Blog do Fernando Rodrigues

Ascensão dos nanicos empurra disputa ao 2º turno

Fernando Rodrigues

 Pastor Everaldo (PSC) vai a 4% e entra no pelotão intermediário

O volume potencial de votos dos microcandidatos a presidente atingiu 9% na pesquisa Datafolha realizada nos dias 3, 4 e 5 de junho e publicada hoje pelo jornal ''Folha de S.Paulo''.

Hoje, todos os candidatos de oposição somados têm 35%. Dilma Rousseff (PT) tem 34%. Há um empate técnico, pois a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Ocorre que a tendência das últimas pesquisas tem sido de um estreitamento da diferença entre Dilma e seus adversários. O viés, pelo menos no momento, é de que haverá um segundo turno na disputa presidencial de 2014.

Mas é importante notar: não fossem os 6 microcandidatos que estão pontuando no Datafolha, Dilma Rousseff ainda estaria dando um passeio. Ela tem 34% contra apenas os 26% que Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) registram somados (o tucano tem 19% e o pessebista marca 7%).

O Pastor Everaldo, pré-candidato a presidente pelo PSC, chegou a 4%. Está na parte de baixo da tabela, mas já não pode ser classificado como um “nanico” clássico –no critério usado por este Blog ao longo de todas as eleições presidenciais desde 1989.

O critério da tabela a seguir é o seguinte: considera-se nanico quem teve nas urnas 2,75% ou menos dos votos válidos (mesmo percentual recebido pelo candidato Esperidião Amin, que em 1994 disputou o Planalto pelo PPR, hoje PP, e registrou 2,75%). Eis a tabela (clique na imagem para ampliar):

Nanicos-1989-2014-a

E eis a tabela com todos os pré-candidatos apresentados na disputa presidencial deste ano de 2014 (clique na imagem para ampliar):

Nanicos-2014

Como se observa, o percentual somado dos microcandidatos já chega a 9%. Sem o Pastor Everaldo, ainda sobram significativos 5%.

Um número grande de candidatos, como mostram essas tabelas, não determina necessariamente que a disputa presidencial vá ao segundo turno (o que ocorre quando nenhum dos postulantes obtém, pelo menos, 50% mais um dos votos válidos).

Em 1998, houve 12 nomes na corrida pelo Planalto, mas Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi reeleito no primeiro turno.

Em 2002 e 2006, a disputa teve apenas 6 e 7 candidatos, respectivamente. Mas Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve de enfrentar uma segunda rodada de votação para vencer. O mesmo ocorreu com Dilma Rousseff (PT), em 2010, quando a eleição teve 9 candidatos ao Planalto.

O que importa para a eleição ser decidida ou não no primeiro turno é a robustez de um número amplo das candidaturas de oposição.

Ainda não está claro que a disputa presidencial de 2014 terá, de fato, os 12 pré-candidatos anunciados. Nem muito menos que os nanicos manterão sua ascensão até outubro.

Mas para Dilma Rousseff, que continua na primeira colocação, segundo o Datafolha, sempre vai interessar um número menor de candidatos. Em tese, quando alguém desiste, seus votos são redistribuídos, mais ou menos, na mesma proporção dos apoios que os outros postulantes remanescentes têm.

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