Brasília 52, parte 1: justificativas para construção da capital
Fernando Rodrigues
Brasília foi inaugurada em 21.abr.1960, Dia de Tiradentes, pelo então presidente da República Juscelino Kubitschek (1902-1976), o JK. Ele mesmo determinou a construção da nova capital ao sancionar a lei nº 2.874 em 19.set.1956.
Não era nova nem original a ideia de transferir a sede do governo do Rio Janeiro para o Centro-Oeste. A proposta havia sido feita em outras ocasiões e épocas. Por exemplo, em 1922, ano do centenário da Independência, pelos deputados federais Americano do Brasil e Rodrigues Machado. O projeto do deputado foi digitalizado e está disponível no site da Câmara dos Deputados.
A construção da nova capital teve a participação de profissionais renomados, como o urbanista Lúcio Costa (1902-1998), o paisagista Burle Marx (1909-1994) e o arquiteto Oscar Niemeyer. Não existe cálculo preciso e disponível sobre o custo total de Brasília. A cidade usou o trabalho braçal de milhares de imigrantes anônimos, depois chamados de candangos –expressão hoje considerada por alguns como politicamente incorreta.
Foram várias as justificativas para a construção de Brasília. O Blog cita as 3 principais:
1) Segurança nacional – colocar a capital no centro do país dificultaria eventuais ataques e tentativas de invasão estrangeiras pelo litoral.
Comentário do Blog: esse argumento já era bizarro naquela época. O Brasil, como hoje, estava distante de conflitos armados. E a construção de Brasília começou em 1956, quando a 2ª Guerra Mundial (1945-1949) já havia mostrado a eficiência de ataques aéreos.
2) Políticos mais preparados – o Congresso Nacional ficaria longe dos problemas paroquiais do Rio de Janeiro, o que permitiria aos deputados e senadores serem mais produtivos. Os políticos, em resumo, estariam mais preparados para refletir sobre temas elevados para a nação.
Comentário do Blog: o Congresso é um ambiente improdutivo até hoje. Pior. Talvez se os Poderes da República estivessem em um local mais próximo às grandes metrópoles certas decisões equivocadas não seriam tomadas.
3) Interiorizar o desenvolvimento – construir a nova capital no Centro-Oeste ajudaria a desenvolver economicamente a região, até então pouquíssimo povoada. Assim seria consertado o mau costume dos portugueses, que até fizeram incursões pelo interior, mas gostaram mesmo de se instalar apenas no litoral.
Comentário do Blog: esse foi o argumento mais sensato. Mas a teoria não saiu do papel. Aos 52 anos, Brasília só sobrevive graças ao dinheiro público da União. O Centro-Oeste é uma região agrícola que não dependeu em nada da chegada da capital federal para o interior de Goiás, para um local inóspito e inabitado (nem índios se interessavam pelo local onde hoje é Brasília).
Houve ainda um efeito colateral terrível: a degradação da região urbana no Rio, que certamente não teria enfrentado tanta degradação e presença de grupos criminosos se a capital da República tivesse permanecido por lá.
Leia o próximo post do Blog sobre os 52 anos de Brasília ou volte para o post inicial do assunto.