Operação de demissão em massa é para minimizar “efeito Marta”
Fernando Rodrigues
Governo terá cheiro de interinidade até 31 de dezembro
Teria sido mais fácil requerer todos os cargos pós-2º turno
Pelo menos 9 ministros já entregaram seus cargos para a presidente Dilma Rousseff, além da agora já ex-ministra da Cultura Marta Suplicy, que de fato pediu demissão. São eles:
Aloizio Mercadante (Casa Civil), Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia), Manoel Dias (Trabalho), Marcelo Néri (Assuntos Estratégicos), Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Moreira Franco (Aviação Civil), Francisco Teixeira (Integração Nacional), Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) e Thomas Traummann (Secretaria de Comunicação).
Esse foi ao mesmo tempo um movimento administrativo e político. Foi administrativo porque é natural que no final de um governo, mesmo que o chefe do Executivo tenha sido reeleito, os seus assessores coloquem o cargo à disposição. Em geral essa é uma ação que ocorre já no dia seguinte ao da eleição.
Mas agora tratou-se também de um movimento político atrasado, que só foi precipitado pela demissão de forma rumorosa de Marta Suplicy. A senadora pelo PT de São Paulo entregou uma carta dura ao se despedir de Dilma Rousseff, falando em público o que muitos petistas só ousavam murmurar em privado.
Ao fazer com que vários ministros coloquem seus cargos à disposição, a presidente da República tenta minimizar o impacto das críticas de Marta Suplicy ao governo.
Ocorre que a tecnologia política usada nesse processo foi toda torta.
Para começar, o natural teria sido que o ministro mais forte da administração dilmista, Aloizio Mercadante, tivesse já comandado o processo de colocação de todos os cargos à disposição logo depois da eleição.
Nada foi feito. Sobrou espaço para Marta Suplicy surfar e protagonizar o show de sua demissão.
Agora, fica a impressão (real) de que tudo é apenas uma reação para tapar um buraco aberto pela inação das duas semanas anteriores.
O governo Dilma, que já anda capengando, terá agora mais uma característica: a marca da interinidade, com muitos ministros dizendo, publicamente, que não sabem se permanecerão em suas cadeiras no segundo mandato.