Blog do Fernando Rodrigues

Nova equipe de Dilma sofre primeira derrota

Fernando Rodrigues

  • Líder do governo, Arlindo Chinaglia, havia prometido votação para esta 3ª feira

 

  • Por tabela, agonizando candidatura de Fernando Haddad a prefeito de SP

 

Reunião de líderes na Câmara nesta terça-feira (20.março.2012) decidiu que nada será votado hoje nem amanhã. Os projetos de Lei Geral da Copa e do novo Código Florestal continuam pendurados.

O impacto imediato para maioria dos brasileiros é zero. Para a presidente Dilma Rousseff e para seu líder recém-nomeado na Câmara, Arlindo Chinaglia, é a primeira derrota. Aliás, a primeira derrota na primeira tentativa de votação na Câmara.

Na 2ª feira (19.março.2012), Dilma perguntou a Arlindo Chinaglia na reunião de coordenação do governo: “Dá para votar amanhã [terça-feira] a Lei Geral da Copa”. Chinaglia respondeu afirmativamente. Hoje, não entregou a mercadoria.

O PT está rachado ao meio. O PMDB continua indócil. Partidos menores também querem sua parte. Todos reclamam perda de poder. Na realidade, trata-se do estilo de Dilma Rousseff de governar, cedendo pouco ao modelo fisiológico de repartir cargos e verbas com aliados no Congresso.

Não se trata, ainda, de uma crise como as que Brasília assistiu em passado recente. O governo não vai cair. Mas o Palácio do Planalto terá sempre muitas dificuldades para aprovar, daqui para a frente, projetos polêmicos e de grande abrangência.

E há razões mesquinhas permeando o cenário atual. O PT tem uma guerra interna. O epicentro foi a destituição de Cândido Vaccarezza para a entrada de Arlindo Chinaglia no cargo de líder do governo na Câmara.

Como havia sido Vaccarezza o responsável por costurar o texto do projeto de Lei Geral da Copa, relatado pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP), virou um ponto de honra para Arlindo Chinaglia aprovar o assunto com algumas modificações. Aí as coisas não andam.

Como ninguém tem força suficiente para se impor, tudo fica empacado. Oficialmente, algo pode ser votado na quarta-feira. Mas o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), não marcou ainda sessões de votação. O mais provável é que esta semana passe em branco para os deputados –engolfados em disputas políticas internas.

E que Dilma Rousseff conclua que as mudanças em sua coordenação política não surtirão efeito tão rapidamente.

Adicione-se a esse cenário a esperteza dos ruralistas. Agora, eles querem primeiro votar o Código Florestal (no qual tentam enfiar uma anistia a desmatadores). Só depois de obterem seu objetivo essa turma aceitará apreciar a Lei Geral da Copa.

 

Efeito colateral
Enquanto o PT se esvai em uma disputa interna e Dilma fica com seus interesses paralisados no Congresso, sobra para alguns políticos ilustres nas cidades. Por exemplo, o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Ele tem ficado abandonado por parte considerável do seu partido.

E ontem, nos corredores do Congresso, o deputado petista paulista Vicente Cândido cruzou com o colega Gabriel Chalita (PMDB-SP), que disputará a Prefeitura de São Paulo. Cândido saudou Chalita como “meu prefeito”, sob o testemunho da repórter Cátia Sebra.

Ou seja, enquanto Dilma tenta acertar sem sucesso sua coordenação política em Brasília, o projeto petista de voltar a comandar a cidade de São Paulo vai fazendo água.

 

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