Dallari fez “concessão” aos militares sobre morte de JK, diz comissão de SP
Fernando Rodrigues
Órgão vinculado à Câmara de SP mantém tese de que JK foi vítima de atentado
Para Comissão Nacional da Verdade, ex-presidente sofreu acidente comum
A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, vinculada à Câmara de Vereadores paulistana, acusou nesta 4ª feira (19.nov.2014) o coordenador da CNV (Comissão Nacional da Verdade), Pedro Dallari, de usar a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) para fazer uma “concessão” aos militares.
Dallari afirmou, em entrevista concedida ao programa ''Poder e Política'' na 2ª feira (17.nov.2014), que o relatório final da CNV atesta que JK morreu em um acidente de automóvel comum na Rodovia Presidente Dutra, não provocado pelos militares.
Já a Comissão paulistana, presidida pelo vereador Gilberto Natalini (PV-SP), entende que JK foi vítima de um atentado político. “Não aceitamos que a comissão de Brasília faça uma concessão aos militares, ignorando as evidências de que JK sofreu um atentado político”, afirmou Natalini.
Ao ''Poder e Política'', Dallari citou a conclusão sobre a morte de Juscelino para argumentar que a CNV não é “revanchista” contra os militares. A indicação de que o ex-presidente não foi assassinado, afirma Dallari, é favorável às Forças Armadas.
A disputa entre as duas comissões sobre a morte de JK se arrasta há meses. A Comissão paulista chegou a mover uma ação judicial para impedir que a CNV divulgasse seu relatório sem considerar a apuração feita pelo grupo da Câmara Municipal de São Paulo.
Em decisão de primeira instância, a Justiça concluiu que a CNV não agiu de forma incorreta e extinguiu a ação. A Comissão paulistana não recorreu.
Na CNV, a tendência é prevalecer a tese de que JK morreu num acidente comum. A CNV é um órgão vinculado à Presidência da República, criado por lei aprovada pelo Congresso Nacional, e suas conclusões têm caráter oficial. O relatório final será entregue à presidente Dilma Rousseff no dia 10 de dezembro. Dallari e a CNV não quiseram comentar as declarações de Natalini.