Brasília 52, parte 5: DF, a capital dos escândalos políticos
Fernando Rodrigues
Depois de inaugurada, Brasília passou a ser, ao mesmo tempo, uma cidade e uma unidade da Federação. Ou seja: não tem tamanho de Estado, mas é administrada por um governador, não por um prefeito. Tem ainda direito a 3 senadores e a 8 deputados federais.
Quando a Constituição de 1988 estava sendo criada, um movimento local pressionou para que Brasília tivesse autonomia. Era bonito e confortável pedir uma “Brasília democrática” depois de 21 anos de ditadura militar.
Criou-se então uma anomalia. Brasília passou a ter governador-prefeito eleito e uma Câmara Distrital com deputados que são ao mesmo tempo o equivalente a deputados estaduais e a vereadores.
Foi uma típica marcha da insensatez. Em 1988 já estava claro que Brasília descansava sobre um modelo de desenvolvimento fracassado. O ideal teria sido devolver todo o território para Goiás e apenas eleger prefeitos paras diversas localidades do Distrito Federal.
O centro administrativo no centro da cidade, bem pequeno e que abriga os prédios públicos federais, poderia ser administrado diretamente pela União.
Mas a Constituição de 1988 optou por dar autonomia a Brasília. A cidade passou a ser uma produtora em série de políticos de má qualidade. Foi a soma de duas condições explosivas: dinheiro fácil (derramado pela União) e pouca cobrança de responsabilidade (ninguém fiscaliza o que fazem os administradores regionais de localidades como Ceilândia ou Taguatinga, pois esses políticos são nomeados e não eleitos).
É comum habitantes de Brasília argumentarem que a cidade nada tem a ver com os escândalos de corrupção. A culpa seria exclusiva dos políticos.
Essa linha de raciocínio só vale para os casos envolvendo políticos no Congresso que vêm de outros Estados. Mas os políticos eleitos pelos brasilienses têm sempre se envolvido em encrencas. Quase nenhum dos governadores escapa.
Aliás, Brasília comprova que a alta escolaridade dos eleitores não garante a eleição de bons políticos.
Como demonstrado no post anterior, o nº médio de anos de estudo das pessoas com 15 anos ou mais em Brasília é 9,62 (no Brasil é 7,55) e a taxa de analfabetismo é 3,42% (frente a 9,7% do Brasil). Mesmo assim, os desastres políticos não param de acontecer com o aval do eleitorado local. O quadro abaixo resume escândalos políticos recentes do DF:
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