dura até 2009, quando Yolanda abandona o posto de diretora. A offshore passa a ser administrada por outra empresa chamada Audina Management.

Nos anos seguintes, outras companhias ligadas à Audina assumem a direção da Engle Blue, como a Beta Worldwide Corp. Não há novas menções a Yolanda, o que deixa dúvidas sobre se ela mantém o controle acionário da firma.

Saiba como foi feita a série Panama Papers

Leia tudo sobre os Panama Papers

O que é e quando é legal possuir uma empresa offshore

Participam da série Panama Papers no Brasil os repórteres Fernando Rodrigues, André Shalders, Mateus Netzel e Douglas Pereira (do UOL), Diego Vega e Mauro Tagliaferri (da RedeTV!) e José Roberto de Toledo, Daniel Bramatti, Rodrigo Burgarelli, Guilherme Jardim Duarte e Isabela Bonfim (de O Estado de S. Paulo).

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Empresários de mídia e jornalistas negam irregularidades ou não comentam
Comentários COMENTE

Fernando Rodrigues

Todos os citados foram procurados pela reportagem

PanamaPapers-FrontA reportagem procurou todas as pessoas mencionadas no texto sobre empresários de mídia e jornalistas que aparecem nos Panama Papers. A seguir, o que cada um disse:

ANTONIO LUIZ DROGHETTI NETO
[acionista e membro do conselho de diversas empresas, incluindo as TVs Studios Vale do Paraíba e TV Studios de Jaú, ambas pertencentes ao Grupo Silvio Santos]

A reportagem entrou em contato nos dias 12, 13 e 18.abr por meio da TV Studios Vale do Paraíba, veículo no qual ele é sócio-administrador. Um dos funcionários da emissora respondeu a reportagem da seguinte forma: “Essa empresa [TV Studios Vale do Paraíba] não é operacional. Ela foi aberta por meio de uma licitação pública. Nunca entrou em atividade. O Droghetti é um dos sócios, mas não está mais aqui na casa. Eu desconheço [alguma forma de entrar em contato]. Temos inclusive uma dificuldade operacional em relação a esta pessoa”.

A offshore controlada por Antonio Luiz Droghetti Neto aparece no site da Receita Federal no quadro societário da Gertie Participações Ltda., companhia brasileira que também é administrada pelo empresário.

drogueti-outrlad

CARLOS SCHRODER
[jornalista, diretor-geral da Rede Globo]

Consultado, o próprio Carlos Schroder apresentou todos os documentos fiscais relativos à offshore Denmark Holdings Incorporations. A empresa está devidamente informada na declaração de Imposto de Renda à Receita Federal, bem como remessas de valores registradas no Banco Central. Não há irregularidades.

HELENA E LUIZ EDUARDO VELHO DA SILVA VASCONCELOS
[ex-acionista e ex-diretor, respectivamente, da Rádio Globo S.A., empresa do Grupo Globo]

Junto com mais 3 pessoas da família, fizeram parte da diretoria da Veurne Capital Inc., em jun.2002, offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. Em fev.2006, quase a totalidade das ações da Veurne foram liquidadas e os valores transferidos para outras duas offshores: a Tripoli Holding Venture Limited e a Lucky Seven Venture Inc..

Helena e Luiz Eduardo informam que os empreendimentos foram declarados à Receita Federal.

JOÃO TENÓRIO
[ex-senador pelo PSDB de Alagoas (2003- 2010), proprietário da TV Pajuçara, emissora sediada em Maceió e afiliada à Rede Record]

Foi procurado por meio do assessor Josafá Soares. Este informou, por telefone, que as offshores estão devidamente declaradas às autoridades fiscais brasileiras, sem dar maiores detalhes. 

JOSÉ ROBERTO DIAS GUZZO
[jornalista, é do Conselho Editorial da Editora Abril e colunista da revista “Veja”]

Enviou mensagem por meio da assessoria do Grupo Abril: “Todas as informações a respeito da minha vida financeira estão registradas na Receita Federal do Brasil, nas declarações anuais de rendimentos e patrimônio”.

