Blog do Fernando Rodrigues

Haddad tem menos da metade do PT em SP

Fernando Rodrigues

33% dos paulistanos dizem achar ''ótimo'' ou ''bom'' o PT na Prefeitura

Mas o candidato de Lula só tem 15% e não consegue se conectar aos eleitores

Por que o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, não decola?

Tem sido comum analisar essa situação procurando alguma razão exógena à disputa local. Algum fato externo estaria provocando o estancamento de Haddad. Seria o julgamento do mensalão? Seria o desgaste do PT? Seria a propaganda negativa que os adversários fazem contra ele?

Todos esses fatores podem influir, claro. Mas há também um aspecto real e mais objetivo: a dificuldade do próprio candidato para ser um “político eleitoral”, fazer campanha com gosto e empolgar os militantes de sua legenda e os eleitores paulistanos. Esses são predicados inexistentes até agora no desempenho pessoal de Haddad.

O Datafolha investigou o tema. Descobriu algo desolador para Fernando Haddad –e também, em grande medida, para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável direto pela escolha do candidato. Continua firme e forte na cidade de São Paulo a teoria de que um terço dos paulistanos “é PT”.

Hoje, 33% dos paulistanos dizem que consideram “ótimo” ou “bom” ter um prefeito do PT na capital do Estado. A esta altura da campanha, a maioria dos eleitores sabe quem é do PT e quem não é. O problema é que Haddad está hoje com uma taxa de intenção de votos de apenas 15%, menos da metade do que seria o potencial de seu partido. Mesmo com uma propaganda de TV de primeira linha. Mesmo com o apoio de petistas ilustres. E com recursos fartos para gastar.

Ou seja, o PT até que não vai tão mal na cidade de São Paulo. Aliás, o PT mantém uma popularidade muito boa com seus 33% de seguidores fiéis. Quem não está bem é o candidato do PT. E, por óbvio, todas as estrelas petistas que se apresentam como fiadores de Fernando Haddad.

Numa eventual derrota, o fracasso não terá sido só de Haddad. Serão sócios majoritários desse projeto o ex-presidente Lula (o maior responsável pela escolha do candidato), a presidente Dilma Rousseff e a ex-prefeita e agora ministra da Cultura, Marta Suplicy –que era contra Haddad, mas converteu-se ao “haddadismo” após ser bajulada pelo Palácio do Planalto.

Eis os dados do Datafolha sobre o que pensam os paulistanos e o partido do próximo prefeito da cidade:

A pesquisa Datafolha realizada na cidade de São Paulo nos dias 18 e 19 de setembro mostra um quadro de estagnação perigoso para Fernando Haddad. Ele oscilou em uma semana de 17% para 15%.

Ao mesmo tempo, José Serra (PSDB) oscilou de 20% para 21%. E Celso Russomanno (PRB) foi de 32% para 35%.

Tem sido usual nesta corrida paulistana ouvir a muitas perorações sobre o “fenômeno Russomanno” e sobre o “declínio de José Serra”. Quando o assunto é Haddad, o senso comum é um só: na reta final da campanha o candidato petista vai crescer, porque essa tem sido a lógica há décadas.

Por enquanto, essa profecia petista não tem se provado verdadeira quando se compara o que se passou em disputas anteriores.

A esta altura da disputa pela Prefeitura de São Paulo, todos os candidatos petistas que foram ao segundo turno em todas as eleições passadas já estavam em condições mais confortáveis se comparados aos 15% de Haddad hoje. Eis os dados:

 

1992 (23.set): Eduardo Suplicy tinha 22%

1996 (23.set): Luiza Erundina tinha 22%

2000 (22.set): Marta Suplicy tinha 35%

2004 (17.set): Marta Suplicy tinha 33%

2008 (18.set): Marta Suplicy tinha 37%

 

Nada impede que Fernando Haddad dê uma disparada nos próximos 17 dias até a data do primeiro turno (em 7 de outubro). Ocorre que os dados históricos mostram que ele terá de suar muito mais a camisa.

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