Meirelles, ex-BC, é a opção do PSD para governador de São Paulo
Fernando Rodrigues
Deputados da legenda querem um nome próprio para expor o número do PSD na propaganda eleitoral
Surgiu uma novidade na disputa eleitoral paulista. O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles está cogitando concorrer a governador do Estado de São Paulo.
Meirelles teve várias conversas nos últimos dias com dirigentes do PSD, seu partido. Ele havia sido citado antes como candidato ao Senado. Não se interessou. “Se fosse um cargo no Executivo…”, sugeriu várias vezes em conversas reservadas. Seu nome também apareceu como possível candidato a vice-presidente da República na chapa de Aécio Neves (PSDB), mas essa especulação nunca prosperou.
Agora, como o PSD ficou sem opções de alianças atraentes em São Paulo, abriu-se uma janela de oportunidade para Meirelles. Ele entraria na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes como candidato próprio da legenda. Poderá se apresenta como uma possível terceira via, entre PT e PSDB –pois as pesquisas mostram haver um esgotamento por parte do eleitorado quando se trata de votar nessas duas legendas.
Meirelles tem um trunfo: tem excelente relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi o presidente do Banco Central por 8 anos.
Hoje, a terceira via em São Paulo é representada por um partido tradicional, o PMDB, que lançou Paulo Skaf ao cargo. Skaf é presidente licenciado da Fiesp. Tem 21% das intenções de voto. O líder das pesquisas é Geraldo Alckmin (PSDB), com 44%, tudo de acordo com o Datafolha.
Se entrar agora na disputa, a chance de Meirelles ter sucesso é incerta, para dizer o mínimo. Mas ele estaria finalmente fazendo sua entrada na política eleitoral em São Paulo, preparando-se para voos mais altos. O PSD tem individualmente o terceiro maior tempo de TV e rádio na propaganda eleitoral (atrás de PT e PMDB). O ex-presidente do BC ficaria, no mínimo, conhecido dos paulistas.
Daqui a dois anos, em 2016, há eleição para prefeito. Se fizer uma campanha difundindo seu nome entre os paulistanos, Meirelles estará se cacifando para ser um nome competitivo do PSD na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Ao mesmo tempo, o PSD garantirá em São Paulo a exposição do nome e do número da legenda durante o processo eleitoral deste ano –o que é vital para eleger deputados federais e estaduais.
Essa nova conjuntura se formou porque não deram certo até agora as tratativas políticas paulistas de Gilberto Kassab, o presidente nacional do PSD. O ex-prefeito paulistano desejava fazer uma aliança com os tucanos, apresentando-se como candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Alckmin. Mas o PSDB preferiu ficar com o PSB.
As outras opções de Kassab seriam apoiar a candidatura de Paulo Skaf, do PMDB. Seria um acordo desigual: os peemedebistas ganhariam o tempo de TV, mas dariam pouco em troca.
Outra possibilidade para Kassab seria ser, ele próprio, candidato a governador. As pesquisas indicam que suas chances são pequenas (tem 5% no Datafolha). Além disso, o ganho de imagem –tornar-se mais conhecido– não existiria, pois seu nome já é familiar entre os paulistas.
O PSD também não deseja apoiar o candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha (3% no Datafolha), pois acha que esse é um projeto fadado ao fracasso.
Restou, portanto, a candidatura própria do PSD representada por Henrique Meirelles. A decisão será tomada na segunda-feira (30.jun.2014). Se vingar essa saída, a chapa terá como candidata a vice-governadora Alda Marco Antônio, militante do antigo MDB e hoje filiada ao PSD.
O candidato do PSD ao Senado seria o próprio Gilberto Kassab. O primeiro suplente deve ser o sindicalista Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores.