Marina apoia movimento dos índios na Câmara
Fernando Rodrigues
A ex-ministra Marina Silva, que tenta formalizar um novo partido (a ''Rede'') para disputar a Presidência da República em 2014, apoiou o movimento indígena na Câmara dos Deputados na tarde de hoje. Eles invadiram o plenário da Casa por cerca de 1 hora, das 18h às 19h.
O repórter do Blog, Fábio Brandt, gravou depoimento de Marina. Ela disse que a causa dos índios deve ser geral e não apenas de seu partido, a Rede. Sobre a invasão ela disse que, se não estiver enganada, essa não foi a primeira vez que manifestantes entraram no plenário.
Os índios invadiram à força o plenário da Câmara por volta das 18h. Forçaram a porta de entrada e confrontaram os seguranças da Casa. Eles permaneceram no local até cerca de 19h.
O protesto é contra a PEC 215, que transfere a competência de demarcar terras indígenas do Executivo para o Legislativo. Ou seja: a princípio, a mudança transfere a prerrogativa da Funai para o Congresso.
Entre os problemas apontados pelo movimento indígena está a força da bancada ruralista e de fazendeiros dentro da Câmara e do Senado. Os grupos são historicamente contra as demarcações e são tidos como inimigos dos índios. Já a Funai é a responsável pelos avanços das demarcações nos últimos anos
Por volta de 18h50, o presidente da Câmara pediu aos índios que saíssem do plenário e negociassem a questão com ele, na Presidência da Casa.
Pela manhã, Alves já havia se reunido com os manifestantes sem chegar a um entendimento. Assessores da Câmara disseram que a invasão do plenário era tida como certa desde a manhã. ''Eles estão armados (com lanças de madeira e bastões, por exemplo) e muito exaltados'', disse uma funcionária que acompanhou as reuniões com os índios desde a manhã.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), contrário à aprovação da PEC disse que é preciso explicar aos índios que o texto não vai parar de tramitar de uma hora para outra, por decisão do presidente Henrique Alves. Mas elogiou o protesto: ''a sessão parou e o grito desse povo tão oprimido está sendo ouvido''.
Outros deputados, como André Figueiredo (PDT-CE), disseram que é preocupante um grupo invadir o plenário porque sua demanda é contrariada. ''Cria precedente perigoso'', afirmou.