Alckmin omite Aécio em seu jingle de campanha em São Paulo
Fernando Rodrigues
No Rio, Lindberg, Crivella e Pezão também não citam Dilma; presidente só aparece na música de Garotinho
Campanha de 2014 está cheia de pequenas traições e omissões que ficam explícitas para quem ouve os jingles
O jingle da campanha à reeleição do governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, não menciona o nome do candidato de seu partido à Presidência da República, Aécio Neves.
A música tem 2 minutos e 20 segundos e define o paulista Alckmin como um “cara decente” que “sabe fazer”, sem nenhuma referência ao tucano mineiro que tenta chegar ao Planalto. Ouça abaixo:
A ausência de Aécio na música de Alckmin não é despropositada. O governador paulista dividiu seu palanque com Eduardo Campos, candidato do PSB a presidente, e já disse que terá “muita alegria” em fazer eventos de campanha ao lado do pessebista.
Há comitês compartilhados de Alckmin e Campos sendo inaugurados pelo Estado. O material de campanha defende o voto “Edualdo” –Eduardo presidente, Geraldo governador–, o que irrita o time de Aécio.
Já o petista Alexandre Padilha, também candidato em SP, hoje com apenas 4% das intenções de voto, afirma em seu jingle que “é de Lula e Dilma”. O ex-ministro da Saúde depende de seus padrinhos para conquistar pelo menos os eleitores fiéis ao PT no Estado. Paulo Skaf, candidato do PMDB ao Palácio dos Bandeirantes, com quem Dilma gostaria muito de compartilhar o palanque, não menciona a presidente na música-tema de sua campanha.
Minas Gerais
O caso paulista não é único. A campanha eleitoral de 2014 está cheia de pequenas traições e omissões que ficam explícitas para quem ouve os jingles de campanha pelos Estados.
Em Minas Gerais, 2º maior colégio eleitoral do país, Fernando Pimentel, candidato petista ao governo, também ignora Dilma em seu jingle. É que Aécio tem ampla vantagem sobre a presidente em seu Estado natal. Colar a imagem de Pimentel à da petista é pouco estratégico em termos eleitorais.
Já Pimenta da Veiga, nome tucano na disputa mineira, não esconde que está na mesma chapa que Aécio. Seu jingle diz: “Com Aécio e [Antonio] Anastasia [candidato do PSDB ao Senado], Minas dá o seu recado”.
Rio de Janeiro
Dilma também foi “esquecida” na música do candidato de seu partido ao governo do Rio, Lindberg Farias. O senador petista não é o nome preferido da presidente no Estado –ela prioriza o apoio à reeleição do governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB, que compõe sua base aliada. Só que Pezão tampouco se lembrou de incluir o nome de Dilma em sua música de campanha no Rio, que é o 3º maior colégio eleitoral do país.
O jingle de Lindberg tem 1 minuto e 30 segundos. Lembra que o senador foi ''cara pintada'' na época do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, “cresceu junto com a nação”, e hoje é um “homem de ideias” que “traz a solução”. Sem nenhuma referência a Dilma.
A presença de Romário, do PSB, como candidato ao Senado na chapa de Lindberg contribui para o estranhamento entre o petista e a presidente. Romário não tem poupado Dilma de suas críticas.
Outro candidato ao governo fluminense filiado a um partido que apoia Dilma é Marcelo Crivella, do PRB. Mas ele também prefere omitir a petista de sua música de campanha. No Rio, apenas Anthony Garotinho, candidato do PR, cita Dilma em sua música: “O meu voto é consciente, 22 governador [número do PR na urna], e Dilma para presidente”.
Bahia
Na Bahia, o petista Rui Costa, hoje com 8% das intenções de voto nas pesquisas, explora em seu jingle que está com “Dilma presidente”. Entre os principais candidatos no 4º maior colégio eleitoral do país, é o único que menciona o seu nome ao Planalto.
Paulo Souto (DEM), que integra a coligação de Aécio Neves, não cita o tucano. Lídice da Mata (PSB) também ignora Eduardo Campos em sua música.