Com sorte no STF, João Paulo patina em Osasco
Fernando Rodrigues
réu do mensalão quer ser prefeito, mas caiu 6,9 pontos de junho para agosto…
…adversário tucano subiu 5,9 pontos e pode vencer no 1º turno, diz pesquisa.
O deputado federal João Paulo Cunha (PT) teve uma vitória parcial hoje no Supremo Tribunal Federal com o voto do ministro Ricardo Lewandowski que o absolveu dos crimes de peculato e de corrupção passiva. Mas na política o réu do mensalão continua enfrentando dificuldades: sua candidatura a prefeito de Osasco vai mal.
De junho para agosto, João Paulo caiu 6,9 pontos percentuais, segundo o Sebram, que faz pesquisas de opinião em Osasco –cidade com 543.223 eleitores na região da Grande São Paulo. O principal adversário do petista, Celso Giglio (PSDB), cresceu 5,9 pontos e tem chance de vencer já no 1º turno.
Os números da pesquisa divulgada hoje (23.ago.2012) e da pesquisa de junho estão no quadro abaixo. O Blog disponibiliza também pesquisas de outros institutos em Osasco.
Na pesquisa divulgada hoje, realizada de 18 a 22.ago.2012, Giglio aparece como o preferido de 39,67% dos eleitores –percentual maior do que a soma de todos os outros candidatos, que é de 38,38%. Nesse caso, o tucano venceria já no 1º turno –embora exista aí um empate técnico do ponto de vista estatístico (a margem de erro do levantamento é de 4 pontos percentuais).
Se essa variação da margem de erro for a favor de João Paulo, o tucano Giglio pode cair até 35,67%. Nessa situação, haveria 2º turno e o petista teria uma sobrevida.
Caso perca a eleição, João Paulo verá o PT deixar o poder na cidade, o arquirrival PSDB assumir e Celso Giglio voltar ao poder (ele já governou Osasco quando era filiado ao PTB).
Os petistas venceram as eleições locais 2004 e em 2008 com Emídio de Souza. Osasco é uma cidade importante: é o 6º maior colégio eleitoral do Estado de São Paulo com seus 543,2 mil eleitores. Esse eleitorado equivale a 0,4% do total nacional –mais do que capitais como Aracaju, João Pessoa e Cuiabá.
Acusação
Antes de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República como participante do mensalão, João Paulo era cotado para disputar o governo de São Paulo pelo PT –desgastado pelo escândalo, a oportunidade foi enterrada.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, João Paulo teria recebido R$ 50 mil do dinheiro do mensalão para contratar uma das agências de Marcos Valério para prestar serviços para a Câmara –ele presidia a Casa na época. Sua defesa afirma que o dinheiro serviu para pagar uma pesquisa eleitoral e que o petista desconhecia a origem ilícita dos recursos.
O mais curioso nesse episódio é o fato de os R$ 50 mil terem sido sacados em dinheiro por ordem de João Paulo Cunha. Por que é necessário sacar R$ 50 mil em dinheiro em Brasília para pagar por uma pesquisa de opinião em São Paulo? Por que o dinheiro não foi enviado por meio de transferência bancária? Essas perguntas são difíceis de serem respondidas de maneira verossímil.