MARLUCE DIAS DA SILVA
[diretora-geral da TV Globo de jan.1999 a set.2002]

A reportagem tentou vários contatos, deixou recados por meio de pessoas conhecidas, mas não obteve resposta. Marluce não tem assessoria de imprensa.

PAULA MARINHO
[Uma das netas de Roberto Marinho (1904-2003), fundador do Grupo Globo, e filha de João Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo]

Por meio de sua assessoria, respondeu: “Paula Marinho informa que não tem nem nunca teve participação em nenhuma dessas empresas [Vaincre LLC, Plus Holdings e Soc. Juste International]. O beneficiário era seu ex-marido Alexandre Chiapeta. Seu endereço foi apenas usado para o envio de faturas de manutenção das mesmas. Quanto à casa mencionada [na Praia Vermelha, próxima a Paraty, no Rio de Janeiro], essa informação [veiculada em parte da mídia] não é verdadeira. A propriedade não pertence à família Marinho”.

PEDRO JACK KAPELLER
Foi contatado na sede da empresa Bloch Som e Imagem Ltda, no Rio de Janeiro, da qual é sócio. E-mails foram enviados para a secretária de Pedro, de nome Marta, em 3 ocasiões a partir de 12.abr. Houve também várias tentativas de contato telefônico no período, sem resposta.

RATINHO
[empresário e apresentador de TV, Carlos Roberto Massa é dono da “Rede Massa”, afiliada ao SBT no Paraná]

Aparece nos Panama Papers como diretor da offshore Cambara Limited, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas por sugestão do HSBC. Ratinho também foi mencionado no SwissLeaks  como correntista da agência do banco em Genebra, na Suíça.

A reportagem procurou o empresário e apresentador por meio de sua secretária em São Paulo, Maria Helena, nos dias 5 e 6.mai.2016. Ela informou que havia repassado os questionamentos para a presidência do Grupo Massa. Não houve resposta. Em 2015, ao ser citado no SwissLeaks, Ratinho encaminhou o seguinte comentário: “Todos os bens e valores de Carlos Roberto Massa e Solange Martinez Massa foram devidamente declarados aos órgãos competentes”.

ROSSANA BERTO
[diretora da Globo Comunicação e Participações S.A., razão social do Grupo Globo]

Controla a offshore Howell Finance Ltd. junto com Luiz Rogerio Berto, que é seu marido. Rogério disse que trabalhou no exterior nos anos 1980 e 1990, quando criou a offshore. Ele dá a seguinte explicação: “Eu sou o beneficiário final e a Rossana está ali apenas para o caso de acontecer algo comigo. Quando eu voltei ao Brasil acabei não declarando a empresa. Agora, estou em processo de fechamento. O último saldo que havia no exterior era de 2014 e vou usar a lei da repatriação para regularizar a situação”.

RUY MESQUITA FILHO
[bisneto de Julio de Mesquita Filho. Foi diretor do “Jornal da Tarde”, mas hoje não atua no grupo]

O jornal “O Estado de S. Paulo” encaminhou nota. Eis a íntegra: “O acionista Ruy Mesquita Filho foi apenas procurador, durante um curto espaço de tempo, de uma offshore da qual não é dono, proprietário ou beneficiário de quaisquer valores a qualquer título”.

WALTER FONTANA FILHO
[presidente do Conselho de Administração do Grupo Estado]

O presidente do Conselho de Administração do Grupo Estado enviou a seguinte nota, incluindo também uma informação sobre um primo seu, Romano Ancelmo Fontana, cujo nome também aparece na offshore Hartley Consulting Corporation: “Walter e Romano, pelo que se recordam, foram procuradores de uma empresa, encerrada no ano de 2005, que apoiava ação de internacionalização de empresa que eram executivos à época”.

YOLANDA VIDAL QUEIROZ
[dona da TV Verdes Mares]

Foi contatada por meio de sua secretária no grupo Edson Queiroz, de nome Marilac. O contato inicial foi no dia 13.abr, quando foi encaminhado um e-mail com os questionamentos. A reportagem fez contato telefônico em pelo menos 4 ocasiões. Segundo a secretária, filhas de Yolanda foram informadas, mas não responderam.

