Dilma prepara cúpula global sobre internet no Brasil
Fernando Rodrigues
Presidente continua a surfar na onda do caso de espionagem dos Estados Unidos
Ideia é entrar no debate sobre internet, tema relevante entre eleitores jovens
A presidente Dilma Rousseff acertou hoje (9.out.2013) com a Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (Icann – Internet Corporation for Assigned Names and Numbers) a realização no Brasil de um encontro de cúpula mundial sobre como melhorar governança na internet.
O tema foi tratado por Dilma numa reunião com o principal dirigente da Ican, Fadi Chehadé.
Não está claro quando será essa reunião de cúpula (deve ser em abril de 2014) nem quem participará. Esses detalhes são menos relevantes.
Interessa a Dilma o saldo político dessa ação. A petista deseja manter o assunto em evidência pelo potencial de mídia positiva que espera receber por defender a proposta –pouco importa se os países que têm o controle dos principais “backbones” da internet vão aderir ou não.
Ocorre que o governo detectou que uma parcela grande do eleitorado (sobretudo jovens) sempre aprova quando a presidente fala contra a espionagem norte-americana no Brasil e a favor de regras mais claras na internet.
Há um grande desconhecimento das pessoas em geral sobre como funciona a internet –o senso comum é que ''só o governo'' tem poder para impedir espionagem, melhorar a velocidade do tráfego de dados e fazer da rede um lugar mais democrático.
Não por outro motivo foi arranjada essa reunião com Chehadé no Palácio do Planalto para tratar de ''governança da internet'' (uma expressão vaga e na qual cabem muitos conceitos diferentes). O chefe da Icann se dispôs, inclusive, a gravar um vídeo elogiando Dilma. A gravação cheia de de elogios à presidente do Brasil foi prontamente legendada para o português (o original é em inglês) e postada no Blog do Planalto.
p.s.: a Icann é uma corporação internacional sem fins lucrativos, mas subordinada ao governo dos Estados Unidos. A vinda de Chehadé ao Brasil para fazer elogios públicos a Dilma Rousseff é um certo afago da administração de Barack Obama –por conta do episódio de espionagem dos serviços secretos dos EUA. O custo para Obama desse tipo de ação é zero. Até porque o efeito prático também tende a ser nulo no que diz respeito a mudanças significativas no manejo da internet. Já para a presidente brasileira, o saldo de marketing sempre é positivo.