Na TV, PSDB fala em apoiar Temer e alertá-lo para “não cometer erros”
Fernando Rodrigues
Governo é de “emergência nacional”, diz Aécio Neves
Senador tucano é o que tem mais tempo no programa
Filme menciona falta de mulheres na política brasileira…
…Mas não cita ministério 100% masculino de Temer
O PSDB transmite nesta 5ª feira (19.mai.2016) seu programa partidário semestral em cadeia nacional de TV, às 20h30, e fala em apoiar o governo de “emergência nacional”, de Michel Temer.
“Nós vamos estar aqui no Congresso, firmes, prontos para apoiar as medidas necessárias para tirar o Brasil da crise. Prontos, inclusive, para alertar o governo para não cometer os mesmos erros do passado”, diz o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional da legenda.
Há 3 eixos principais no programa do PSDB. Primeiro, repetir que o partido apoia o governo de Michel Temer (embora com a ressalva de que vai criticar se houver falhas). Segundo, apontar o desemprego como o problema que mais aflige aos brasileiros no momento. Terceiro, martelar o discurso sobre pacificar o país, para que seja superada a forte polarização que tomou lugar nas ruas entre defensores do governo federal de Dilma Rousseff e os grupos que pediam o impeachment.
O formato do programa é bem tradicional. Um ator jovem atua como narrador do vídeo de 10 minutos. São mostrados vários políticos, falando às vezes alguns segundos sobre o que pensam a respeito da conjuntura atual.
Os 3 principais presidenciáveis tucanos aparecem. Eis os tempos de cada um deles:
Aécio Neves: 1min e 28seg
José Serra: 27seg
Geraldo Alckmin: 25seg
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fala por 1min11seg logo no início. Menciona a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Essa lei é que a presidente Dilma Rousseff transgrediu. Ela violou essa lei, passou a gastar demais”, afirma o tucano. Sobre a crise atual, FHC disse: “A política precisa consertar o que a política estragou”.
Ao escolher o “desemprego” para o seu programa, o PSDB optou por destacar um dos temas que mais aflige os eleitores no momento, conforme demonstraram as estatísticas do IBGE divulgadas nesta 5ª feira (19.mai.2016).
A taxa de desocupação no país atingiu 10,9% no 1º trimestre de 2016, o maior patamar desde o início da pesquisa do IBGE, em 2012. Há 11,1 milhões de pessoas sem emprego.
Para os jovens de 18 a 24 anos o desemprego é mais do que o dobro da média nacional: 24,1%. Esse quadro se agrava na região Nordeste, onde a taxa é de 27,5%. É entre os nordestinos que o PT, Dilma Rousseff e Lula sempre tiveram mais apoio em disputas eleitorais. Eis os dados (clique nas imagens para ampliar):
A seguir, o que disseram os presidenciáveis do PSDB na propaganda:
Aécio Neves:
“O PSDB não vai virar as costas para o Brasil. Estamos juntos. Vamos ajudar. Alguns quadros do PSDB foram convocados para ajudar no esforço de governo. E nós vamos estar aqui no Congresso, firmes, prontos para apoiar as medidas necessárias para tirar o Brasil da crise. Prontos, inclusive, para alertar o governo para não cometer os mesmos erros do passado. Temos de virar essa página do radicalismo, do ódio. Somos todos brasileiros. O Brasil é um país único no mundo. Nós sempre fomos lembrados exatamente por sermos um país continental, do ponto de vista do nosso território, e um país só, que fala a mesma língua, onde as pessoas se gostam, se respeitam. Somos um povo só e temos um só objetivo: fazer com que o emprego volte, que as pessoas voltem a sorrir, a acreditar no futuro, a se abraçarem de novo. Vamos virar essa página da radicalização e vamos falar em união, vamos falar em confiança. Não vamos pensar em projetos partidários, em projetos pessoais. Vamos pensar no Brasil. É hora de todos repetirmos: 'Somos todos brasileiros e o Brasil tem que dar certo'. Se coube ao vice-presidente da República governar nesta quadra o Brasil, num governo que nós estamos chamando de emergência nacional, que ele possa dar certo. Vamos não só torcer para que ele dê certo. Vamos ajudar a que dê certo. Porque se der certo ganha todo mundo. Agora é hora de dizermos: 'Brasil em primeiro lugar' ”.
José Serra:
“O emprego só vai voltar se a economia crescer novamente. E um dos caminhos fundamentais para isso é exportar. O governo anterior abriu mão de fazer novos acordos comerciais pelo mundo afora. E no comércio não se trata de escolher entre uma coisa e a outra, mas sim de abrir todas as portas. E vendendo mais lá fora, não tenho dúvida, nós vamos aumentar a produção aqui dentro e, com isso, gerar mais empregos para os brasileiros”.
Geraldo Alckmin:
“Só existe uma forma de sairmos da grave crise em que fomos colocados. A prioridade imediata e inadiável é fazer a economia voltar a crescer, criar oportunidades de trabalho. Devolver a dignidade aos milhões de desempregados. O país está pedindo uma política melhor, que devolva aos brasileiros, principalmente aos jovens, a confiança plena na democracia”.
POLÍTICA MASCULINA
Num trecho da propaganda partidária do PSDB, o ator-narrador fala: “A política brasileira parece ser a de um gênero só: masculino”. Em seguida, aparece Solange Bentes Jurema, presidente do PSDB mulher: “Só temos [mulheres] 10% no Congresso Nacional. Isso não é justo”.
A crítica ao universo masculino da política para por aí. Não há menção ao ministério de Michel Temer, composto 100% por homens.
Outros políticos que aparecem no vídeo do PSDB, sempre falando só alguns segundos, são os deputados Miguel Haddad, Geovania de Sá, Antônio Imbassahy, Mara Gabrilli, Judite Botafogo e Luiz Carlos Hauly; os senadores Cássio Cunha Lima, Aloysio Nunes, Tasso Jereissati e Antonio Anastasia. Por fim, o deputado e agora ministro das Cidades, Bruno Araújo.