Desafio de Dilma é reverter desaprovação a seu governo
Fernando Rodrigues
Intenção de voto de quem já é governo é consequência direta de como o eleitor avalia a administração em curso. Por essa razão, o maior desafio de Dilma Rousseff nesta campanha é tentar reverter o mau humor que se instalou a seu respeito no país.
A pesquisa Ibope divulgada hoje (19.jun.2014) mostra que a presidente tem uma aprovação à sua administração menor (31%) do que sua taxa de intenção de votos (39%).
Isso ocorre porque entre os brasileiros que consideram o governo regular (34%) uma parcela diz pretender votar em Dilma. Mas é um risco depender do voto de quem apenas considere a administração federal regular –são pessoas que também podem ser convencidas pelos candidatos de oposição.
O que mais explica os 39% de intenção de voto em Dilma neste momento é talvez o percentual de 41% dos que dizem confiar na presidente. São percentuais quase idênticos. Mas é necessário registrar que em março eram 48% os que confiavam na petista –ou seja, ocorreu uma deterioração nesse indicador.
E há também os 43% que dizem hoje que não votariam em Dilma de jeito nenhum.
Para reverter a rejeição que parte do eleitorado expressa, Dilma tem aproveitado ao máximo a temporada de propagandas estatais. Quem chega hoje ao Brasil e liga a televisão não tem como escapar de propagandas do governo. A Petrobras inunda todas as redes de TV –ao assistir aos comerciais a impressão é que essa é a empresa petrolífera mais bem administrada do universo.
Essa facilidade acaba a partir de julho, quando a Lei Eleitoral proíbe o governo de fazer propagandas de autopromoção explícita.
A meta de Dilma é chegar em julho consolidada no patamar de 35% das intenções de voto e com sua popularidade estabilizada. É possível –mas ainda não é certo– que esse movimento esteja em curso. A equipe petista de pré-campanha identificou uma mudança de humor nos eleitores depois do início da Copa do Mundo. A aprovação ao Brasil hospedar o evento aumentou.
Mas há um deserto a ser atravessado, de julho até meados de agosto, quando começa a propaganda eleitoral em rádio e TV. São cerca de 45 dias. Esse é o maior enigma a ser decifrado pelos candidatos: proibidos de fazer propaganda nos meios eletrônicos nesse período, como farão para se apresentar aos eleitores.
Essa é também a janela de oportunidade para candidatos de oposição, como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), tentarem tirar um pouco da diferença que os separa de Dilma. Até porque a petista terá quase a metade do tempo de propaganda eleitoral e será difícil combatê-la depois que os comerciais começarem a ser transmitidos.