Blog do Fernando Rodrigues

PP deve expulsar deputados que votarem contra o impeachment

Fernando Rodrigues

Partido chegou até a organizar resistência de Dilma

Agora, Dilma irritou sigla ao nomear novos ministros

Presidente passou por cima da direção nacional do PP

Ala beneficiada da legenda é minoria e receberá ultimato

CiroNogueira-FotoJoseCruz-AgenciaBrasil-30mar2016

Ciro Nogueira (de gravata vermelha), presidente nacional do PP

O PP (Partido Progressista) deve fazer uma reunião hoje (6ª) de sua bancada na Câmara para “fechar questão” e tornar obrigatório que todos os deputados votem pelo impeachment de Dilma Rousseff. Os que discordarem dessa posição correm o risco de expulsão.

Até ontem, o PP estava numa posição intermediária. A maioria dos 46 deputados (no domingo devem ser 48) votaria pelo impeachment, mas seriam tolerados dissidentes. O presidente nacional da legenda, senador Ciro Nogueira (do Piauí), tentou negociar algum acordo com o Palácio do Planalto, mas foi superado pela maciça adesão dos deputados pepistas ao impeachment.

O que provocou um azedamento ainda maior no clima entre o PP e o Planalto foi a decisão de Dilma Rousseff de tentar cooptar uma parte dos deputados da legenda passando por cima da direção da sigla.

Na 3ª feira, a bancada do PP decidiu entregar os cargos no governo federal, inclusive o Ministério da Integração Nacional, ocupado até então por Gilberto Occhi. No dia seguinte, Dilma Rousseff e seus emissários começaram a falar individualmente com deputados pepistas para tentar garantir alguns votos da legenda na batalha do impeachment.

O principal interlocutor com o Planalto foi o deputado Dudu da Fonte (PP-PE) –um antigo aliado do presidente da legenda, Ciro Nogueira. Dudu se descolou de Ciro Nogueira por ter sido preterido numa disputa interna no início de 2016 sobre quem seria o líder da bancada na Câmara –venceu o deputado Agnaldo Ribeiro (da Paraíba).

Houve uma sucessão de ações trapalhadas então do Planalto. Primeiro, ao nomear José Rodrigues Pinheiro Dória para a Integração Nacional ontem, 5ª feira (14.abr.2016).

Dória durou cerca de 24 horas na cadeira. O Planalto não checou direito o nome antes da nomeação. Descobriu depois que se tratava de uma pessoa que havia sido secretário-adjunto de Transporte e Obras Públicas no governo de Minas Gerais e tinha proximidade com o grupo político de Aécio Neves (PSDB).

Em seguida, hoje (6ª), a presidente Dilma Rousseff nomeou outra pessoa para a Integração Nacional: Josélio de Andrade Moura. É o 2º nome indicado para a pasta em 2 dias. Ele é ligado aos deputados Roberto Britto (PP-BA) e Ronaldo Carletto (PP-BA).

A nomeação de Josélio enfureceu a direção do PP, que hoje pretende determinar o fechamento de questão da bancada da legenda.

No momento, apenas 7 dos atuais 46 deputados do PP pretendem votar contra o impeachment de Dilma Rousseff. Após a reunião do final desta 6ª feira, a ideia é reduzir esse grupo para apenas 3 a 4 votos.

O PP já está negociando com Michel Temer uma participação no eventual futuro governo do peemedebista.

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