Bom Senso F.C. passou do limite e Dilma erra ao recebê-los, diz Andrés
Fernando Rodrigues
O ex-presidente do Corinthians e maior esperança do PT como puxador de votos na eleição para deputado federal neste ano, Andrés Sanchez, diz que foi um erro a presidente Dilma Rousseff ter recebido recentemente o movimento Bom Senso F.C., que pede mudanças na gestão do futebol no Brasil.
''Quem faz o futebol são os clubes, atleta e torcedor'', declara Andrés em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da ''Folha''. Ele afirma que o Bom Senso F.C. foi ''pelo caminho errado'' e seus representantes ''exageraram''. Preferiria que tivessem atuado pelos ''sindicatos em seus Estados''.
E se os dirigentes sindicais não ajudam? ''Vai lá e tire eles'', responde o pré-candidato a deputado federal. ''É muito bonito pegar oito, nove jogadores consagrados e ficar falando'', afirma. ''O jogador tem que participar das reuniões, dos debates. Agora, eu acho que eles passaram um pouco do limite''.
Ao receber o Bom Senso F.C., Dilma Rousseff deu ao grupo um espaço ''que não concede aos clubes, que não concede ao sindicato, que não concede a ninguém'', reclama Andrés. Ela errou? ''Lógico, totalmente''.
Aos 50 anos, o descendente de espanhóis acredita que terá de 160 mil a 200 mil votos na eleição para deputado federal. Dentro do PT, a expectativa é maior. Ele teria potencial para chegar a 500 mil votos, suprindo uma deficiência do partido. Encrencados com a Justiça ou com escândalos diversos, vários petistas campeões eleitorais não disputam nada neste ano –como José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoino, todos presos por causa do mensalão.
Amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente do Corinthians fala com algumas ressalvas sobre Dilma Rousseff, embora a descreva como ''pessoa muito bem-intencionada''. Qual a diferença entre ela e Lula? ''O Lula tem mais paciência para ouvir muita gente, prós e contras''. E ela não? ''Talvez, ela não. E o Lula tem uma coisa que poucos têm: a sabedoria de lidar com os diferentes, isso é uma arte''.
Espontâneo, Andrés diz ter ficado ''muito triste'' pelo fato de Dilma Rousseff ter se referido ao novo estádio do Corinthians como ''Itaquerão'' numa entrevista à TV Bandeirantes, nesta semana. ''Vou mandar uma carta oficial para o Palácio [do Planalto] dizendo que isso é um absurdo, não pode chamar. Lá é Arena Corinthians, não é Itaquerão'', diz o cartola.
Ao pronunciar ''Itaquerão'', Dilma cometeu uma ''gafe'' ou um ''equívoco'', diz. ''Para ser bonzinho'', pois acha que a presidente ''foi mal informada. Infelizmente, a assessoria dela falhou. E falhou feio''. Andrés aproveita também para reclamar da mídia. ''Ela deve ler a *Folha* ou o UOL (…), que insistem em chamar de Itaquerão''.
A expectativa de Andrés é negociar o direito de uso do nome do estádio do Corinthians até dezembro. Estima uma renda anual de R$ 20 milhões. Nega que a arena vá drenar recursos do time. Apresenta um cálculo de receita de até R$ 35 milhões por ano com o aluguel para eventos –não os megashows musicais, pois esse tipo de atividade tem um concorrente ''imbatível'': o novo estádio do Palmeiras, o rival corintiano histórico.
No ano passado e início do atual, Andrés tentou montar uma chapa de oposição para comandar a Confederação Brasileira de Futebol. Não deu certo. Tentará de novo em 2018, quando terminar o mandato do próximo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.
Com Del Nero à frente da CBF, o futebol ficará igual ''ou pior'' nos próximos anos, avalia Andrés. Ele acha que o ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira foi bom dirigente. Só errou ''talvez'' ao ter ficado muito tempo no cargo.
O corintiano é contra a reeleição em qualquer instância ou entidade. Se for eleito deputado, defenderá o fim da renovação de mandatos em todos os cargos, inclusive no caso de vereadores, deputados e senadores.
Outra ideia sua é acabar com a proibição de venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol. ''Essa é a coisa mais ridícula que existe nesse país. O cara fica bebendo a meio metro do estádio, na porta do estádio. E aí, cinco minutos [depois], entra aquele bando, na última hora, tudo já 'tomado'… É um absurdo. Se vende bebida no Carnaval, no show, no teatro, em todo lugar, só no futebol que não?''.
A campanha para chegar à Câmara dos Deputados deve custar até R$ 3 milhões. Quem banca? ''Minha família e eu. Já pensou se a Odebrecht me doa dinheiro?'', pergunta.