Delcídio nega ameaças e pede “imparcialidade” em carta a senadores
Fernando Rodrigues
Mensagem foi assinada e enviada aos 80 colegas do petista
Cartas lacradas chegaram na tarde desta 6ª feira (26.fev)
Delcídio terá a cassação do mandato julgada pelos colegas
Delcídio do Amaral (PT-MS) enviou carta aos seus 80 colegas senadores nesta 6ª feira (26.fev) negando ter feito ameaças contra eles e pedindo a “imparcialidade” dos demais na decisão sobre a cassação do seu mandato.
O Blog teve acesso à correspondência, que foi entregue lacrada nos gabinetes dos senadores. O documento é assinado individualmente por Delcídio e tem a data de ontem (25.fev).
“Alguns órgãos da mídia nacional publicaram, nessa semana, inverdades imputando-me a propagação de ameaças e constrangimentos aos meus pares do Senado, com o objetivo de evitar uma eventual cassação do meu mandato parlamentar”, diz o trecho inicial.
Colaborou o repórter do UOL André Shalders.
“Ante a sincera deferência que tenho por V.Exª, sinto-me obrigado a esclarecer os fatos e restaurar a verdade: – Tais notícias são falsas e delirantes!”, continua o texto.
No fim da carta, Delcídio reafirma sua lealdade ao Senado e diz continuar “confiante nas decisões do Poder Judiciário'' ter certeza da ''imparcialidade'' de cada um dos 80 destinatários da mensagem.
COLEGAS JULGARÃO CASSAÇÃO DE DELCÍDIO
Caberá aos senadores julgar o pedido de cassação do mandato de Delcídio do Amaral, apresentado pelo PPS e pela Rede Sustentabilidade em 01.dez.2015. Antes de ir a plenário, a representação precisa ser aprovada pelo Conselho de Ética do Senado.
Pesa contra Delcídio a acusação de ter tentado ajudar a preparar uma rota de fuga para Nestor Cerveró, um dos acusados de crime pela Operação Lava Jato. O senador nega ter de fato planejado tal estratégia. Diz que quando foi gravado –por um filho de Cerveró– falando sobre o assunto estava apenas contando vantagens de maneira indevida.
Descoberto o plano, Delcídio passou 87 dias preso. Está há pouco mais de uma semana livre, mas com algumas restrições –tem horários específicos para trabalhar e para ficar em casa.
O processo no Conselho de Ética foi interrompido nesta semana por um pedido de afastamento do relator Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), apresentado pela defesa de Delcídio.
A ideia de Delcídio agora é passar um período em São Paulo, pois recebeu autorização para fazer exames médicos de rotina num hospital paulistano.
SAÍDA DA CAE
Na 2ª feira (29.fev.2016), uma nova carta do senador por Mato Grosso do Sul deverá chegar aos seus colegas na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ainda formalmente presidida por ele.
Delcídio pretende abrir mão da presidência da CAE e se dedicar apenas à sua defesa na Justiça e perante o Conselho de Ética do Senado.