Tarso Genro sugere que sucessor de Dilma não precisa ser do PT
Fernando Rodrigues
Governador do Rio Grande do Sul propõe que “Frente de Esquerda” defina candidato em 2018
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, defendeu nesta 2ª feira (10.nov.2014) que uma “Frente de Esquerda” composta por diversos partidos e líderes da sociedade civil escolha um candidato a presidente da República para a sucessão de Dilma Rousseff (PT) em 2018.
Tarso deixa implícito que esse nome não precisa ser do PT. O importante, diz, é o candidato representar os compromissos das forças “progressistas”
Ele também propõe a divulgação, até meados de 2016, de uma nova “Carta aos Brasileiros” –documento escrito pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 para acalmar o mercado financeiro e assegurar a sua vitória. Mas desta vez, diz Tarso, a “Carta” teria outro público-alvo: a população que pede mais direitos sociais, serviços públicos e distribuição de renda.
O desempenho ruim da economia e a falta de confiança do empresariado em Dilma têm pressionado a petista a adotar uma atitude mais palatável ao mercado no seu segundo mandato. Para Tarso Genro, esse seria um caminho equivocado.
Em seu artigo, ele reconhece que a “Carta aos Brasileiros” de 2002 foi uma decisão acertada que permitiu a “reestruturação da sociedade de classes no Brasil”. Reeditar o mesmo documento hoje, diz, seria inócuo diante do novo alinhamento da “direita conservadora” e do “centrismo neoliberal”.
Tarso Genro é integrante de uma corrente minoritária no PT –a “Mensagem ao Partido”– e gosta de se apresenta como um formulador teórico da legenda. Ele diz que o seu diagnóstico, publicado no site Carta Maior, é “definidor” do papel que ele pretende ocupar na “Frente de Esquerdas” e do PT nos próximos anos.
É pouco provável que sua posição se torne majoritária na legenda. O ex-presidente Lula, maior expoente do PT, defende que Dilma coloque Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda, em uma evidente sinalização pró-mercado.
Tarso tentou a reeleição neste ano e perdeu para José Ivo Sartori, do PMDB. Em sua família há uma semente da “Frente de Esquerdas” que ele propõe. A filha de Tarso, Luciana Genro, foi candidata a presidente pelo PSOL. No segundo turno, Luciana apoiou o pai para o governo gaúcho –união insuficiente para uma vitória no seu Estado natal.