Dilma, Marina e Aécio vão a reboque do conservadorismo do brasileiro
Fernando Rodrigues
Candidatos seguem posições majoritárias do eleitor sobre aborto e maconha
Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), os 3 principais candidatos à Presidência, concordam em 2 pontos polêmicos. Não querem mexer nas regras sobre aborto e drogas. Uma razão matemática opera por trás dessa unanimidade: a imensa maioria dos brasileiros é conservadora nesses temas.
Pesquisa da agência Hello Research feita com 1.000 pessoas em 17 de agosto a 2 de setembro aponta que o eleitor não apoia iniciativas liberais sobre os 2 assuntos. Entre os entrevistados, 85% são contrários à legalização do aborto e 72% à descriminalização da maconha. Dilma, Marina e Aécio nadam no mesmo sentido da corrente.
Essa confluência conservadora dos 3 candidatos não se repete quando o assunto é redução da maioridade penal. Segundo a pesquisa da Hello Research, 83% dos entrevistados querem reduzir a maioridade para 16 anos. Apesar da maioria estrondosa, Dilma e Marina são contra mudanças na lei. Já Aécio defende que maiores de 16 anos envolvidos em crimes graves sejam punidos como adultos (tabela abaixo).
A criminalização do aborto, no Brasil, é uma lei pouco respeitada. O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde estima que ocorram 800 mil interrupções provocadas de gravidez por ano no país. Segundo o jornal “O Globo”, em 20 Estados há hoje um total de 4 mulheres presas por terem abortado —3 no Paraná e 1 em Minas Gerais. Infográfico publicado pelo jornal britânico “The Guardian” na 4ª feira (1º.out.2014) mostra que o Brasil é um dos países mais atrasados do mundo no quesito.
Experiências com descriminalização ou legalização da maconha têm avançado no continente. No Uruguai, a venda da droga em farmácias começa em 2015, e em 37 Estados norte-americanos a maconha já foi liberada para uso médico ou recreativo. No Brasil, a depender dos políticos com maior força eleitoral, medidas nesse sentido devem demorar a ocorrer.
Os resultados da pesquisa Hello Research são semelhantes aos apurados em levantamentos recentes do Ibope e do Datafolha.
(Bruno Lupion)