Dilma teria de demitir toda a diretoria da Petrobras, diz Eduardo Cunha
Fernando Rodrigues
A presidente Dilma Rousseff cometeu muitos erros políticos em seu governo e por essa razão sofre agora as consequências na campanha pela reeleição. Por exemplo, a petista teria de ter demitido a diretoria inteira da Petrobras quando começaram a surgir as acusações de corrupção dentro da estatal, diz o líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro. Dá tempo ainda? ''Agora é inócuo'', responde ele.
Aos 56 anos e prestes a iniciar seu quarto mandato consecutivo de deputado, Cunha é pré-candidato a presidente da Câmara em 2015. Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da ''Folha'', ele afirmou que a eleição presidencial está muito ''dura'' para Dilma, que pareceu ''nervosa'' no debate da terça-feira (14) na TV Bandeirantes. Aécio Neves (PSDB) ''estava mais à vontade''.
O peemedebista acredita que em 2015 deve ser instalada uma nova CPI da Petrobras. A depender do andamento, devem ocorrer cassações de mandato de congressistas. Para a presidente, se reeleita, será um momento complicado. Se não mudar sua forma de fazer política, seu segundo governo ''certamente será pior'', avalia o deputado. ''Pior e pode terminar bem mais isolada do que começou''.
O possível futuro presidente da Câmara não esconde um certo ressentimento do PT e de Dilma, com quem sempre teve uma relação conflituosa. Para Cunha, o PT usou PMDB apenas ''para um aluguel de tempo de TV''. Foi humilhante? Ele responde que sim.
Se Aécio Neves for eleito presidente, o PMDB terá alterações no seu poder interno. Michel Temer, atual presidente nacional da legenda, ''dificilmente terá condição política de conduzir'' o eventual processo de realinhamento do partido ao governo tucano.
Outro assunto para 2015: a reação do Congresso quando o STF (Supremo Tribunal Federal) finalizar o julgamento que deve proibir a doação de empresas para partidos e políticos em campanha. Com o fim dessa modalidade de financiamento, Cunha prevê uma explosão do uso do caixa dois e imagina um desfecho eloquente: ''Vamos mudar o Congresso para a Papuda''. A Papuda é a penitenciária de Brasília.
Diferentemente do que estava sendo anunciado nos últimos dias, a bancada do PMDB não deve fazer uma manifestação pública de apoio à candidatura de Aécio Neves. Exceto manifestações individuais, diz Cunha, que estima uma divisão ao meio dos 66 deputados eleitos pela legenda –hoje, seriam 33 pró-Dilma e 33 a favor de Aécio.