Senador boliviano Pinto Molina vai ao Congresso amanhã
Fernando Rodrigues
Bancada evangélica quer prestar apoio ao político e discutir tráfico de cocaína
Reunião anterior foi cancelada após pressão do Palácio do Planalto
O senador boliviano Roger Pinto Molina, que viveu mais de 1 ano na embaixada brasileira na Bolívia como asilado e fugiu para Brasília em 24.ago.2013, com auxílio do diplomata Eduardo Saboia, irá amanhã (16.out.2013) ao Congresso para uma reunião com deputados da bancada evangélica.
O encontro tem mão dupla: os congressistas querem prestar solidariedade ao boliviano, a quem consideram vítima de perseguição no seu país natal, e pretendem ouvir dele relatos sobre o tráfico de drogas entre a Bolívia e o Brasil. Também está prevista uma oração conjunta dos deputados com Molina, que é pastor da Igreja Batista.
Os congressistas evangélicos se mostram preocupados com o aumento de consumo de cocaína no Brasil e avaliam que isso decorre, em parte, da extensa fronteira com a Bolívia. Segundo a ONU, em 2011 mais da metade da cocaína apreendida no Brasil tinha origem o país andino (54%).
Não será a primeira tentativa do senador em ir ao Congresso. Molina chegou a marcar uma audiência na Câmara no dia 3.set.2013, a convite do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), mas desistiu depois que o Palácio do Planalto fez chegar a ele a informação de que a visita não seria apreciada.
Molina pediu refúgio ao Conare (Conselho Nacional de Refugiados), órgão ligado ao Ministério da Justiça, mas ainda não obteve resposta. O governo brasileiro já avisou que não quer que seu caso seja politizado de forma que desagrade à presidente Dilma Rousseff.
A reunião será realizada no gabinete do senador Sérgio Petecão (PSD-AC), às 11h. Petecão é amigo de Molina desde o início da década passada, quando o boliviano governou a província de Pando, na fronteira com o Acre.
(Bruno Lupion)