Panfleto do PT combate Serra na zona leste
Fernando Rodrigues
Mensagem será “vote Haddad para evitar Serra no 2º turno”
Ação será comandada por “martistas” na reta final
Distribuição coincidirá com comício no qual estarão Lula e Dilma
A campanha de Fernando Haddad (PT) a prefeito de São Paulo deve fazer uma ofensiva na zona leste de São Paulo nestes últimos dias de propaganda eleitoral.
Está encomendada uma inundação de panfletos na região leste paulistana com uma mensagem que instará os eleitores a evitar a ida de José Serra (PSDB) para o 2º turno. Serra e Haddad estão com 22% e 18% no Datafolha, respectivamente, em empate técnico.
A ação deve ser comandada por seguidores de Marta Suplicy, atual ministra da Cultura e ex-prefeita de São Paulo. Os “martistas” darão assim sua contribuição para a campanha de Haddad, pagando uma promessa de Marta ao PT, a Luiz Inácio Lula da Silva e a Dilma Rousseff.
Tudo está preparado para coincidir com um comício em Itaquera, bairro da zona leste, na segunda-feira (01.out.2012), quando Haddad está junto com Lula e Dilma.
A estratégia é melhorar o desempenho de Haddad na ZL –como muitos paulistanos se referem à zona leste. A região nunca foi um local forte para os tucanos. Ocorre que muitos petistas ''infiéis'' da ZL estão ainda preferindo votar em Celso Russomanno, do PRB, que lidera as pesquisas.
Para não melindrar os “mannos”, como são chamados os eleitores de Russomanno, será evitado o ataque muito direto ao nome do PRB. Ele será enfrentado de maneira mais cáustica num eventual segundo turno. Além disso, seria contraproducente atacá-lo diretamente agora, pois o candidato do PRB tem grande popularidade entre os eleitores do PT. Daí a ideia de arrancar votos de Russomanno de maneira indireta –sugerindo aos eleitores que ajudem Haddad/PT/Lula.
Ou seja, o raciocínio dos petistas é simples. Não será com estas palavras, mas será mais ou menos assim: “Você é da Zona Leste? Você gosta do Serra (PSDB) e do prefeito Gilberto Kassab? Claro que não! Se você não quer Serra na Prefeitura de São Paulo, apoiado pelo Kassab, precisa então votar agora em Fernando Haddad, do PT e candidato do Lula e da Marta Suplicy. O seu voto vai levar Haddad ao segundo turno –e deixar Serra de fora”.
Em resumo, trata-se do já conhecido e muito batido argumento do “voto útil”: instar o eleitor a votar não exatamente em quem ele ou ela gostariam no momento (muitos querem Russomanno), mas em uma opção que o eleitor entenda ser a menos danosa no momento –conforme o raciocínio petista, por óbvio.
P.S.1, sobre Haddad: em termos de estratégia, o PT parece estar encontrando o caminho das pedras para tentar empurrar Haddad para o segundo turno. Se vai dar certo é outra história, mas as ações são estruturadas e bem pensadas.
P.S.2, sobre Serra: no caso do candidato do PSDB, as coisas parecem um pouco nebulosas. José Serra se segura no piso do voto tucano. Mas deixa de usar um argumento que parece óbvio e só aparece marginalmente em sua propaganda: “Você, paulistano, vai quer mandar para o 2º turno dois candidatos que são a favor do PT, de Lula, do mensalão e de Maluf? Isso mesmo, Fernando Haddad, do PT, e Celso Russomanno, do PRB, apoiam o governo federal. Se você quer uma opção, vote Serra”. Esse “voto útil” anti-PT entre os paulistanos poderia ser um antídoto contra a rejeição pessoal de Serra, mas curiosamente é um argumento pouco usado pelo tucano.
P.S.3, sobre Russomanno: tudo aquilo que foi dito sobre a candidatura do PRB em São Paulo parece estar se tornando realidade agora. A fragilidade partidária de Celso Russomanno está começando a se evidenciar, pois ele perdeu 5 pontos na sua taxa de intenção de votos no Datafolha. Para Russomanno, a única saída é apostar no discurso do “novo” (que tem colado), passar ao 2º turno com alguma vantagem e torcer para que a campanha (curtíssima) de duas semanas e meia não dê tempo para ninguém desidratá-lo ainda mais. Se a eleição fosse só em novembro, dificilmente Russomanno venceria. Para sorte dele, o 2º turno é dia 28 de outubro –se ele estiver nessa rodada final, tem chance de ganhar se passar como primeiro colocado em grande vantagem sobre o adversário direto. Uma diferença de menos de 5 pontos percentuais pode ser fatal no dia 7 de outubro para o nome do PRB.