Pastor Everaldo vai concorrer ao Planalto contra Dilma
Fernando Rodrigues
“PSC terá candidato próprio em 2014 independentemente do sucesso do governo”
O PSC já decidiu que seu pré-candidato a presidente da República para 2014 é o pastor Everaldo Dias Pereira, da Assembleia de Deus em Madureira.
Vice-presidente nacional da legenda, carioca, 57 anos, formado em Ciências Atuariais, Everaldo afirmou ao repórter Bruno Lupion que o PSC planeja desde 2011 lançar candidato próprio ao Planalto no ano que vem.
Em 2010, o partido apoiou Dilma Rousseff (PT). Cedeu seus 53 segundos de propaganda à coligação que elegeu a atual presidente. Para 2014, o PSC espera ter cerca de 1 minuto e 20 segundos de TV e rádio.
Everaldo, que já teve uma passagem pelo PT, afirma que a decisão de lançar seu nome está fechada e não depende de Dilma ser “boa ou ruim como governante”.
Estrela absoluta do PSC no programa de TV do partido nesta 5ª feira (23.mai.2013), o pastor Everaldo falou ao Blog. A seguir, trechos da entrevista:
Blog – O sr. é pastor da Assembleia de Deus. Qual é a sua origem, a sua formação e há quanto tempo é fiel da Assembleia de Deus?
Everaldo Pereira – Sou nascido e criado na Assembleia de Deus em Madureira, no Rio de janeiro. Sou formado em Ciências Atuariais. Estou na Assembleia de Deus desde que nasci, há 57 anos.
Em 2010, o PSC esteve na aliança formal com Dilma Rousseff. Agora, o partido anunciou que pretende lançar o sr. ao Planalto. Essa decisão é irreversível?
Em 2011, após as eleições de 2010, o partido se reuniu e traçou metas para 2012 e 2014 e, naquela época, nós alinhavamos que teríamos candidatura própria em 2014. Em janeiro deste ano, após o balanço das eleições de 2012, decidimos que teríamos [candidato próprio a presidente da República]. Em 2003 tínhamos 1 deputado federal, em 2006 elegemos 9 e, em 2010, elegemos 17 deputados federais. Trabalhamos com metas e a nossa meta em 2014 é ter candidatura própria a presidente da República.
Por que o PSC não pretende apoiar mais Dilma? Isso tem a ver com a oposição de deputados petistas a Marco Feliciano?
Nós temos um planejamento. Já tínhamos deliberado [pela candidatura própria], isso independe se a Dilma for boa ou ruim como governante. Também não tem nada a ver com a Comissão de Direitos Humanos.
Ao se desgarrar da aliança do PT pró-Dilma, o PSC pode ser decisivo para que a eleição presidencial de 2014 vá para o 2º turno. É bom que tenha 2º turno?
É uma questão normal. O [ex-presidente] FHC ganhou duas vezes no primeiro turno, o [ex-presidente] Lula ganhou duas vezes com dois turnos. O debate é importante.
O PSC pode mais adiante compor com Dilma Rousseff, num eventual segundo turno? Ou há outros candidatos que merecem mais esse apoio?
Não tenho como deixar de citar, é a minha fonte. Jesus falou, em Mateus, capítulo 6 versículo 34, que a cada dia basta a sua tarefa. Nós vamos agora para o segundo turno, nossa intenção é ir e então não tem como discutir apoio pra quem quer que seja. O PSC não pensa o Brasil só daqui a 4 anos, pensa 20, 40, 60, 80, 100 anos na frente.
Como o PSC vê o Brasil daqui a 80 anos?
Estou neste momento na frente de uma pessoa que vai coordenar o meu programa, o advogado e economista dr. Antônio Pereira Maranhão, ex-funcionário do IBGE. Estamos fazendo esse planejamento, vamos desenvolver ouvindo as bases do partido.
O PSC defende valores cristãos e da família. Essa sobreposição de política e religião é positiva?
A primeira pessoa que separou a política da religião foi Jesus. Dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. Uma coisa é a pessoa de Jesus. Eu, Everaldo, creio que ele nasceu da Virgem Maria, ressuscitou e é o salvador da minha alma. Independentemente de eu crer nisso, Jesus deixou princípios cristãos que servem para qualquer pessoa, como a ética, o trabalho em equipe, o valor do trabalho. São princípios cristãos, independentemente de religião. Religião cada um tem a sua igreja. Aqui nós não falamos de religião, falamos de princípios. A família que nós defendemos está na Constituição: homem e mulher. Graças a Deus, vivemos em uma democracia. Quem quiser mudar isso, vamos para o voto.
O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) acabou ficando na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Nesse caso, o PSC saiu-se vencedor?
Não existe isso. A comissão veio para nós porque os outros partidos não quiseram. Nós estamos aqui dentro de um ambiente democrático, que tem direito a indicar [nomes]. Nós indicamos e ele foi eleito pela maioria. Tudo dentro do regimento. Qualquer coisa além disso é intolerância de quem ficou aborrecido porque entrou uma pessoa diferente.
Em junho de 2010, pastor Everaldo (à direita) anunciava o apoio do PSC a Dilma ao lado de Michel Temer, então presidente da Câmara, e José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT. Crédito: Lula Marques/Folhapress – 30.jun.2010