‘É petulância achar que eleitor não saberá opinar sobre reforma política’, diz Manuela D’Ávila
Fernando Rodrigues
A deputada federal Manuela D'Ávila (PC do B-RS), 31 anos, líder do partido na Câmara, considera uma ''petulância'' um dos principais argumentos contrários ao plebiscito sobre reforma política: o de que os eleitores não saberiam opinar a respeito de temas complexos.
''Alguns têm a coragem de dizer publicamente. Achei que só teriam coragem de dizer nos corredores em baixo tom de voz: que o povo não tem condições de se manifestar sobre temas complexos como a política. Eu fico surpreendida com a petulância de algumas pessoas'', declarou a deputada em entrevista ao Poder e Política, programa da Folha e do UOL.
Entre os líderes governistas e oposicionistas, Manuela é uma das poucas vozes a favor de realizar já neste ano o plebiscito apresentado pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso. Ela recomenda, entretanto, ''tempo de propaganda política'' para esclarecer os eleitores.
A líder do PC do B também cobra um pouco de atitude dos manifestantes das ruas:
''A participação dos cidadãos –eu tentei falar isso para aqueles que conversavam comigo– é muito baixa. As pessoas perguntavam: 'O Congresso agora está votando mais sintonizado com a população?'. Pois então, reflitam sobre o papel que vocês têm em acompanhar o parlamentar de vocês. Quando a gente aponta um dedo para o outro, os outros ficam [apontados] para nós. O dedo dos manifestantes foi apontado para uma parte da política. Os outros também podem ser apontados para eles [manifestantes] para que eles reflitam o papel que eles têm enquanto cidadãos''.
A gravação foi realizada em 3 de julho no estúdio do Grupo Folha em Brasília.