Brasileiros preparam site com dados de propinas em todo o país
Fernando Rodrigues
Será lançado no Brasil em agosto um site colaborativo no qual qualquer pessoa poderá alimentar um banco de dados sobre propinas pagas no país.
A iniciativa é do jornalista Mauricio Svartman, 31 anos, e da produtora cultural Paula Chang, 28 anos. Eles foram buscar inspiração na Índia, onde o “I Paid a Bribe” (Eu Paguei Propina, em português), desenvolvido por uma ONG local, já recolheu mais de 21 mil casos de propina desde 2010.
O objetivo é mapear a cultura da corrupção no Brasil, orientar políticas governamentais a respeito e constranger gestores públicos a zelarem por seus respectivos órgãos.
Svartman e Chang chegaram a discutir o desenvolvimento de um site próprio, com apoio do grupo Transparência Hacker. Mas entraram em contato com os indianos do ''I Paid a Bribe'' e receberam o sistema de programação pronto, de graça, para abrir uma versão brasileira do site. Eis uma imagem do site da Índia:
O mecanismo é simples. O cidadão que se sentiu constrangido a pagar “um café” para, por exemplo, ser atendido em um hospital público ou liberar um alvará, entra no site e informa a data, local, órgão público, circunstâncias e valor.
A versão indiana se consolidou como uma referência mundial em coleta de dados sobre corrupção. O site gera gráficos dinâmicos sobre o valor das propinas, regiões mais corruptas e tendências em cada cidade ou órgão público.
“É difícil tirar alvará em muitas cidades sem dar dinheiro pro departamento de urbanismo. Já ouvi muito sobre portos no Brasil não liberarem mercadorias sem pagar. E há empresas que ganham licitação mas, na hora H, alguém do governo diz que precisa pagar mais tanto. O site será bom para ter um panorama imediato disso”, afirma Svartman.
O endereço será www.eupagueipropina.com, com hospedagem custeada pelos dois brasileiros. O plano surgiu em abril, antes da recente onda de protestos, e não é vinculado a partidos políticos, diz Svartman.
(Bruno Lupion)