Blog do Fernando Rodrigues

Brasília 52, parte 4: DF tem a maior injustiça social do país

Fernando Rodrigues

Apesar de ter o maior PIB per capita do Brasil e alta renda familiar, o Distrito Federal é a unidade da Federação com a mais alta desigualdade social.

Ou seja: Brasília é a unidade federativa na qual se verifica a maior diferença entre a renda dos mais pobres e a dos mais ricos. Essa diferença é objetivamente medida pelo Índice Gini. Nessa escala, os valores mais próximos de zero são que tendem a ter mais igualdade social. Os mais próximos de 1, caso de Brasília, são os mais desiguais.

A desigualdade expressa no indicador de Gini pode ser vista a olho nu nas regiões mais distantes do centro da capital. Por exemplo, a segunda maior favela do Brasil, a comunidade do Sol Nascente, que tinha 56,4 mil habitantes em 2011, segundo o IBGE.


O quadro abaixo mostra que Brasília, além de desigual, tem uma taxa de desemprego maior que a do Brasil e a do Centro-Oeste, apesar de oferecer rendimento médio do trabalho atraente. Ou seja: a capital não só se tornou uma ilha de riqueza em sua região como também formou ilhas de riqueza dentro de si.

O quadro mostra que a cidade consegue bom desempenho em indicadores importantes. Tem baixo índice de mortalidade infantil e de analfabetismo. Também tem altos índices de escolaridade, de acesso ao abastecimento de água, energia elétrica, telefone celular e internet.

Na prática, no entanto, a precariedade dos serviços de energia, educação e saúde são evidentes. Na energia, são frequentes os apagões, principalmente quando chove na cidade. Em entrevista ao “Poder e Política” em 2010, o atual governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), admitiu o problema e prometeu resolvê-lo até 2013.

Abaixo, o trecho em vídeo da entrevista em que Agnelo fala sobre os apagões. Clique aqui para assistir em smart phones e tablets.

Na educação, apesar da alta escolaridade, a rede pública enfrenta sérios problemas. Neste mês de abril de 2012 os professores fizeram greve por reajuste salarial.

E com relação à saúde, mesmo a rede privada apresenta deficiências injustificáveis que chegaram a provocar mortes escandalosas recentemente. Três casos:

1) Em 19.jan.2012, o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, sofreu um infarto. Segundo o “Correio Braziliense” ele buscou ajuda nos hospitais privados Santa Lúcia e Santa Luzia, mas teve o atendimento negado porque não possuía talão de cheques para dar uma caução antes de ser atendido. Por causa disso, morreu.

2) Em 14.fev.2012, Marcelo Dino, filho de 13 anos do presidente da Embratur, o ex-deputado Flávio Dino (PC do B), foi internado no hospital Santa Lúcia com crise de asma. Morreu dentro do hospital por parada cardíaca.

3) Em 12.abr.2012, foi revelado que 13 pacientes que ocuparam um mesmo leito de UTI no Hospital Regional de Santa Maria morreram, possivelmente, porque as tubulações de oxigênio e de ar comprimido estavam invertidas.

Outro caso notório e histórico foi o do então presidente da República eleito, Tancredo Neves, em 1985. Ele foi internado no Hospital de Base e acabou contraindo infecção hospitalar.

Por fim, é útil mencionar as contradições no sistema de segurança pública brasiliense. É na capital federal que se paga o maior piso inicial do país para soldados da PM, R$ 3.453,7, como mostra tabela publicada em 13.fev.2012 pelo jornal “Valor Econômico”. Mas as condições de segurança são alarmantes. De 2010 para 2011, por exemplo, cresceu o número de registros de sequestros relâmpagos e de estupros em Brasília.

Além disso, Brasília tem a maior taxa do país de homicídios na população masculina de 15 a 29 anos: 120,90 para cada 100 mil habitantes desse grupo. No Brasil, a taxa é de 94,30.

 

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