Eduardo Cunha usava o codinome “Carlos Trivoli” na Suíça, diz MPF
Fernando Rodrigues
Para MP, Cunha usou e-mail para movimentar conta na Suíça
Datas em e-mail batem com remessas de propina, diz Lava Jato
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) operava uma conta no banco suíço Julius Baer sob o codinome de ''Carlos Trivoli''. A conta teria sido usada para receber propina de contratos da Petrobras, segundo procuradores da Lava Jato no Paraná.
O texto é do Poder360 e as informações são do repórter André Shalders.
O endereço de e-mail ctrivoli0987@hotmail.com foi encontrada pelos investigadores da Lava Jato a partir da quebra do sigilo das contas de correio eletrônico de Cláudia Cruz (mulher de Eduardo Cunha) e de Danielle Dytz (filha do ex-deputado).
Segundo os investigadores, em maio de 2015 o e-mail crtivoli0987@hotmail.com recebeu de uma funcionária do banco suíço Julius Baer um resumo dos pagamentos recebidos por meio da conta da empresa offshore Orion SP, atribuída a Eduardo Cunha.
Leia aqui os relatórios do MPF:
parte 1
parte 2
parte 3
As datas dos depósitos, diz o MPF, coincidem com pagamentos de propina que Cunha teria recebido do lobista João Henriques. O dinheiro seria uma compensação pela ajuda de Cunha na compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo na costa de Benin, na África.
O ex-deputado sempre negou irregularidades relacionadas às offshores que possui no exterior. Eduardo Cunha também negou em várias reportagens anteriores ter recebido propina.
A quebra do sigilo do IP mostrou ainda, segundo o MPF, que o e-mail em nome de “Carlos Trivoli” foi criado por um ex-assessor de Cunha na Câmara dos Deputados.
“Em resposta ao correio eletrônico acima identificado, o usuário do e-mail, dissimuladamente identificado como “CARLOS TRIVOLI”, pergunta ‘Isso é tudo que recebi? Consegue me passar todos sem exceção das 2.?’, ao que é respondido por ELISA MAILHOS [funcionária do Julius Bäer]: ‘Sim, isso foi as únicas entradas e foram na Or [a offshore Orion SP]”, relata o MPF.
“Com efeito, as operações descritas no e-mail coincidem os repasses das propinas operacionalizadas por JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES no caso da compra, pela PETROBRAS, do campo de petróleo na República do Benin”, continua o Ministério Público.