Blog do Fernando Rodrigues

Viradas como a de SP são mais comuns

Fernando Rodrigues

O 2º colocado passa o 1º quando a diferença foi pequena entre ambos no primeiro turno…

…mas inversão é sempre rara: Brasil já teve 135 segundos turnos e só em 30 houve viradas

Cidade de São Paulo nunca teve uma virada em toda a sua história eleitoral

A pesquisa Datafolha que inverte as posições de Fernando Haddad (PT) e José Serra (SPDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo mostra ser possível haver uma virada na capital paulista. Será um fato inédito se ocorrer no dia 28 de outubro: nunca um candidato que passou para a rodada final como segundo colocado terminou depois na primeira colocação e venceu a eleição.

Por outro lado, a história moderna de eleições municipais no Brasil mostra que as viradas, quando ocorrem, são exatamente em situações semelhantes a essa protagonizada por Haddad e Serra: 1) o segundo colocado chega ao final da primeira fase da campanha em alta e 2) a diferença para o que está na frente não é muito grande –no caso, Serra só ficou 1,8 ponto percentual à frente de Haddad.

O Brasil teve até hoje 135 segundos turnos municipais desde 1996 (não há dados disponíveis e confiáveis sobre 1992, quando esse sistema começou a ser usado nas cidades). Nesses 135 segundos turnos, só 30 tiveram viradas, com a inversão de posição dos candidatos entre o primeiro e o segundo turnos. Ou seja, só 22% de reviravoltas.

Eis um resumo dos segundos turnos no país de 1996 a 2008 nas eleições municipais:

É possível então analisar o que ocorre nas viradas. Nota-se que situações como as de Haddad e Serra são as mais comuns –o que não garante, é sempre bom ressaltar, que isso vai se cristalizar nas urnas eletrônicas em 28.out.2012.

Como dito no início deste post, há um padrão mais ou menos lógico nas viradas: quanto mais perto terminam os candidatos que vão ao segundo turno, mais fácil é de as posições se inverterem.

No caso das 30 reviravoltas até agora nas cidades, de 1996 para cá, apenas 15 ocorreram quando o segundo colocado foi para o turno final com mais de 5 pontos percentuais atrás do líder. Ou seja, só em 11% dos casos esse “milagre” ocorre.

Já em cidades como São Paulo e Salvador, a inversão não é tão improvável. Na capital baiana, a decisão do 1º turno foi ainda mais apertada do que na disputa paulistana. Entre os eleitores soteropolitanos, apenas 0,4 ponto percentual separou o líder ACM Neto (DEM) de Nelson Pelegrino (PT) –e o petista esteve em clara ascensão nos últimos dias.

 

INEDITISMO

Outro fator a ser considerado também é a tradição de algumas cidades. Em São Paulo nunca o segundo colocado conseguiu passar para a primeira colocação no turno final.

Mas, pela configuração atual, 6 cidades que nunca tiveram virada de resultado entre 1º e 2º turnos são as que mais têm chances de registrar reviravolta agora em 2012: São Paulo (SP), Salvador (BA), Ponta Grossa (PR), Montes Claros (MG), Duque de Caxias (RS) e Cuiabá (MT).

Em quatro delas o PT está em segundo e tem chances de virar. Em uma o cenário é oposto para o petista na disputa. E em uma não há representante do PT no turno final.

Por fim, um último dado estatístico: nas 30 viradas registradas nos segundos turnos em cidades de 1996 a 2008, o PMDB é o detentor do recorde de 7. Em seguida, vem o PT, com 5. Depois, PSDB e o PP, com 4 cada um.

Eis o quadro geral dos 50 segundos turnos no país e a diferença em pontos percentuais dos finalistas:

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