Banco Central pode ficar como está, diz Febraban
Fernando Rodrigues
O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Murilo Portugal, acha que o Banco Central tem um funcionamento apropriado e pode ficar como está, sem ampliação de sua autonomia como defendem alguns candidatos de oposição ao Palácio do Planalto.
Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da “Folha”, ele disse: “O Banco Central já funciona com independência operacional há bastante tempo. Atua de maneira adequada. Acho que está apropriado”.
O BC é a autoridade reguladora do mercado bancário. Mais autonomia para a autarquia representaria um risco para a indústria bancária.
Primeiro presidente profissional contratado para presidir a Febraban, Murilo Portugal, 65, está no cargo há três anos. Envolveu-se em uma polêmica com o governo federal no início do mandato da presidente Dilma Rousseff, quando os bancos reclamaram da pressão para que baixassem suas taxas de juros.
Sobre esse episódio, Portugal hoje fala pouco. O que ficou? “A importância de realmente trabalhar de uma maneira consistente, permanente, para a redução das taxas de juros e dos spreads bancários no Brasil. Os bancos são a favor disso”.
Indagado então sobre a razão de as taxas de juros cobradas pelo bancos continuarem elevadas, Portugal repetiu a explicação clássica da Febraban sobre os custos operacionais no Brasil serem mais altos do que em outros países.
O discurso da Febraban alinhou-se de uma vez ao do governo. Portugal diz que há um excesso de mau humor sobre a economia que não corresponde ao que se passa de fato no país.
O setor bancário estima para este ano um avanço de 13% a 14% no volume de crédito oferecido. Começa agora também uma fase de mais competição, com o vigor da portabilidade de dívidas de uma instituição para outra: o cliente poderá negociar juros menores e trocar de banco, tudo eletronicamente. Esse processo deve demorar dois dias, segundo Portugal.