Em resumo: Joaquim Levy e equipe cometeram barbeiragem de R$ 58 bilhões
Fernando Rodrigues
Para além da “novilíngua” usada na entrevista coletiva de hoje (22.jul.2015), comandada pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda), o que o governo da presidente Dilma Rousseff admitiu hoje foi o seguinte:
Entre “receitas a menos” e “despesas a mais”, o rombo nas previsões das contas públicas neste ano de 2015 foi de R$ 58 bilhões. É isso que mostra uma das transparências da apresentação de hoje no final do dia:
Há duas hipóteses para erro tão grande –não excludentes entre si, necessariamente.
A primeira é que a equipe econômica é composta por um grupo de néscios. Habitariam os ministérios apenas pessoas incapazes de enxergar o que primeiro-anistas de cursos de economia já viam em dezembro de 2014: o tamanho do problema das contas públicas.
A segunda hipótese é que por escolha própria, a equipe econômica resolveu mentir. Vendeu aos brasileiros uma realidade edulcorada na esperança de que a profecia poderia se autocumprir de tanto que era repetida.
Neste momento, entretanto, é ocioso discutir a razão pela qual o ministro Joaquim Levy prometeu uma meta de superávit de 1,1% do PIB para 2015 e agora reduziu esse percentual para 0,15% (uma redução brutal de 86%).
Se Levy e seus assessores sabiam tudo isso há muito tempo é o menos relevante agora.
O problema maior para os próximos meses é encontrar um argumento racional para confiar nas seguintes previsões que foram feitas na entrevista coletiva do ministro:
a) um corte adicional de R$ 8,6 bilhões no Orçamento de 2015;
b) metas de superávit fiscal em 2016 para 0,7% do PIB. Para 2017, de 1,3%. E de 2% em 2018;
c) crescimento do PIB de 0,5% em 2016. Para 2018, alta de 1,8%. E de 2,1% em 2018.
A credibilidade do governo é criada com base na solidez das previsões e no cumprimento do que se fala.
Há um grande mau humor instalado no Congresso e nos agentes econômicos (sobretudo no empresariado paulista) em relação à condução da economia pelo ministro Joaquim Levy.
O que vai acontecer daqui para frente fica cada vez mais incerto. Até porque, ao contrário da declaração de Levy dizendo que o Congresso está engajado para fazer as reformas, quem frequenta o Poder Legislativo sabe que o clima ali é exatamente o oposto.