Presidente da Câmara dá mais argumentos para indignados nas ruas
Fernando Rodrigues
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), deu mais um motivo para que os indignados nas ruas continuem a protestar contra o comportamento dos políticos.
Reportagem de Leandro Colon na Folha revela Henrique Alves usou um avião da Força Aérea Brasileira para levar a noiva, parentes dela, enteados e um filho ao jogo da seleção no Maracanã no último domingo (30.jun.2013).
Henrique Alves usou um jato C-99 da FAB. O avião buscou toda a turma em Natal, capital do Rio Grande do Norte. Informa a Folha: “Decolou às 19h30 de sexta-feira [28.jun.2013] rumo ao Rio de Janeiro e retornou no domingo [30.jun.2013], às 23h, após o jogo”.
Teriam viajado no avião da FAB requerido por Henrique Alves 14 pessoas.
Esse caso poderia ser considerado apenas um desvio menor, mas é emblemático da abordagem patrimonialista que os políticos brasileiros têm quando tratam do dinheiro público. Tratam os bens do Estado como se fossem seus.
Henrique Alves deu uma desculpa. Teria de se encontrar com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Por essa razão, pediu o avião da FAB. Como sobravam lugares no jato, deu carona para a parentela ir junto.
É um escárnio que o presidente da Câmara dos Deputados, que ocupa o terceiro cargo na hierarquia da República, tenha de se valer desse tipo de benefício público para desfrutar de um prazer privado.
Fosse a política brasileira já mais permeável a bons costumes, hoje seria instalado um processo na Câmara contra Henrique Alves pelo comportamento do último fim de semana.
Mas é evidente que nada vai acontecer. Pior: é capaz de o presidente da Câmara se dispor a devolver algum dinheiro por conta da viagem e a maioria no Congresso achar que isso basta.
Episódios com esse da parentela de Henrique Alves no avião da FAB servem para explicar a razão de tanta gente ter ido às ruas protestar contra tudo e contra todos. Mas as manifestações parecem não ter sido suficientes para que Henrique Alves entendesse que esse tipo de comportamento não é aceito pela maioria dos brasileiros.