Saiba como foi feita a série Panama Papers

Leia tudo sobre os Panama Papers

O que é e quando é legal possuir uma empresa offshore

Participam da série Panama Papers no Brasil os repórteres Fernando Rodrigues, André Shalders, Mateus Netzel e Douglas Pereira (do UOL), Diego Vega e Mauro Tagliaferri (da RedeTV!) e José Roberto de Toledo, Daniel Bramatti, Rodrigo Burgarelli, Guilherme Jardim Duarte e Isabela Bonfim (de O Estado de S. Paulo).

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52 veículos internacionais acompanham a sessão do impeachment na Câmara
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Fernando Rodrigues

Do Japão à Argentina, o que pensam os jornalistas estrangeiros

Maioria é cética quanto aos efeitos do impeachment para o país

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Jornalistas no Salão Verde da Câmara na tarde de domingo (17.abr)

Jornalistas de 52 meios de comunicação ao redor do mundo foram credenciados pela Câmara dos Deputados para acompanhar a votação da admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff. Estes jornalistas vieram de 21 países.

O Blog conversou com 5 jornalistas estrangeiros que vieram a Brasília. A maior parte dos representantes da mídia estrangeira é cética quanto aos resultados do impeachment para o Brasil.

Os depoimentos foram aos repórteres do UOL André Shalders e Gabriel Hirabahasi.

Eis o que diz cada um:

Andrés Flores, da rádio La Tribu (Argentina): “Estamos preocupados com a continuidade democrática no Brasil. Também nos preocupa a integridade de quem toca o projeto, como Eduardo Cunha. Mas o mais preocupante é que a Justiça não tem uma declaração concreta sobre se Dilma cometeu crime de responsabilidade que seria necessário para afastá-la. Na Argentina, a Cancilleria [Relações Exteriores] se posicionou ‘preocupada pela continuidade democrática no Brasil’, mesmo em um governo de Macri, que não é favorável à Dilma. Esperamos que possamos sair democraticamente”.

Anna Edgerton, da agência Bloomberg (EUA): “A incerteza é muito ruim para o país. Precisamos de algum tipo de definição, seja ela qual for. Seja qual for o resultado, ainda vai demorar bastante tempo até que surjam efeitos sobre a situação política e econômica. O Brasil tem um caminho longo pela frente”.

Boris Herrmann, do jornal Süddeutsche Zeitung (Alemanha): “Eu discordo do impeachment por 2 motivos. Primeiro, acho que é um processo excessivamente político e muito pouco jurídico. Dilma está sendo acusada pelas ‘pedaladas fiscais’ mas está sendo julgada pela crise econômica, e pela situação geral do país. As pedaladas parecem ser um pretexto. Em segundo lugar, duvido muito do efeito prático disto tudo. Não é como se o PMDB fosse um partido com ideias inovadoras ou livre de corrupção. Não vejo como se eles representassem um novo começo para o Brasil”.

Morgann Jezequel, jornalista francesa freelancer (França): “Há uma empolgação midiática e política. Algo estilo House of Cards. Acho que a imprensa favorece o impeachment pois há menos pluralidade. Para nós, é difícil entender. Estamos acostumados a ter um jornal contra e um a favor do governo. Eu entendo que a população está cansada por causa da crise econômica, mas Dilma não conseguiu governar pois o Congresso não deixou. É estranho ver alguém como Eduardo Cunha, que está sendo investigado pela Justiça, falar sobre ética. Por isso, é difícil levar o processo a sério. Mesmo se ela não sair, acho que não consegue mais governar. Não fica até 2018. Não digo que está rolando um golpe de Estado, mas estão tentando cassar a Dilma e o povo da França não aceitaria muito isso”.

Tsuyoshi Tamura, do jornal The Assahi Shinbun (Japão): “Apesar do impeachment estar na Constituição, tenho minhas dúvidas sobre se este processo está sendo feito de forma democrática e legal”, disse. “O Brasil tem vários problemas na política, na economia, com o vírus da Zika. Mas não sei se a troca de presidente é a forma mais adequada de lidar com eles. Certamente, é um momento que ficará na história”.

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