Solidariedade é acusado até de falsificar assinatura de chefe de cartório
Fernando Rodrigues
Casos ocorreram em Várzea Paulista e Osasco, no Estado de São Paulo
Justiça decidirá se concede registro à nova sigla de Paulinho da Força
O Tribunal Superior Eleitoral deve decidir na próxima semana sobre a concessão do registro a mais um partido brasileiro, o Solidariedade, liderado pelo deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), em meio a acusações de que assinaturas de apoio à nova agremiação são falsas.
Um caso curioso ocorreu em Várzea Paulista (SP). Ao receber as fichas de apoio para criar o partido, a própria chefe do cartório eleitoral da cidade localizou sua assinatura falsificada entre os eleitores que supostamente apoiavam a criação do Solidariedade.
Em troca de e-mails pela rede interna da Justiça Eleitoral de São Paulo, a chefe do cartório eleitoral de Várzea Paulista (242ª Zona Eleitoral), identificada por Francy, afirmou: “Recebemos semana passada três listas de apoiadores desse partido e, para a minha surpresa, uma das fichas era com meus dados e com a minha assinatura falsificada. Fiquei indignada com a falta de caráter que esses representantes de partidos têm”.
O mesmo teria ocorrido com o chefe do cartório eleitoral de Osasco (SP) (213ª Zona Eleitoral). Helder Ito de Morais respondeu, também pela rede interna de comunicação dos servidores: “Isso também aconteceu comigo. Foi aberto inquérito policial e prestarei declarações sobre o ocorrido. De fato, isso é um absurdo!”.
Ao Blog, Helder confirmou que teve sua assinatura falsificada e apresentada pelo Solidariedade em 2 cartórios distintos: além do da 213ª Zona Eleitoral, do qual ele é chefe, sua rubrica falsa foi entregue ao cartório da 285ª Zona Eleitoral, também de Osasco.
A troca de e-mails, reproduzida abaixo, consta de notícia-crime apresentada à Justiça pela chefe do cartório de Suzano (SP) (415ª Zona Eleitoral), Antonia Izania Alves do Nascimento.
Fraude
Em Suzano, o juiz eleitoral Rodrigo de Oliveira Carvalho determinou a anulação das 2.660 assinaturas de apoio apresentadas pelo Solidariedade por “fraude” e quebra da “presunção de boa-fé”.
O cartório selecionou aleatoriamente 30 dessas assinaturas e convocou os eleitores para confirmá-las pessoalmente. Todos, 100% dos contatados, negaram que tivessem assinado as fichas. As assinaturas eram parecidas com as originais, mas nenhum eleitor recordava ter apoiado o partido em criação.
Inconformado, o Solidariedade recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral para que as outras 2.630 assinaturas fossem consideradas. O pedido foi negado, o Solidariedade recorreu e o caso está agora para análise no TSE.
O Solidariedade também é acusado de entregar certidões duplicadas para comprovar assinaturas de apoio. Contatado na semana passada pela Folha para comentar as acusações, Paulinho da Força minimizou. ''Denúncia de problema com ficha tem em todo lugar'', respondeu.
PS.: O julgamento sobre a criação do Solidariedade estava inicialmente previsto para esta quinta-feira, mas o TSE decidiu adiá-lo.