Entidade petista ataca política econômica de Dilma e Levy
Fernando Rodrigues
Fundação Perseu Abramo critica taxa de juros e política ‘rentista’
Sem queda dos juros, “não é possível vislumbrar recuperação”
A Fundação Perseu Abramo, o “think tank” do PT, divulgou hoje uma dura análise sobre o estado da economia brasileira. Com o título “Produção industrial recua e lucro dos bancos cresce no Brasil”, o “Boletim de Conjuntura” da entidade condena a atual política econômica da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Assinado pelo economista Guilherme Mello, o boletim da FPA fornece dados objetivos sobre a produção industrial (recuou de 0,3% em junho) em contraste com o lucro dos bancos, que cresceu no segundo semestre de 2015.
“Na contramão” da recessão, diz o texto, os bancos tiveram um ótimo 2º trimestre. São citados, entre outros, o Itaú, que registrou crescimento de 22,1% no seu lucro (R$ 5,984 bilhões), e o Bradesco, cuja alta bateu em 18,4% (R$ 4,5 bilhões).
Em seguida, vem uma crítica acerba:
“A queda na produção industrial decorre do momento de profunda incerteza e recessão que o país atravessa”. Para o economista que escreve para a fundação do PT, a recessão é em parte causada “pela estratégia de ajuste fiscal e monetário do governo, que contribui também para o aumento do lucro das instituições financeiras”. Eis a imagem do comentário (clique para ampliar):
Para que o país volte a crescer, recomenda o texto da Fundação Perseu Abramo, é necessária uma “reversão do atual cenário de incertezas políticas e econômicas”.
Mas isso vai acontecer? “Não é possível vislumbrar uma possibilidade real de recuperação da atividade produtiva com a taxa básica de juros nos patamares atuais, que encarecem o crédito (tanto para consumidores, quanto para industriais) e limitam as possibilidades de investimento, ao estabelecer um patamar mínimo de rentabilidade fora de qualquer comparação internacional”.
A descrença continua assim: “A reversão deste quadro crescentemente ‘rentista’ da economia brasileira passará necessariamente por uma revisão da atual taxa de juros, o que desembocará em um debate sobre o regime de metas de inflação, como hoje o conhecemos”.